terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A JORNADA DE DOIS ANDARILHOS NA ENCRUZILHADA DO BLUES - MOINHO DA ESTAÇÃO BLUES FESTIVAL 2009





Desta vez a jornada que nosso blog traça pelos inumeros caminhos da estrada do rock vai dar seus passos na direção do blues , o começo de tudo e ponto final.
Não poderiamos convidar pessoas mais certas para descrever a sensação de estar em um evento de grande porte no estilo do que os blues brothers Michel Krause e Douglas Caberlon, legitimos detentores da sabedoria dos ancestrais do rock'n'roll.
A narrativa é livre e emocionada, expontanea exatamente como tem de ser , expressar o momento em cada detalhe, em cada arrepio, em cada sentido magico que o blues provoca em todo aquele que é digno de sua benção, com voces a fantastica aventura destes dois figuraças em um fim de semana ,que ,como voces irão ver foi mais do que inesquecivel.

Sexta-feira.
(O impacto)

Foi no mês de Novembro de 2009, nos dias 19, 20 e 21, que rolou a segunda edição do Moinho da Estação Blues Festival, na cidade de Caxias do Sul na Serra Gaúcha. Cidade mais que hospitaleira e tão acolhedora, não poderia ser diferente que uma iniciativa dessas tivesse início justamente lá, com toda a infraestrutura necessária para acolher um público tão especial vindas de diferentes partes do estado e de fora dele também.
Saí de minha cidade (Taquara), na sexta-feira pela manhã, encarando 3 horas de viagem de ônibus serra acima, mas a exuberância da paisagem; aliado ao ar fresco da serra; é algo que realmente não me fez sentir o peso das horas, botei os headphones e deixei que minha alma flutuasse ao som de John Lee Hooker, som que julguei mais propício no momento, em que teria de controlar a ansiedade e a paciência da inércia dentro do bus, enquanto viajava olhando pela janela lembrando do que foi o ano passado, pois cheguei lá esperando algumas dezenas de pessoas, mas qual foi minha surpresa ao encontrar centenas.
Além da cidade, como já mencionei, outro fator importante foi a escolha do lugar. Uma antiga estação de trem (lugar peculiar e tão citado em inúmeras canções de blues), que já servia de pano de fundo para bares como o Mississipi Delta Blues Bar, com toda a sua atmosfera típica de um Autêntico Blues Bar Americano, fazendo nosso cérebro confundir-se momentaneamente e nos botar em dúvida sobre que país realmente estamos. Nesse lugar, atente para os detalhes, pois é lá que está a beleza do bar! O dono do bar é um cara chamado Toyo Bagoso, que pra quem não conhece é o organizador do evento, que por sinal já havia mostrado grande competência e empreendorismo quando realizou um evento desse porte e importância ano passado, na primeira edição, que pra mim foi sucesso absoluto e inesquecível, além claro, de excelente músico, pois é harmonicista das bandas Juke Joint e Goodfellas.
Bom, cheguei ao evento por volta das 20:00hs, a tempo de ouvir o timbre das gaitas amplificadas de Joe Marhofer da The Headcutters, banda de Itajaí-SC que está despontando pelo país com sua excelente proposta de tocar um blues mais anos 40 e 50, inclusive, e esse inclusive é importante, com a sonoridade daquela época, além claro, da competência e criatividade dos músicos que compõe a banda, junto com seu convidado da noite, Melk Rocha, gaitista de técnica incrível, proprietário da Bends Harmônicas, sem contar o conhecimento, carisma, e simplicidade que pude constatar depois. Ao entrar, já encontrei nos trilhos de trem (que ainda existem) em frente ao Mississipi (quer coisa mais blues que isso? rsrsrs...) meu grande amigo Douglas Caberlon, baixista dos bons mesmo, da banda Little Boogie de Porto Alegre, que por sinal me acompanhou e auxiliou na tarefa de entrar em contato com as lendas, trocar uma idéia e presenteá-las com uma camiseta da Marka Diabo (valeu meu velho!). Acompanhamos o restante do show com grande entusiasmo, depois claro de abastecermos nossos copos com um Chopp Coruja, aliás, parabéns mais uma vez, a idéia de presentear cada pagante com um copo personalizado do evento (4 cores diferentes) para não ficar aquela sujeira de copos plásticos descartáveis no fim da festa.
Em seguida, assistimos ao show da Beale Street do RJ, com a participação de Pedro Strasser, exímio baterista do Blues Etílicos, banda que dispensa apresentações. O show foi magnífico, com Pedro “quebrando tudo”, levando juntamente com “guitas” da Beale a galera ao delírio.
Em seguida foi a vez de Fernando Noronha e Black Soul subir ao palco, (que aliás, o fundo do palco principal parecia a frente de uma velha casa do sul dos EUA... muito legal) o show estava ótimo, sua grande performance aliada aos grande músicos e sua competente guitarra, deram a noite um sabor de alegria ao Blues, descontraído. Logo após esse grande show, prestei mais atenção ao Festival em sí, visitando os outros 3 palcos que começariam os shows simultâneos, no intervalo do Palco Principal. Era só escolher, ou no meu caso, ficar um pouco em cada um e saborear a qualidade das atrações. A multidão era grande, não somente se comprando por ser um evento de Blues, mas realmente estava lotado, com pessoas curtindo os shows no Mississipi, no palco Tennessee, ou no palco Chicago, dentro da própria estação, ou ainda visitando os stands, ou quem sabe aproveitando o intervalo para matar a fome na praça de alimentação no final da rua. Optamos por ficar curtindo no Palco Chicago, onde a Azambujas Blues Band já dava o tom e passava o som para logo depois do Show de Billy Branch fazer tremer as paredes da antiga estação, (fato esse que se comprovou mais tarde).
