sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PoisonGod - Violencia extrema de Ideologia social positiva, Welcome to the new government...





Espírito santo , conhecida como a terra de Roberto Carlos ,terra que concebeu o rei ,mas que abriga muito mais que lendas que deixaram o lugar para sempre .
Nas andanças virtuais que tenho percorrido feito louco na fissura de mostrar o que vem sendo feito de mais interessante dentro do panorama rock brasileiro nos últimos anos me deparei com uma banda que literalmente explodiu os meus miolos, um quinteto metallico explosivo ,uma verdadeira granada de pino solto chamada PoisonGod .
A partir daí foram varias e varias audições com o fone no maximo executando as musicas do disco Daemoncracy ,sacando a ideologia dos caras,a qualidade musical ,o equilibrio de idéias ,o poder sonoro impactante,o projeto gráfico sensacional e me perguntando como esses caras ainda não estão mundo a fora levantando multidões nos grandes festivais e palcos direcionados ao infinito publico admirador da musica pesada?
Confesso que passei horas pensando no que perguntar a esses caras ,afinal ,trata-se de uma banda “cerebral” ,que tem um conceito calçado em temas polêmicos e de importância mundial para um questionamento importantíssimo de cunho ideológico para a humanidade moldada pelas regras do poder ,aconselho que leiam com atenção por que dificilmente encontrarei uma outra chance de poder me aprofundar com tanto fascínio dentro da mente de uma banda como a PoisonGod .
Absorvam ,baixem o disco gratuito disponível no site da banda ,ouçam os sons no my space dos caras e façam parte dessa revolução ,ufa,vamos lá que o papo aqui é sério ,urgente e esse pessoal realmente não brinca em serviço.
O papo rolou com o vocalista Ricardo e o guitarrista Marlon,gente finíssimas,por sinal.


A Poisongod ,parece ter saído de uma fornalha que conecta o passado de encontro ao futuro ,quais bandas entre esses dois elos mais influenciaram voces?

Marlon: Nosso foco é justamente concretizar essa conexão dos elos. Nossa formação “acadêmica” está fincada na invasão metálica mundial dos anos 80, mas independente disso sempre estivemos ansiosos a descobrir novos sons e direcionamentos. Essa mentalidade “aberta” nos ajudou a assimilar as mudanças de lá pra cá e provou que o metal “old school” pode sim sofrer “upgrades” sem perder sua essência e beleza. Exemplos? Slayer, Lamb of God, Destruction, Nevermore, Forbidden, Hatesphere...

Ricardo: Sua observação é bastante pertinente. Nosso propósito sempre foi produzir um material que apontasse para uma nova direção. Nós entendemos que o Metal, a música, as artes precisam evoluir constantemente e se libertar do ciclo das repetições.
Todos os clássicos do passado já foram – obviamente – concebidos. Pra que eu iria querer gravar um “outro” “Master Of Puppets” se o “original” já é impecável? Preferimos criar algo novo e elevar o nível do debate a sermos cópias dos nossos ídolos.
Quanto às influências, eu sempre fui um grande admirador das vozes de Vladimir Korg (Chakal), John Tardy (Obituary), Jeff Walker (Carcass), Mille Petrozza (Kreator) e Schimier (Destruction). Mas gosto também de artistas de outras esferas como Dave Gahan (Depeche Mode) que é um puta frontman, talvez o melhor.


O conteúdo das letras retratam o lado negro do poder e da opressão de regimes totalitarios que oprimem e espalham a cultura do medo e da violencia desmedida na população ,na real é um tema que se estende a todos os cantos desde a corrupção brasileira até a hipocrisia religiosa ,fale um pouco mais sobre esse tema tão importante e de necessidade urgente de compreensão .

Ricardo: Primeiro é importante compreender que só existe poder porque nós o legitimamos. Nós entregamos nossas vidas e o desenrolar dos nossos dias nas mãos de terceiros. Você fala em “lado negro do poder”, mas minha mente insana não enxerga outro lado, o que seria o “lado branco”. Pra mim só existe este lado negro, porque no momento em que aceitamos, que nos subordinamos à vontade de terceiros nós decretamos de certa forma a morte do nosso “eu”.
Estes regimes opressores que escravizaram e escravizam a humanidade, alienam o debate, roubam nossa energia, nossas ambições. Eles se alimentam do vazio que o passar dos dias, semanas, meses e anos nos impõem. As pessoas gastam 30% de suas fudidas vidas na frente de uma porra de aparelho de TV. Gostaria de saber qual método de alienação em massa mundial fora mais eficaz em toda história.
O Brasil é um país sem esperança. O mundo o é também. Você talvez enxergue ainda alguma luz em algum lugar remoto. Eu não. Os valores caíram. O mundo está em colapso. Não há esperança alguma.



Vocês citam o genial V de vingança, algo que também me faz muito a cabeça , o que essa fantástica série de Alan moore desperta em vocês?

Marlon: Acho que o termo fantástico ainda é pouco sobre o que relata essa história de Alan Moore. O inconformismo com o regime imposto, o ideal como carapaça intransponível, e as idéias que se constituem como armas contra tudo que oprime o povo são os pontos que mais me chamam a atenção. Realmente imperdível!!

Ricardo: Eu gosto tanto desta história que toda vez que a cito os pêlos do meu braço se arrepiam! Alan Moore é um visionário. Ele tentou avisar ao mundo através de sua graphic novel que algo errado estava acontecendo. Que nós estávamos entregando o controle das nossas vidas nas mãos de políticos desonestos e pregadores sujos. Ele anteviu o colapso que citei anteriormente.
Um aspecto importante nesta obra é que ela aborda também o desprezo que a sociedade e os governos têm pelas minorias. Artistas, pensadores, liberais de toda sorte. É preciso respeitar as minorias e o direito que cada um tem de escolher. O mundo é feito de escolhas. Há boas e ruins. Mas ainda é melhor que nós mesmos façamos as nossas, ao invés de escolherem por nós.
O Filme também ficou fantástico, apesar de Alan Moore não gostar. Mas ele considera a melhor adaptação de um de seus trabalhos para o cinema, o que não é pouco em se tratando do humor do homem.
Engraçado que pouca gente sabe que o filme foi cortado de várias salas de cinema em todo o mundo na época do lançamento. Mas os controladores de mentes falharam, pois a mensagem chegou.

