quarta-feira, 18 de novembro de 2009

EXPLOITED - INFERNO CLUB , SÃO PAULO - UM DIA DE ENCONTRO A FÚRIA



Sampa ,14 de Novembro de 2009 ,algo muito louco estava para acontecer....

A gente seguiu rumo a Rua Augusta prontos a presenciar algo que estava além do alcance da nossa imaginação ,afinal não se tratava de assistir ao show de uma banda da nova geração que agregou valores menos viscerais em sua trajetória, o que iríamos ver eram os The Exploited , 30 anos de estrada e historia no movimento punk e no caminho de ida íamos lembrando a importancia das atitudes que o vocalista Wattie Buchan tem em torno de sua trajetoria como o primeiro cara a assumir o corte moicano (dividindo os louros com a Wendy O’Williams do Plasmatics),que pelas décadas depois virararia um símbolo de um movimento e de toda uma geração de protesto sonoro e é impossível não levar em conta também que dentro de poucos instantes presenciaríamos uma banda que fez parte de uma leva antológica de bandas punks do reino unido como The Clash, Sex Pistols, GBH, Chaos UK, Varukers, One Way System, UK Subs,Vice Squad, Crass, The Adicts, Discharge entre outras bandas.
Uma trajetória que iniciou de maneira chocante ,com o uso de suásticas , apontados inicialmente como skin heads ,como mentora do movimento oi! , mas que ao longo da estrada sofreu uma mutação fenomenal amadurecendo com um discurso em letras contrarias ao racismo, ao nazismo e a intolerância justamente o grande ponto que os tornou mundialmente respeitados e fato que ao meu ver os torna tão importantes quanto os Dead Kennedys e seu líder Jello Biafra tiveram na musica .
Caminhando pela calçada da Augusta, lotada de punks (muitos deles heróis de toda uma geração nacional das antigas e tambem das atuais) e outras de variados estilos estamos prestes a embarcar no Inferno Club ,que já mostrava, na frente do bar, que o point ia literalmente ferver como um caldeirão e a essas alturas a imagem da capa do disco” Let’s start a war” era a única coisa que não me saia da cabeça ,a caveira com o moicano que ao meu ver representa o símbolo inesquecivel e eterno da banda.
Entramos com um certo atraso, ja no show de abertura da Agrotóxico ( uma lenda no punk rock nacional), aprovados com unanimidade entre o publico ,que aquela altura já parecia que iria explodir o local de tanta gente.
Não demorou muito para que encima do palco estivessem em carne e osso as impactantes figuras de Willie Buchan, bateria, Irish Rob, baixo, Gav, guitarra e o líder, vocalista e lendário Wattie Buchan, com aquele puta moicano cor de rosa, fuzilando já de prima a clássica “Let’s Start A War..., fazendo o Inferno explodir ,naquele momento já deu para sentir a presença inigualável de seu front man, ah...se todo punk,ou metido a punk de hoje em dia tivesse um por cento da atitude desse cara ,que agitou sem parar um segundo como a propria fúria em pessoa e o carisma também o cara simplesmente arrebentou , deu com o microfone na cabeça varias vezes, conectou-se com o feed back de seu publico de maneira colossal , os olhos vidrados...não dá para descrever em palavras....
O show desfilou clássicos como “Dogs Of War”, “The Massacre”, “Chaos In My Life”, “Troops Of Tomorrow”, “Cop Cars”, “Beat The Bastards”, “Army Life”, “Fuck The System” e a aclamadissima “Fuck The USA” fechando a primeira parte .
Depois de um verdadeiro massacre sonoro e de autentica atitude punk a banda volta para um biz com direito a participação da ex Okoto “Cherry” ,na execução do hit “Sex and Violence” e encerra com a esperada “Punks not dead” do primeiro álbum da banda ,deixando todos da platéia atônitos ,eufóricos e cientes de que viram um momento histórico diante de seus olhos.
Parabéns pela equipe da Ataque Frontal e do Inferno Club (que nos receberam com toda atenção ) que estão apostando em bandas que talvez ninguém encarasse trazer , provando que atitude é tudo nesse Brasil que carece de cultura para cuspir na estrutura.