Resolvemos visitar o stand da Bends harmônicas, que já havia visitado ano passado, mas desta vez, quem me serviu de anfitrião foi o próprio dono da história, Melk Rocha, que nos recebeu como estivéssemos em casa. Enquanto nos mostrava as diferenças de timbre e tom das gaitas, dava uma “canjinha” que deixava a todos a volta arrepiados, inclusive a mim, tanto que não demorou para encher de gente na frente do stand para ouvir, não acreditava que estava ouvindo fraseados tão perfeitos ali, ao vivo, o cara tocando parecia tão fácil (cara, isso nos irritou profundamente, rsrsrs)! Logo na sequencia chegou o Joe Marhofer, dizendo que veio pelo ouvido! Quando a zoeira ia começar, apareceu um baixo acústico gigantão com cara baixinho com sotaque portunhol fazendo base para os solo harmônicos e aí que a coisa esculhambou mesmo, pois o cara tocava bem pra caramba. Logo depois com os ânimos mais calmos, conversei com O Melk sobre a Marka Diabo, as estampas, o conceito, a atitude, etc... mostrei uma do Charlie Musselwhite que estava usando ele curtiu pra caramba! Marcamos que na noite seguinte eu as levaria até o evento. Nos despedimos porque o já ouvíamos alguém chamando todos até o palco principal que o grande show de Billy Branch iria começar.
Optamos por ficar na frente, porém na lateral do palco, de pé, pois em frente ao palco eram todas cadeiras (não sei como olhar um show desses sentado!), não acreditava que estava ali a poucos metros assistindo a ninguém menos que uma lenda da harmônica, cresci ouvindo tantos cds dele na minha adolescência e para mim até aquele momento era quase certo que jamais viria a vê-lo ao vivo (se eu soubesse o que me esperaria), mas estava ali, e tocando como nunca!
O show foi um absurdo de tão bom, com o Billy arrancando aplausos e assovios de furar os tímpanos de qualquer ser mortal naquele lugar a cada solo de harmônica, mostrando que está melhor até do que antes (se isso for possível)! Billy Branch com seu sempre inconfundível chapéu estilo panamenho, encantou a todos com frases fazendo referência ao Festival, ao convite e ao Brasil, sendo bastante carismático, porém ao mesmo tempo com uma seriedade ímpar no palco, mostrando que o Blues merece todo o respeito e deve ser sempre levado muito a sério. Porém, o que conquistou o público mesmo foi a canção que escolhera como despedida. “Got my Mojo working” que levou o festival inteiro cantar junto numa só voz! Incrível e inesquecível!
Recém terminado o show, fomos direto ao palco Chicago, onde agora sim a Azambujas Blues Band, com a ilustre presença de Fabiano Mittidieri, quase incendiou o antiga estação de Trem de Caxias do Sul, o talento dessa banda já é reconhecido em todo o estado e principalmente pelo interior, tanto pela força da contagiante e enérgica gaita de Mario Azambujas, seja pela voz encorpada de Alice, ou ainda pela experiência de Arno Azambujas, mas com certeza também é devido ao talento e a empolgação de Feijão, típico batera doido que ao olharmos o cara em ação temos a nítida sensação de que esse diverte mais do que trabalha, ou melhor, esse trabalha se divertido, mas antes do tudo , um virtuose do instrumento, o show foi demais!
Terminamos a noite no Mississipi Blues Bar, acompanhando o Show do excelente gaitista Ale Ravanello; músico carismático, humilde, gente muito boa, e ainda dono de uma técnica segura e ímpar que impressiona a todos sempre, com certeza, um grande expoente e representante da Harmônica gaúcha, assim como tantos que temos por aqui; e seus convidados. Mostrando ser um bom anfitrião, dividiu o palco com inúmeras feras do Festival, repetindo a fórmula do ano passado, em que naquele mesmo palco aconteceram encontros históricos do Blues desse país (Magic Slim, Jefferson Gonçalves, Robson Fernandes, Andy Boy, etc), e nesse ano com ninguém menos do que Billy Branch, onde de sua mesa saboreando uma Heineken, contemplava o ritmo e o tempero Gaúcho-brasileiro, até que, depois de convidado, nos presentear com uma canja incrível! Eu só conseguia pensar numa frase enquanto estava ali, a meio metro de distância do “homem” sentado na mesa ao lado da dele e digerindo aquela enxurrada de talento ouvido a dentro:
• Cara, e eu tô aqui presenciando isso, não acredito!!! Foi aí que percebi que só mesmo no Moinho da Estação as lendas caminham entre os mortais.
Vale lembrar que pouco antes desse momento surreal, meu amigo Douglas havia sido também convidado a subir ao palco e contribuir para eternizar o momento, subindo até mesmo em cima de uma das mesas do bar, visto que o palco era pequeno e a euforia de todos grande demais, nessa hora vale tudo, com a platéia ensandecida vibrando de emoção a cada música, o único problema foi que meu valente e intrépido amigo baixista, depois de encerrada a participação, negou-se a descer da mesa em que estava (na verdade morrendo medo de errar o pé despencar lá de cima com baixo e tudo devido ao seu teor alcólico alterado).
06:00 hs da manhã, chuvarada. “Fui embora dormi!, Câmbio desligo!”