O regime fascista retratado em V for vendetta que expoe controle absoluto do poder sobre a mídia transformando a humanidade num legitimo campo de concentração pode muito bem ser aplicado ao mundo de hoje onde somos regidos por grandes corporações que atingem inclusive a cultura musical que nos é ditada por base no que eles querem que seja consumido ,fale um pouco sobre isso.

Marlon: Os alicerces culturais do nosso país são muito frágeis. Não temos uma cultura forte o bastante pra combater esse bombardeio diário arremessado pela mídia através de nossos olhos, ouvidos e boca. Uma cultura forte precisa de educação forte, alimentação, oportunidades e lazer idem para fortalecer o crescimento de uma população ativamente pensativa. A realidade de hoje é justamente o contraponto disso. Um povo que consome tudo que vem empacotado da mídia indiferente ao seu conteúdo. Já dizia o Metallica... “Sad but true”.

Ricardo: A arte livre só subsiste nos guetos, nas resistências, naqueles que se opoem em se entregar à mesmice. E, por outro lado, é difícil julgar a inclinação cultural de um povo privado de comida, educação,segurança, saneamento básico, saúde e respeito aos idosos. Quem vai se preocupar com arte numa realidade destas? O povo está preocupado em botar comida na mesa para seus filhos e orando para que eles retornem vivos para seus lares no final do dia.
O Estado gosta desta situação. Um povo alienado é muito mais fácil de controlar. A ignorância prevê limites estreitos e expectativas curtas.

Como é viver a banda com tanta expectativa sabendo que há um imenso poder na mensagem e sonoridade de vocês em um país que vende bundas a granel e celebridades fabricadas da noite para o dia que nem sequer possuem um pingo de cérebro ?

Marlon: Infelizmente ás vezes acabamos entrando no mesmo “pacote”. Cabe a cada um dos “bombardeados” selecionar o que há de valia e descartar o restante. Pena que não são todos que fazem. A internet hoje é um ícone da independência pessoal, pois lhe dá a liberdade pra escolher o que consumir. Nós estamos ali, é só clicar. Com essa ferramenta na mão, todos têm um poder ilimitado. É só saber usar.

Ricardo: Quando escrevo as letras do PoisonGod não me preocupo com a multidão de alienados, mas com os desobedientes, os desordeiros, a resistência. Se um destes gostar do nosso trabalho, já serei um cara mais feliz.

Que regime seria o ideal para nossa humanidade?

Marlon: Regime do “Pau e Pedra”. Só começando do zero de novo poderíamos ter a chance de um futuro melhor. Sendo sincero pra vc, após o condicionamento escravo do ser humano sob a sombra do dinheiro e a ganância de cada vez consegui-lo mais e mais, não vejo nada de otimismo daqui pra frente. Inclusive este será o foco do próximo álbum do PoisonGod. A falência da concepção do “ser humano” através de suas fraquezas, ambições, etc... É um assunto tão amplo que poderíamos fazer uma seqüência de álbuns duplos!!!

Ricardo: Respeito e Honestidade seria um bom começo. Mas atingimos um nível em que não há mais volta. Somos vigilantes passivos do nosso próprio destino. O importante é cada um de nós tentar promover o bem e as coisas positivas, protegendo ao menos os que estão à nossa volta.


Qual a opinião de vocês sobre a vitória de Barack obama?

Marlon: A história de um negro chegando ao maior posto político dos EUA na Casa Branca mostra que o americano enfim está mudando a sua mentalidade sobre sua soberania comercial e tecnológica mundial, sobre sua segurança instransponível e sua economia infalível. Eles precisaram rever seus conceitos de superioridade e elegeram Obama como a figura capaz de reverter o jogo. Se vai dar certo? Aí o buraco é mais embaixo.

Ricardo: Muitíssimo importante por apontar uma quebra de paradigmas ímpar na história política recente. Um negro no comando da maior nação global é uma vitória espetacular das minorias e um chute na cara da elite branca tradicional daquele país.
Não acredito em mudanças políticas profundas que interfiram numa esfera mundial, mas a eleição de Obama, por si só, já é algo espetacular.


O fenômeno flight 666 que varreu o Brasil ,e culminou no show de maior publico da banda em todos os tempos,em São Paulo, demonstra que o metal é um estilo popular além do normal ,sem contar shows de bandas que não possuem tanta fama mas que lotam locais de shows nas capitais nacionais ,na visão de vocês o que falta para o metal de qualidade ser reconhecido no Brasil,ser levado mais a sério?

Ricardo: Eu vejo pessoas muito bem intencionadas. Mas de boas intenções o inferno está cheio! O que falta é o que falta a todos nós: Dinheiro. A vida está muito difícil para todos. Graças a nossos líderes estamos enfrentando dias reconhecidamente como os piores de todos os tempos no aspecto financeiro global.
Também citam muito o mesmo nacional, coisa e tal, mas, desculpem se soar grosseiro, mas a verdade é que vejo muito poucas bandas com potencial para explodirem de fato.
Ter habilidade e bom equipamento é um bom começo. Mas é importante ter comprometimento, empenho e estar disposto a “jogar o jogo” olhar a banda como porta voz de uma idéia, definir prioridades e propostas.
O que vejo muitas vezes é uma legião de camisas pretas fazendo barulho e não chegando a lugar algum.



Como tratar essa alienação mental no país ?

Marlon: É exatamente o que disse anteriormente sobre a questão cultural. A falta dos quesitos básicos para uma cultura e opinião própria fortes.

Ricardo: Educação é o alicerce de toda nação desenvolvida.


No filme rede de intrigas de 1976 ,o personagem Howard Beale após ser afastado de seu programa de noticias resolve ameaçar suicídio ao vivo ,levantando o ibope da emissora e insano torna-se uma espécie de profeta cada vez mais popular e ao mesmo tempo desencadeia um temor ameaçador as mentiras das telecomunicações,o filme é um exemplo brilhante na historia do cinema sobre o universo falso por tras do mundo das noticias ,uma verdade absoluta de algo que pode tanto construir a fama de alguém,eleger um presidente ,derruba-lo ou denegrir a imagem de uma uma pessoa para sempre,na opinião do poisongod a tv é um meio que pode já estar sendo ameaçado pela internet?