Renato e Beta (colaboradores da MarkaDiabo em São Paulo).

domingo, 15 de novembro de 2009

SABONETES -POP NOVO PRONTO PARA UMA NOVA GERAÇÃO





Os paranaenses do Sabonetes fazem parte de um grupo de bandas que bem poderiam ajudar a mudar o atual cenario pop rock nacional dando um salto para o alto escalão ,o rock feito por eles é carregado de modernidade ,energia e alegria na medida certa para isso.
O clipe genial de "Quando ela tira o vestido" já está lá no disc mtv , o que já é sinal de que o que digo faz sentido ,a gente fica aqui na torcida e conta para voces um pouco da historia da banda num papo que tive com o guitarrista Wonder ,gente finissima.

Nino-Como vocês definem esse conceito de serem uma banda “muito alternativa para o pop e muito pop para o alternativo”?
Essa é a definição. Rs. Na verdade é só uma brincadeira com uma característica que a gente percebeu em nós mesmos. Estamos em um limbo que, acreditamos, pode agregar para aos dois lados.


Nino- A banda nasceu em 2004 , primeiro com o intuito de tocar em festas da faculdade já que todos faziam comunicação na época , de repente começaram a ultrapassar o lado que dividia uma banda em inicio para algo que começou a chamar a atenção mais amplamente ,quando vocês começaram a perceber isso?

Wonder-compusemos algumas canções, gravamos caseiramente e disponibilizamos na internet. Nas primeiras festas depois que colocamos essas músicas na internet o pessoal já começou a pedir as músicas no show, uma receptividade muito boa. E isso foi crescendo à medida em que íamos tocando nos bares de Curitiba. Foi o que nos chamou a atenção para essa possibilidade.

Nino- Como era a Sabonetes nestes shows que vocês faziam para festas da faculdade?

Wonder-Quatro amigos que estavam ali pela diversão e bebida gratuita. É a grande vantagem de ter uma banda na faculdade.

Nino- Percebo um trabalho genial da banda em relação ao uso da internet para se divulgarem,como o esquema de postar vídeos feitos por vocês,com muita originalidade para anunciar a agenda da banda no you tube ,além do perfil criado no my space , quais os passos que vocês consideram essenciais para desenvolver e fazer funcionar a meta do reconhecimento dessas idéias online?

Wonder-Na mídia tradicional propaga-se de tudo, só é necessário o investimento. Na internet só se propaga o que é original, o que acrescenta algo de bom à pessoa e que vai fazê-la repassar esse conteúdo para algum amigo ou retornar ao seu site em busca de mais daquilo. É o que a gente busca fazer, seja nas videoagendas, ou no próprio clipe, que produzimos nós mesmos. Gerar coisas boas para as pessoas, seja uma sensação, um sentimento ou uma boa risada.

Nino- Quais bandas vocês consideram influencia direta no trampo de vocês?

Wonder-Primeiramente os Beatles. Acho que eles inventaram essa profissão. E depois, tudo o que a gente escuta, assiste, lê, influencia também. Cada um escuta coisas diferentes em momentos diferentes. Stones, 80s, indie rock. Essa semana fui ao show do Gogol Bordello e saí embasbacado. Coisas assim marcam seu pensamento artístico.

Nino-Passa um histórico da banda para nós,das demos até os materiais lançados?

Wonder-Nossa primeira demo foi lançada em 2006. Eram quatro músicas que gravamos no estúdio caseiro de nosso amigo Carlinhos. Depois veio o EP Descontrolada, em maio de 2008. E agora, já contabilizando alguns meses de atraso, estamos pra lançar nosso primeiro disco. Algumas músicas já podem ser ouvidas no nosso myspace.com/sabonetes

Nino- O reconhecimento começou todo em Curitiba,uma cidade com histórico de grandes bandas e um cenário muito autentico ,como foi curtir esse momento de sucesso dentro da cidade de vocês?

Wonder-Mais do que um histórico, a cidade tem também um momento de grandes bandas. Ótimos e heterogêneos artistas estão produzindo por lá. Desde Charme Chulo, Koti, ruído/mm, Banda Gentileza, até o destacado Copacabana. Sem dúvidas fazer parte disso é uma alegria para a gente.

Nino- Comentem um pouco sobre as participações da banda nos grandes festivais do país, programas legais de tv ,matérias bacanas em meios de divulgação, coisas que vocês consideraram grandes conquistas paras Os Sabonetes?

Wonder-A gente sempre foi conseguindo nosso espaço aos poucos. Devagar passamos dos bares para alguns programas de TV em Curitiba, tocamos em um mini festival em São Paulo, que foi chamado de Curitiba vai pro Inferno, participamos de um grande festival no interior de Santa Maria, o Macondo. Recentemente tocamos ao vivo no Acesso MTV, que gerou uma ótima recepção do público, e agora estamos com um clipe, feito em casa por nós mesmo, rolando na programação da emissora. Essa, sem dúvida, foi uma grande conquista.

