Talvez por que eu seja de uma epoca diferente,um cara nascido em pleno reinado hippie ,que respirou os ares de woodstock, easy rider, minha cultura veio da era do vinil.
Quando adolescente garimpava discos pelos sebos empoeirados de Porto Alegre e aquele era o meu maior barato , pegar um vale do trampo e no sabado correr pro centro da capital atras de reliquias ou discos que completassem coleções de bandas...sei lá,talvez essa nova geração não faça ideia do que seja isso e do que isso refina nossa mente , afinal hoje é diferente, o canal é baixar discos de graça pela internet ,o cara bota pra downloadiar 100 discos por mes e se escuta 5 deles é muito,o canal hoje é simplesmente ter tudo em trocentos gigas de espaço pra apenas dizer que tem,não há experiencia nisso,não há o "degustar" , na minha epoca tinha.
A chegada do cd bagunçou o coreto ,fez com que muita gente,inclusive eu trocasse tudo q tinha por um novo catalogo em disc laser até eu entender que tinha escrito IDIOTA bem grande na minha testa, ora bolas, refiz todas minhas coleções de bandas prediletas e quando achava q tava legal vinham as gravadoras com outra jogada pra sugar o comprador , e ae inventaram o cd masterizado , fazendo com que o lance fosse comprar tudo de novo e depois , como se não bastasse inventaram o cd masterizado com dezenas de faixas bonus nos deixando sem alternativas senão readquirir todo catalogo de novo , chegou num ponto em que a saida mesmo era baixar os discos , por não haver mais grana pra sustentar nosso hobbie sonoro, acabando de vez com a magia de um disco.
Certa vez fui visistar o Beto Bruno ,da Cachorro Grande e ali vi a sala de som do cara , repleta de discos de vinil novissimos e um puta sistema de som ,i percebi que estava enganado quanto a "morte" do disco de vinil.
Havia um mercado vivo e crescente renascendo,um interesse que na verdade jamais tinha acabado, só mantinha-se invisivel a quem não manifestasse interesse .
A partir daquele momento alguns amigos começaram a sacar essa realidade e volta e meia me anunciavam a compra de alguns classicos em vinil , o que me deixava na maior fissura de fazer renascer aquele interesse novamente.
Comecei a perceber que as lojas especializadas passaram a trocar mostruarios de cds por vinis importados lindaços e aquilo foi o estopim para que eu decretasse voltar ao vinil e assim o fiz.
De alguns meses pra cá comecei a pesquisar por aparelhos, receivers , discos usados e novos e vi que o barato começava a tomar vida(há um arsenal de coisas na internet ,troquei o aparelho de cd por um prato technics usado, um receiver potente usado, mas ambos acessiveis ao bolso e recomecei a garimpar discos de vinil pela cidade e pela internet e nessas eu comecei a adquirir tudo que havia sentido pra mim , assim como comprar tb que lançamentos recentes como o disco da Wolfmother.
Foi a melhor sacada que tive e nessas venho descolando discos maravilhosos como a versão tripla de Who Next do The Who , a versão dupla de Sell Out tb do The Who , Pet Sounds do Beach Boys, Odessey Oracle dos Zombies e ainda achar discaços como Sargent Peppers e Abbey road por valores que vão de 15 a 20 pilas ,com 100 reais o cara volta com uma porrada de discos classicos embaixo do braço e pelo que vejo a procura é cada vez maior e as materias cada vez mais constantes em jornais , revistas e materias online por ae, o vinil voltou , ou melhor o reinteresse nele voltou e isso causa uma sensação de revalorização do disco , da banda , do que melhor foi feito na historia da musica ,do rock.
Lá fora, na compra de um vinil o comprador ganha uma senha para que o disco seja baixado gratuitamente , um lance bacana, afinal ,depois da invenção do mp3 facilita que o cara ouça seus sons prediletos andando por ae na rua ,uma alternativa ao estrago feito pela ambição das multinacionais,mega lojas como a livraria cultura já ostenta prateleiras dedicada a vinis de deixar qualquer um babando e não tem esse papo de qualidade inferior, o vinil é colossal quando o som é bom é só o cara pesquisar antes de investir e ser cuidadoso com essas verdadeiras obra-primas .
Bom, sei lá, uns dizem que é delirio meu, mas acho que o mercado deveria apostar nesse ainda pequeno mas significativo fenomeno porque pode revitalizar o comercio musical que anda quebrando bandas , gravadoras e lojas , pode ser nostalgia minha , mas esse pessoal que anda revalorizando a musica atraves do retorno as compras de vinil são aqueles que realmente admiram as bandas que gostam, aqueles que realmente a merecem.