Marlon: Claro que sim! A internet é uma tecnologia inteligente alheia a TV. Uma arma em potencial para desvencilharmos dos “equívocos” lançados diariamente pela mesma. Mas continuamos a esbarrar na barreira cultural... o Brasil é um dos maiores navegadores da rede mundial, mas a maioria das pessoas procuram por auto-promoção, coisas banais e afins, excluindo a fonte inesgotável de informações que a rede oferece.

Ricardo: A TV é um lixo. A internet pode ser um lixo também. Ou não. Ao menos ela nos dá esta opção e o mundo precisa de opções.
Nós optamos por usá-la como ferramenta do nosso trabalho. Ela tem o poder ímpar de potencializar qualquer tipo de mídia. É a prova viva do “Efeito Borboleta”.
A internet nos ajudou bastante a construir a reputação que o PoisonGod tem hoje. Num mundo de portas fechadas, ela foi uma janela voltada para o sol.


Resolvi tocar em assuntos diferentes do comum por reconhecer na banda um interesse em passar uma verdade que hoje domina o mundo,a de sermos manipulados ,nos anos 90 ,o cenário musical foi muito mais aberto e reconhecido,justamente porque meios de comunicação voltavam seus focos a rastrear movimentos musicais e culturais em cada canto do país ,a gente via matérias até em revistas como a veja passando um pente fino em todos os segmentos musicais de cada estado brasileiro que possuía uma cena estruturada e isso facilitou a infiltração do rock de maneira nacional ,porém de um momento para o outro as coisas mudaram radicalmente ,qual a opinião de vocês sobre esse decreto de morte do rock nos meios de comunicação levando em conta existirem tantas bandas boas ainda por ae?

Marlon: Quem tem o Rock’n’Roll como amigo ou filosofia de vida sabe que ele nunca morrerá. Seu status de imortalidade provém não somente de acordes graves, distorções insanas e performances alucinadas, provém de atitudes e idéias. E isso está cravado dentro de você. Independente das merdas expostas pela mídia, as pessoas que tem esse diferencial e discernimento de escolha continuarão sua vida numa boa. Agora é indiscutível que as modas atrapalham a cena underground e suas milhares de bandas excelentes... mas infelizmente essas Bandas não geram grana necessária pra girar a máquina fonográfica da ganância.

Ricardo: É importante entender que o porta-voz desta geração cometeu suicídio no auge da carreira. Seu sangue drogado respingou em todos os aparelhos de TV e folhas de jornais e magazines de todo o globo.
Não questiono o caráter de sua música, e, diga-se de passagem, gosto do seu material, mas este tipo de exemplo se prolifera no inconsciente coletivo dos jovens já desestimulados por suas famílias e governos e a mídia não quer compactuar com isso, não quer correr este risco, entende? Eles querem apenas as Beyoncés da vida (e eu também quero!). Mas eles adoram um rockstar suicida porque é o tipo de material que vende muito. Só que depois eles descartam este lixo tóxico para voltarem com suas poses de bonzinhos.

Nunca passou pela cabeça do PoisonGod que a única saída talvez fosse a de seguir o caminho que o Sepultura percorreu ,já que ,infelizmente parece ser uma grande verdade de que as coisas só são valorizadas aqui se primeiro reconhecidas fora do país ,a banda já tentou algo a esse respeito?

Marlon: Quando sentamos pra discutir sobre o lançamento virtual e gratuito do nosso disco de estréia “Daemoncracy” (que pode ser baixado no site www.poisongod.com) a certeza de que o mesmo seria digerido lá fora antes daqui era indiscutível. A net encurtou distâncias e facilitou a propagação das Bandas mais novas através de todos continentes. Como disse, é saber aproveitar as ferramentas...

Sabemos que o trabalho de vocês foi muito elogiado fora de nosso território ,comentem um pouco sobre essa receptividade mundial :

Marlon: Procuramos os pontos certos pra começar a distribuir virtualmente o álbum como sites especializados, zines virtuais e blogs. O trabalho em cima dessa divulgação começou a retornar de tudo que é canto, da Rússia até Austrália, não esquecendo das Américas e até oriente também.

Ricardo: Eu só quero agradecer a todas as boas pessoas de todo o planeta que fizeram o download do nosso álbum “Daemoncracy” e do nosso promo “Bullets” e dizer que vocês são muito especiais e que eu gostaria muito de tomar várias cervejas com cada um de vocês e agradecer pessoalmente.
Vocês são a força motriz e o propósito do PoisonGod continuar existindo. Nosso foco nunca foi o dinheiro porque este tipo de gratidão não tem preço.

Vocês citam três obras como referencia no álbum Daemoncracy , o já citado “V de vingança’, “1984” e “Admirável mundo novo” são três pontos de vista com algo em comum ,porém diferentes um do outro ,qual dos três mais tocam vocês?

Marlon: Em algum ponto as obras se conectam, e nossa abordagem nasce dessa conexão. 1984 e Admirável... abordam o estado opressor suprimindo direitos civis, dilacerando a individualidade em nome do poder. O V de Vingança é justamente a resposta para os ataques sofridos pela comunidade e pelo indivíduo, é a hora em que acordamos que podemos sim, acreditar no potencial de luta de cada um.

Ricardo: É importante compreender que as três obras pertencem a momentos diferentes. Eu considero “!984” uma obra mais humana, que trata do homem sob um caráter mais intimista e inaugura o conceito de escravidão mental e controle governamental. “Admirável Mundo Novo” também é espetacular. Esta é uma obra que tira de nós toda a esperança porque mostra claramente que nascemos controlados para servir um propósito. Que somos todos escravos de uma grande engrenagem que envolve a vida, os dias, a família, a religião, o Estado, o trabalho, a morte.
“V de Vingança” tem o mérito de trazer este debate para as novas gerações e ousa por utilizar-se do formato graphic novel. Seu pai poderia perfeitamente passar por você na sala sem saber que aquela “revistinha” iria mudar a forma de pensar do seu filho pelo resto da vida.
Impossível elegar uma apenas. Comprem, leiam e presenteiam as pessoas com estes livros para que no mundo nunca faltem pessoas livres.

Qual festival mundial vocês sonham em um dia participar?

Marlon: Aquele que zele pelo seu lado verdadeiro, que prove que você é musicalmente capaz de participar e por isso chegou lá. Chega de concessões, shows “pay-to-play” e com produtores maliciosos que só visam o bolso. Ah... com som bacana e muita Banda boa tmb...