Nino- E como rolou essa oportunidade de serem produzidos pelo Tomás Magno no lendário estúdio da Toca do bandido somando a experiência que a estrada trouxe com a mente de um cara como o Tomás ,que lições vocês tiram dessas vivencias ?

Wonder-Conhecemos o Tomás através do Dary Jr que teve um álbum de sua banda, o Terminal Guadalupe, produzido por ele. Trabalhamos com ele no EP e ele acrescentou muito à visão que temos nossa própria música. Por isso decidimos gravar o primeiro disco com ele também.

Nino- Vocês concordam com o rotulo de uma banda disco punk?

Wonder-Algumas músicas tem essa característica, mas acho que o álbum abre mais esse leque.

Nino- O que mudou na vida de vocês desde que começaram a conquistar espaço na cena underground ?

Wonder-A gente agora tem que evitar andar por aí na rua, em shoppings ou locais públicos. Mas é pela gripe suína mesmo.

Nino- Como está sendo a repercussão desses shows que voces tem feito por vários estados ?

Wonder-Sem dúvidas muito boa. Acho que conseguimos conquistar os ouvidos mais atentos nos shows e isso agrega muito.

Nino- Na opinião de vocês quais as bandas mais legais no brasil atualmente?

Wonder-Pública, Sugar Kane, Móveis, Copacabana, Paris Dakar, Otto, Nação, Charme Chulo, Vanguart, Gentileza, Naked girls and airplanes, Nevilton, Vivendo do ócio. Pelo menos são as que a gente tem escutado ultimamante.

Nino- No lance do rock nacional ,que hoje enfrenta uma certa crise ,por falta de apoio de rádios maiores ,gravadoras que não apostam mais em novidades ,a queda das vendagens de cd e a sensível diminuição de contratantes apostando em novas bandas autorais ,o que durante a década de 90 foi justamente o contrario disso,qual a visão que vocês tem sobre essa questão ? É algo que já está sendo mais tranqüilo de contornar ou vocês ainda vêem dificuldades em lidar com um espaço que poderia ser muito maior se olharmos o imenso potencial de muitas bandas de rock no país quando que para o “grande publico” a imagem de “rock brasileiro ” aqui acaba diluída em três ou quatro bandas expostas dentro de um esquema que envolve muita grana no negocio?

Wonder-Puxa, que pergunta enorme! Rs. Podemos começar pelo ‘grande público’. Ele está acabando. Cada pessoa hoje tem meios para ir atrás do que interessa a ela, customizando o seu próprio gosto. Isso está gerando nichos e diminuindo o espaço daqueles que trabalham visando à massa. Ela ainda existe, mas acho que as novas bandas tem de esquecer a década de 90 e aprender a lidar com os novos tempos. Já dizia Darwin, fica quem consegue se adaptar ao meio.

Nino- Outra questão que acaba sempre em polemica é a da internet em relação aos downloads e essa eterna briga pelo controle das majors ,muitas bandas apóiam ,muitas são completamente contra,mas analisando o fato de que muita banda nova,que poderia nunca ter fechado contrato com uma grande gravadora mesmo hoje como no passado a internet é um grande meio de propagação e propulsão ao reconhecimento ,na opinião dos Sabonetes,qual o lado bom e o lado ruim do surgimento dessa ferramenta chamada internet?

Wonder-Eu não vejo lado ruim. Não é pior e, se preferir, nem melhor. É diferente. E se as bandas tem que se adaptar aos novos tempos, as majors também tem. Eu já falei de Darwin? Não adianta dar murro em ponta de faca, o compartilhamento de mídia é irreversível. O que deve ser vendido agora é a experiência intensa de um show, a emoção de ter um material exclusivo e super produzido da banda que você admira, trabalhar com o intangível, com o que não pode ser copiado.

Nino- Bom, e os próximos planos ?
Wonder-Lançar o disco, lançar o disco e lançar o disco. Gostamos muito dele e não vejo a hora de as pessoas todas poderem escutá-lo também.

Nino- Agora,minha clássica pergunta final,se vocês pudessem voltar ou avançar no tempo e tivessem a possibilidade de escolher tocar com mais cincos bandas de todas as épocas num mesmo palco,que bandas seriam essas?

Wonder-A gente tocaria com John, Paul, George e Ringo. Cinco vezes.

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