Ricardo: Não tenho grandes ambições quanto à isso, o importante é estar junto aos nossos fans e amigos, seja num botequim fudido ou no Royal Albert Hall.

Se Vocês tocassem em um festival que incluísse 5 bandas no palco além da Poison god ,bandas de todos os tempos ,sem restrição de estilo ou época , quais seriam essas bandas?

Marlon: The Beatles – Slayer – Iron Maiden – Black Sabbath – Napalm Death e o PoisonGod humildemente abrindo.

Ricardo: The Rolling Stones, Iron Maiden, Carcass, Megadeth, PoisonGod


Como vocês vêem o cenário metal no país ,há integração?

Ricardo: Não vejo um cenário. Um cenário é constituído de fatores que viabilizem a execução de um projeto, com pessoal capacitado, estrutura para shows, empresários decentes e bandas profissionais.
Obviamente existe disto tudo no país, mas não de uma forma organizada. Como eu sempre repito o que eu vejo são focos de resistência aqui e acolá e gente como vocês lutando contra tudo e todos.
Um cara vomitando vinho barato na porta de um show sem respeito e estrutura alguma não pode definitivamente ser chamado de cena.
Mas há sim integração e muita amizade entre as bandas. E muito, mas muito mesmo do que conseguimos conquistar, do respeito e do prestígio que temos, devemos às amizades que fizemos pelo caminho.



Existem festivais de porte,como o Abril pro rock ,voltados ao publico metalhead?

Marlon: Ainda engatinhando, mas existem. As vezes não acontecem a coexistência de fatores, do tipo, sobra boa vontade e falta estrutura, em outros sobra estrutura e falta profissionalismo, aí vem alguns com picaretices. Mas acreditamos que muitos desses que fazem por amor, aquele lance de ideal mesmo, um dia sairão vitoriosos.

Como é o dia a dia no trabalho de propagação da banda?

Marlon: É um trabalho árduo. Porque dividimos nosso tempo entre trabalho, música e lazer. Como arrumamos tempo pra tudo é uma incógnita. Mas até agora tem tudo dado certo. As horas perdidas a noite compondo, tocando, divulgando, ensaiando valem cada centavo quando alguém reconhece o seu trabalho. É uma bateria de carga extra pra continuarmos cada vez mais.

Como é medir o passado quando o rock extremo era representado por bandas como metallica, slayer, exodus, kreator, celtic frost, hellhammer ..e o metal feito atualmente ?

Ricardo: É importante olhar para o passado com muito respeito, mas nunca com subserviência. Todas estas bandas que você mencionou mais inúmeras outras são o sustentáculo da nossa base sonora mas não nosso horizonte final.
Eles escreveram seus capítulos. Queremos escrever o nosso.
A diferença dos tempos é que naquela época tudo era mais emotivo e passional, feito com o coração mesmo. Não existiam computadores domésticos, cds e mega-magazines. Portanto tudo era muito mais difícil e nós seres humanos temos uma inclinação a valorizar mais as coisas árduas.
Há também o caráter artístico que deixou de existir. A paixão cedeu lugar ao jogo corporativista. Este tema inclusive permeará nosso novo álbum, sob vários aspectos.

Quais bandas são mais representativas para vocês hoje em dia?

Marlon: Dentro da nova safra metal eu destacaria Bandas como Lamb of God, Hatesphere, Arch enemy, Nevermore, Protest the Hero, Necrophagist... Em outras paragens citaria o Muse (apesar de não ter gostado tanto assim do último álbum) e lances instrumentais como Guthrie Govan, Paul Gilbert.

Ricardo: Muse é disparada a melhor banda atual.

Qual o parecer de vocês sobre o black metal norueguês e a filosofia de bandas como o Mayhen ,como uma visão anti cristã vou virar o jogo e queria que vocês completassem a resposta com a visão da banda sobre sobre as religiões em geral que também representam uma grande fatia de poder:

Ricardo: Acho que a música e a arte em geral é livre para fazer escolhas. Mas somos responsáveis por nossas escolhas e pelo resultado por elas gerado. No meu ponto de vista, no início o movimento Black Metal norueguês era muito visual e vandalismo e pouca música. Gosto de algumas bandas de lá como o Darkthrone, que é espetacular e o Dimmu Borgir que dispensa comentários, musicalmente falando.

Religiões são um grande câncer social. Toda a miséria espalhada sobre a terra e toda subserviência da raça humana advém dos governos e das religiões.

Historicamente, as maiores guerras e consequentemente os maiores genocídios que o planeta assistiu deram-se em nome de Deus. Muitos homens importantes, idéias e ideais sucumbiram perante a intolerância religiosa e consequentemente o mundo deixou de ser um lugar melhor.

Enquanto as pessoas não tomarem as rédeas de suas vidas, de suas escolhas e não jogarem sobre seus ombros as responsabilidades cotidianas, preferindo repassar os dissabores de suas escolhas e o desenrolar de sua sorte para as mãos de um deus invisível o mundo continuará sendo o habitat de uma raça fraca, sem sentimentos, sem sentidos e direção, que não assume o leme das suas vidas.

Que anuncio vocês fariam logo em seguida após explodir o congresso ,quais seriam as primeiras 5 formas de mudanças propostas ao povo brasileiro?

Ricardo: Apenas um anúncio: “O Povo Não Deve Temer O Seu Governo. O Governo deve Temer O Seu Povo” - Alan Moore, V For Vendetta.

Marlon: Com certeza daí pra frente tudo mudaria.

“A Revolução dos Bichos” também se aplicaria bem em alguma letra do Poison god, não?

Ricardo: Ehehehe, essa eu vou até rir, porque, não sei de onde você tirou toda essa sintonia conosco, essa amizade que parece ter décadas de existência, mas sabia que “A Revolução Dos Bichos” foi o primeiro livro que li? Bom, basicamente eu estava como todo adolescente fuçando no guarda roupas do meu pai atrás da última edição de “Playboy” e achei esta obra visonária de George Orwell, que mais uma vez nos brinda com temas de libertação e resistência. O foda é a figura de linguagem usada para descrever as interrelações homens-animais. Orwell é um gênio. Este livro deveria ser distribuído nas escolas. Vou comprar um exemplar agora para minha filhota.
Temos que ao menos tentar salvar os que estão perto de nós.

Pra finalizar, o que podemos esperar do PoisonGod no futuro próximo?

Marlon: Esperem um PoisonGod ainda mais agressivo, técnico e “perigoso”. Nosso aprimoramento composicional cresce a olhos vistos e agora as idéias fervilham entre os principais compositores da Banda. Temos tantas ótimas idéias que a escolha do repertório para o próximo disco deverá ser um dos maiores problemas já enfrentados pela Banda! Quanto às letras, você pôde perceber que Ricardo não está afim de passar a mão na cabeça de ninguém e nem deixar barato as atrocidades vistas a olho nu que nos rondam diariamente. É esperar pra ver...

http://www.poisongod.com/
http://www.myspace.com/poisongod666

JUNIOR BOCÃO - UM CARA "PURA VIDA" ROCK'N'ROLL







O Alagoano Junior Bocão é uma pessoa que pode ser definida como o significado de persistência , determinação e amor á musica acima de tudo .
Começou cedo na batalha ,como baixista fez seu nome em uma das mais cultuadas bandas do cenário independente nacional,a explendida Mopho ,que repercutiu de forma intensa no final dos anos 90.
Com a ruptura da banda após o primeiro disco Bocão acabou tentando sorte em São Paulo onde envolveu-se com dezenas de trabalhos musicais excelentes adquirindo uma bagagem digna de poucos. Fui conversar com ele, direto de Alagoas onde eles preparam material para um esperada volta do Mopho em sua formação 99% original , para que pudesse nos contar um pouco sobre sua vida,planos e o andamento deste tão aguardado disco da banda que projetou sua multifacetada carreira .





Nino- Bocão ,voce foi um dos fundadores de uma das mais cultuadas bandas do cenario independente nacional ,a Alagoana Mopho , teu lance com a musica começou ae ,ou tem uma historia anterior até chegar ao mopho?

Bocão -Aos 15 anos, morando ainda em Arapiraca (agreste alagoano), fui convidado pelo João Paulo para formar uma banda de cover dos Beatles. Tudo começou ali. Eu, com 16 anos, troquei um aparelho de vinil chamado "ABC - A Voz do Brasil" por um contrabaixo Redson que pertencia ao João Paulo. Isso foi em 1990. Entrei na banda apenas com dois meses de instrumento, toquei Beatles até 1993 ,quando comecei a compôr e montei o Spring. Com essa banda gravei duas demos.
João Paulo mudou-se para Maceió e por lá montou uma banda de blues chamada "Água Mineral", o embrião do Mopho. Em 1997, João Paulo junto com Hélio Pisca e Alessandro Aru gravou a primeira demo do Mopho. Neste momento o Aru saiu da banda e fui convidado a entrar. Mudei para Maceió e começamos a fazer os primeiros shows de divulgação da demo.
Daí por diante gravei a segunda demo já em CD, que foi "Um Dia de Cada Vez". Em 1999 gravamos o primeiro disco do Mopho.

Nino - Como o MOPHO conseguiu atingir a repercussão que teve, afinal ,hoje em dia a gente sabe que,mesmo com o cara tendo uma boa banda,de otimas canções,não consegue sequer sair de sua cidade?

Bocão - Fomos ousados. Acho que pouca gente tem a coragem de sair como desconhecidos e encarar uma megalópole como São Paulo, e nós fomos! Mas a banda tornou-se conhecida devido a qualidaade do trabalho que apresentávamos.
Em plena efervescência do mangue-beat, éramos uma das poucas bandas que fazia rock brasileiro com influências retrôs e tal.

Nino- Como voces sentiram o impacto de ter tantos meios de comunicação chegando a apontar a banda como um novo mutantes até ?

Bocão - Não sei se lidamos bem com isso na época. éramos apenas quatro caipiras cheios de idéias musicais, não nos apegávamos muito a conceitos e nem tendências. Sabíamos mesmo era fazer música, subir no palco e mandar o som. Isso mexeu um pouco com a nossa cabeça, não tínhamos muita maturidade. Era muita coisa acontecendo em meio a tanta lisergia.
Nino - Era realmente impactante assistir a um show da banda na epoca,eu mesmo tive a oportunidade de ve-los no Morrison em São Paulo,com a presença do Carlini ,era realmente devastador entrar em contato com uma sonoridade que nos remetia a Casa das maquinas,Beatles ,som nosso de cada dia, mutantes,Led... O que influenciava o som de vocês ??

Nino -Sim! Pink Floyd, Led Zeppelin, Beatles, Mutantes eram bandas de cabeceira, entre outras.


Nino - O que na real inspiraram o rock brasilerio dos anos 70...

Bocão- Esse impacto no Brasil deu cria a bandas como Som Nosso de Cada Dia, O Terço, Secos & Molhados... todas essas grandes bandas brazucas nos influenciaram muito.

Nino - Tem uma historia do Wondermints em relação ao mopho né (para quem não sabe os Wondermints são uma das bandas atuais que mais se aproximaram da psicodelia e altamente influenciada pelo Pet Sounds ,tanto que chegaram a ser banda de apoio de Brian Wilson) a banda chegou a tocar no circuito de college radios gringas por uma mãzinha deles né?

Bocão - O batera pirou com o som da banda. Lembro que o Calanca comentou sobre isso.
Sim, a banda tocou durante um ano na rádio Karl de Berkley desbancando nas paradas até Willie Nelson. No mês de março de 2000 ficamos em quinto lugar nas paradas e no top 25 do ano.

Nino –E como rolou a separação de algo que parecia tão entrosado,tão vindo pra ficar?

Bocão -Isso já foi superado. Éramos imaturos e houve um momento em que não nos entendíamos mais. Depois da turnê que fizemos no Sul em 2002 a banda voltou para casa muito desgastada. Brigas, desentendimentos, diferenças musicais, a coisa desandou. Agora estamos nos dando uma segunda chance, com mais experiência, mais musicalidade, podemos retomar o caminho. O novo disco vai surpreender muita gente.

Nino- Você decidiu por não voltar para Alagoas ,decidiu tentar a sorte em São Paulo,depois do fim do Mopho ,como foi recomeçar assim do zero?

Bocão - Em 2003, depois que a banda rachou, resolvi gravar as minhas músicas que já estavam sendo trabalhadas para o segundo disco do Mopho. Convidei o Pisca e juntos montamos a Casa Flutuante. Passamos quase o ano inteiro de 2003 gravando o disco. Lançamos em janeiro de 2004 e em março mudamos para São Paulo.
Recomeçar foi um desafio mas ao mesmo tempo foi uma grande experiência. O Mopho ficou parado um certo tempo e eu e Pisca continuamos nossas experiências sonoras.
Eu precisava disso, precisava continuar. Estava num momento criativo, compondo bastante. Não podia parar. Hoje olho para trás e tenho a certeza de que construí uma banda bacana. Fiz e continuo fazendo a minha história, independente do Mopho. É claro que o reconhecimento que o Mopho já tinha nos abriu muitas portas.
Mas a Casa Flutuante conquistou seu espaço.

Nino - Quando criei o satelite undergroun no nosso site,e fui pesquisar sobre a nova cena nacional encontrei tua participação em varios projetos,quantas coisas tu anda envolvido bocão ?,como arranja tempo pra tudo isso?

Bocão - Em Alagoas eu já transitava muito entre as bandas daqui. Sempre curti fazer sons com pessoas diferentes. Em São Paulo, por necessidade mesmo, me joguei em vários projetos mas nunca em projetos que eu não acreditasse que eram bons. Os Skywalkers por exemplo é uma banda que eu acompanhava e sempre tive uma ótima relação com todo mundo. Quando fui convidado a participar da banda aceitei no ato.
O Oxe era uma banda contemporânea do Mopho, uma banda super parceira. Eles estavam em São Paulo e estavam sem baixista. Eu já curtia o som dos caras e somos muito amigos. Mais um convite aceito.
Nino -uma banda q por sinal acho uma das melhores do Brasil....

Bocão - O Boomerangue é um projeto de amigos. Paulinho Pessoa é guitarrista do Paulo Ricardo, é daqui de Alagoas e somos amigos desde a adolescência. Já fazíamos sons juntos em Arapiraca, inclusive tivemos uma banda com o João Paulo.
Sobre ter tempo, tenho todo o tempo do mundo. A única coisa que faço é tocar!
Teve um momento em que eu tinha sete bandas em São Paulo. às vezes saía correndo de um show para o outro, uma loucura. MInha cabeça pirava com tanta música
Mas assim fui construindo meu nome e assim continuo.

Nino - Um exemplo,muito raro de se ver por ae cara.

Bocão- Tenho necessidade de experimentar e vivenciar a música. Uma coisa parecida com um tipo de obsessão. Quero fazer tudo o que puder até onde der. Antigamente eu priorizava tocar numa banda e isso eu colocava acima de mim. Hoje em dia a coisa se inverteu. Eu sou a prioridade, tenho conseguido lidar com tudo isso porque trabalho com pessoas bacanas que fazem trabalhos sérios.

Nino- mas não só falando sobre a correria, como essas bandas desencavam espaço para tocar num cenario muito diferente e mais retrancado que nos anos 90?

Bocão -Por isso que é fácil tocar em tantas bandas. A agenda de cada banda é pequena. O cara tem que se virar em mil. Tem que estudar música, ouvir música, compôr, se relacionar com músicos, se relacionar com donos de estabelecimentos, tem que ser relações públicas, assessor de imprensa, diretor de marketing e ainda tem que ter carisma, ter myspace, perfil no orkut, facebook, twitter e a putaquepariu.
Não é fácil!
O pior é que o cara tem que ser feliz, mesmo ganhando pouco ou quase nada. Ainda ser quase um santo, porque aguentar essa imprensa desqualificada predominante nesse país não é fácil. Um monte de banda ruim ganhando prêmios, sendo capa de revistas, um monte de jornalistazinhos de meia-tigela pagando pau pra gringos, é mole? acho que vou direto pro céu!

Nino - Tu acha Que há esperança para que o cena nacional seja novamente reconhecida pelo talento e não pelo dinheiro injetado no q é hoje pregado como 'rock nacional?

Bocão -Eu ligo a TV e tenho vontade de morrer. Acredito em um tipo de comunicação direta, existem pessoas que buscam informações, que pesquisam realmente sobre música. Não faço muito esforço pra pintar nestas mídias saturadas. Com o advento dessas novas tecnologias, dá pra ter uma relação direta com as pessoas que realmente gostam de boa música e isso é o que interessa. O Brasil não é os Estados Unidos.
Não fabrica mega artistas pop's. Na nossa realidade, e com ela temos que lidar, um cara conseguir tocar para um mínimo de pessoas qualificadas já é uma grande conquista. Não acredito muito nas massas, até mesmo porque não faço parte delas.

Nino- E como rolou essa reunião do Mopho, muito se falou que a banda não conseguiu se superar com a mesma intensidade e qualidade no segundo disco, embora seja um disco bacana ,antes da dissolução ja tinhamos a demo do que seria uma prévia do segundo album quando a banda veio pra aquele giro no sul, que para minha alegria acabei sendo o idealizador daquela toure o material estava bem diferente do que acabou saindo no segundo album. Como tu recebeu esse retorno sem tua presença e a do Pisca?

Bocão - O disco foi regravado sem mim e sem o Pisca. Naturalmente, minhas músicas não foram gravadas, o que justifica eu tê-las gravado no disco da Casa Flutuante. Na realidade eu gostei de saber naquela época que o Mopho tinha lançado um segundo disco. Gosto das canções desse disco mas não curti muito a produção do mesmo. Apesar de o disco não ter tido a mesma repercussão da estréia, foi importante .
Principalmente pelo fato de ter incluído uma faixa na trilha sonora do filme "Wood & Stock". Apesar de muita gente não gostar desse disco, tem ótimas composições do João Paulo e boas idéias de vocalização. O clima triste talvez tenha sido um reflexo do momento que João vivia. É notório que a banda não era a mesma. Muitos fãs não curtiram as inúmeras formações pelas quais a banda passou mas João Paulo não deixou a peteca cair.
Talvez tenha sido fundamental para uma reflexão por parte dele e para que houvesse esse retorno meu e do Pisca.

Nino- A euforia voltou?

Bocão -É engraçado, estamos sempre nos divertindo. Eu particularmente conheço o João Paulo a 20 anos, temos muitas histórias juntos e com o Pisca rola uma harmonia bacana. Até certo tempo nós três éramos o Mopho. O Dinho Zampier, que é o atual tecladista, é um cara muito divertido. Rola um equilíbrio bacana.
A euforia veio à tona novamente.

Nino –Abre para nós,q estamos ansiosos,qual o direcionamento desse novo disco,mudou alguma coisa,ou segue o mopho com aquela veia do primeiro trabalho,algumas influencias novas pintaram no processo?
É obvio q voces e principalmente tu ,adquiriu uma bagagem e tanto nessas tuas andanças...

Bocão-Eu assino a maioria das composições do novo disco e há também algumas músicas do Pisca. João Paulo compôs pouco para esse disco mas toda a genialiadade dele está lá, presente com suas guitarras e a voz inconfundível. Vou cantar algumas desse disco também. O que realmente salta aos ouvidos nesse novo trabalho é a qualidade da gravação. Acho que pela primeira vez gravamos um trabalho em que todos ficaram satisfeitos com os timbres.
Tem peso, os arranjos estão excelentes. O disco é um passeio entre os dois primeiros discos mas acho que vai além. As composições são fortes. Acho que estamos mais maduros e prontos para retomar o caminho.

Nino -Algumas bandas pra citar como influencia?
Bocão -Hoje não há mais uma influência direta de nenhuma banda. Este trabalho tem a cara do Mopho. Pode parecer com o que você quiser, mas quem ouve sabe que é o Mopho.

Nino- E quanto ao processo de distribuição do disco, empresariamento, voces vão seguir sozinhos ou procurar alguma ajuda?

Bocão -Estamos concorrendo a um edital do Ministério da Cultura, antes de tentar lançar por algum selo vamos tentar lançar por conta própria para começar a divulgar. Nada de pressa, mas uma coisa é certa: queremos fazer diferente dos outros dois discos.

Nino-Tu acha q o mopho errou em alguma parte desse processo entre os dois discos?

Bocão -Ainda acredito que poderia ter dado certo lançar o segundo disco pela ACIT. Mas isso seria uma outra história.

Nino- Era o que todos aqui acreditavamos ,afinal o sul é um estado psicodelico de veia roqueira, afinal Bixo da seda saiu daqui, Liverpool saiu daqui...
e voces tinham uma moral muito grande e grandes possibilidades estruturais para tocar se tivessem topado o contrato com a Antídoto...

Bocão - Estávamos com tudo, lembro que a nossa passagem por aí foi um acontecimento.

Nino –O publico fazia reverencia a banda ,algo q se perdeu demais hoje em dia
falta uma banda com esse porte.

Bocão -Mas o fato é que não vingou. E como acontece na ficção, na real aconteceu conosco. De tudo aconteceu! Tentativas fracassadas de lançar o disco no Japão, tocar em festival psicodélico na Espanha, turnê nos EUA... cada coisa louca. Era pro Arnaldo Baptista tocar com a gente no Abril pro Rock! Aí melaram esse encontro e ele foi figurante do show do Lobão. Rafael Ramos, Miranda, André Rafael, ACIT.. muito se especulou e pouca coisa aconteceu.
Tirando o fato de termos feito shows no Brasil inteiro, de parte da banda ter viajado de carro do Nordeste ao Sul do país, era a banda perfeita mas sem o Brian Epstein;
Nenhuma conclusão que a gente tirar agora vai mudar os fatos. Com todo o respeito a todas essas bandas badaladas da cena atual, fomos os precursores de uma onda que não acontecia no Brasil desde os anos 70. Muita banda hoje levanta essa bandeira retrô. Algumas dizem ser psicodélicas, outras que são folks... tem até banda que acha que é o The Who. Nada disso empolga. O Mopho já fazia isso a mais de
dez anos atrás.
e boto fé que essa galera aí nem de longe faz o que a gente pode fazer no palco.
Ainda não. Estou produzindo, paralelamente ao Mopho, um disco com Ana Galganni que é vocalista do Expresso Monofônico e minha garota. O duo se chama Divina Supernova e acho que esse material todo sai em janeiro de 2010. Não vejo a hora de ter a oportunidade de abrir um show de grandes bandas como Cachorro Grande, Vanguart. Será lindo vê-los subir ao palco depois de nós! Hehehe

Nino - ok,pra fechar então,o mopho será uma prioridade ou um projeto ,tem essa coisa de cair na estrada á serio,encarar de novo o desafio q foi encarado antes?

Bocão - claro!

Nino -Porque o Mopho é uma das maiores bandas do Brasil mas pra todos efeitos está suspensa no ar né ,precisa de um novo start ....
Bocão -O Mopho é uma grande banda! O público quer isso e nós também queremos. Fizemos 6 shows nesta retomada, e o burburinho foi o mesmo. A banda tocou em São Paulo, Macapá, Maceió e recentemente em Belo Horizonte no Festival Garimpo, foram momentos incríveris no palco e as platéias reagiram da mesma forma, cantando junto conosco e a vibração foi incrível. Digno de um clássico, ainda que uma banda(...)
undergroud!
Dou a cara a tapa, sem medo, pois sei que fazemos bem feito e tocamos com muito tesão. Quem quiser que aguarde e confira!

Nino -Tem musicas ja prontas?

Bocão -quase prontas!
faltam apenas detalhes

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Os~ - Imagina se voce pudesse ouvir os Raimundos em formato embrionario,só que nascido nos dias de hoje



A banda da qual o blog fala nesse topico pode ser considerada em parte um embrião dos Raimundos ,nela temos o Telo ,que compos muitos dos grandes classicos do primeiro e antologico disco da banda e o baixista Canisso,que segue tb com o RMDS em um retorno que tem rolado o país com bastante aclamação do publico.
A ideia é simples ,soar como o inicio de tudo ,aquela energia visceral e adolescente que transpirou em um mix de hard core com sotaque nordestino recheado de malicia que pegou o Brasil de cheio.
A ideia, levada em frente no projeto "Os~"( leia se ostil,os tio...) pode dar muito certo porque não há pressão nem compromisso ,é rock forte ,um resgate que satisfaz os caras da banda e tb a qualquer fan do RAIMUNDOS.
Abaixo segue um bate papo com o baixista Canisso dando uma geral no projeto ,dá um confere ae.

Nino-cara,como surgiu essa ideia de montar a banda?

Canisso- véio eu já tinha uma história de parceria com o telo que remonta ao início do rmds,ele chegou a fazer parte da banda em um ou dois ensaios, mas acabou não ficando, ele era o vocalista da banda do Digão, filhos de menguele,os mesmos de quem a gente usava os instrumentos e amplificadores pra tirar ramones durante a semana, visto que eles só ensaiavam no fds...
mas isso é outra história
o caso é que desde aquela época existe a parceria,várias músicas pintaram daí, palhas do coqueiro, minha cunhada, baixo calão...e algumas nunca tinham sido gravadas decentemente,qdo fizemos o Kavoo a chama se reacendeu, e ficou combinado de continuarmos o trampo mais pra frente.
qdo eu voltei pra brasília encontrei uma estrutura bacana pra retomar a parada, com a ajuda de um brother meu que tem um estúdio nós tivemos a tranquilidade de gravar os primeiros sons dessa parceria, agora já como banda...
e de brincadeira colocamos no myspace
aí já foi pintando show, etc...
sei que temos cerca de 13 músicas, 8 gravadas já...
e a gente toca a maioria das músicas da nossa parceria com o Telo, gravadas pelo RMDS... alegria,mais vó,lingua presa,marujo...
mas o que pega mesmo são as músicas inéditas, algumas até antigas, anteriores ao primeiro play do RMDS...
E o telo é o único remanescente de uma técnica de mosh suicida, além de ótimo moonwalker


Nino - Tu sente mais liberdade com esse projeto novo, revisitando as origens de algo que soava extremamente visceral?

Canisso -nino, vou te falar que tem bastante coisa no forno do lado do RMDS tbm,só aguardando o momento certo,estamos juntando os aliados pra fazer um projetim maneiro, que vai mostrar num dvd ao vivo toda a vibração que rola num show...claro que com material novo, só que gravado ao vivo, no meio da nossa galera...qto ao OS~,o que é legal é isso,tentar trazer as velhas influências pra fazer algo novo, sem compromisso nenhum com nada ,rock pauleira brasileiro, pra roda comer solta

Nino -O que a gente necessita é de uma volta dos raimundos na midia,mas a midia é ignorante, foca em novos formatos que hoje estão bem distantes do passado, um novo raimundos seria mais comercial,ou mais desencanado como no caso dos~?
eu só fiz essa pergunta,porque houve fases do rmds em que a banda se auto libertou ,mas q deve ter sofrido pressões pra criar hits radiofonicos tb não?

Canisso -Acho que o rmds tem uma abordagem mais abrangente, consegue conviver bem com o lado pop de sons como o reaggae do maneiro , por exemplo, e ao mesmo tempo descer a lenha em alguns bons HCS...o os~ é bem mais cru, não conseguiria ver a gente mandando um reaggae...mais fácil um disco, ou michael jackson

Nino -Como tu ve as diferenças entre o cenario q explodiu o raimundos e esse cenario fechado de agora?

Canisso -nossa, era a era das trevas
não tinha praticamente internet
a fita demo viajou de onibus pra ser entregue ao miranda
hj eu passaria pelo msn, ou mandava ele olhar o myspace...em compensação ia ter um milhão de bandas pra concorrer em igualdade de condições
hj apesar das facilidades o mercado se retraiu, pq as gravadoras já não lucram da mesma forma
os poucos artistas que se destacam pode saber que venderam até a alma
hj até a grana antes sagrada do cachê dos show vai parar na mão dos empresários-donos de gravadoras...e se o mulek chiar na semana seguinte tem outra banda ocupando o lugar da dele na parada...

Nino- Ok , mas sobre as bandas,hoje tudo parece se basear numa formula estourada lá fora e absorvida aqui,nos anos 90 ,sem a internet isso parecia ser diferente não?
Canisso -ah sim
Nino -Havia mais originalidade ?

Canisso -Hj globalizou tudo, quem foge do figurino não encontra lugar na "cena"
na nossa época era lindo,em cada canto do Brasil uma banda tentando soar diferente
criar seus movimentos, ter orgulho do sotaque
e mesmo assim uma idéia parecida, como se fossemos todos da mesma família

Nino- Na epoca lembro q todas revistas e até programas de tv traçavam perfis de cenas locais ,o que ajudou o lance a estourar,A internet mudou as coisas?
Não falta um retorno aquele pensamento,aquela atitude mais no braço?
a musica pode chegar mais rapido ,mas a velocidade da informação e o hype para que algo pegue não dilui o movimento,?
:
Canisso - Nego colocou importância demais na internet, como se o que acontecesse ao vivo deixasse de ter importância...rolou uma acomodação geral
falta esse intercambioa mulekada sempre me pergunta uma receita pras suas bandas darem certo, eu só recomendo um ingrediente: poeira da estrada, botar sua banda pra ganhar público longe de casa, criar condições pra trazer bandas de fora, mais pra frente eles retribuem o favor, só assim a cena vira. pra mim não diz nada, qdo o som não tem alma ele não se sustenta... pode ter 20 bilhões de acessos
não se garante no palco
e no palco é onde a gente tira todas as dúvidas...a internet é um ótimo meio, mas não pode ser uma finalidade...musica precisa do show, da interação com a galera...
vender música nunca foi o meu negócio.
eu vendo 1:30 de terapia ocupacional, pra vc cantar pular e exorcisar seus demônios
quase uma pogo-aeróbica

Basta lembrar o velho white zombie,Pantera...
era uma boa referencia né

Canisso -claro
o próprio dead kennedys
música insultando a sociedade de consumo, pra nunca tocar no rádio...classe


Nino -Existe alguma chance do projeto os~ se misturar ao um novo trampo do raimundos?

Hmmm
essa é A pergunta
a chance existe
Os~ é um filhote bastardo do RMDS
nada impede que o pai faça um teste de DNA e se reconheça no filho...

um rock cabra-macho, falado em português chulo, pra agradar os porteiros e peões de obra...e até as menininhas da alta sociedade

Nino - Essa pergunta é vital, O Digão chegou a pensar nisso ,quando viu os sons?

o Digão não descansou enquanto não fez parte tbm.. botou uns solos...
tá tudo em casa, primo

Nino -Ao meu ver isso revolucionaria uma volta magistral dos raimundos,porque tem coisa muito boa no projeto cara....Uma soma das duas idéias...
Canisso -Tá tudo tranx
além do os~~
temos material já pra um discasso
e vamos fazer naquele esquema
e cuma coisa leva a outra
e vc acha que já não passou? me aguarde...

http://www.myspace.com/bandaostil

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