PARTE DOIS - SABADO -CONTATOS IMEDIATOS











Sábado.
(Contatos imediatos)

O sábado passou meio estranho, eu dormindo e acordando de ressaca no quarto do hotel. Pudera!
Acordei, comi alguma coisa na rua, forrei o estômago enquanto lembrava da noite perfeita no delta de Caxias do Sul, um sorriso de satisfação brotou na rosto, tava demais!!!
Depois de uma banho pra recuperar as energias, peguei um táxi para o Festival e encontrei meu grande amigo Douglas, seu irmão Denis e um casal de amigos já na fila guardando lugar pra mim, visto que a fila era quilométrica! O show de Andy & the Rockets já estava rolando. O Show de Andy Boy foi demais, o cara é referência (e muitas vezes professor) para muitos dos gaitistas que hoje despontam na cena gaúcha. A banda faz interpretações de rock e baladas dos anos 50, com um pouco de surf-music intrumental dos anos 60, sua banda mostra muito entrosamento num clima de amizade de velhos amigos, um excelente show pra se deixar viajar através das décadas, principalmente com uma boa cerveja Heineken beeem gelada a tira colo ou um chopp cremoso da Coruja, aí tudo fica com outro gosto.
O show de Décio Caetano & Nicolás Smoljan estava ótimo. Décio já é figura carimbada na América Latina, formando parcerias com grandes nomes do Blues nacional e internacional, dono de um estilo muito próprio, esse paranaense cria composições no palco simplesmente incríveis, sem falar na destreza com que usa o slide, transmitindo toda a emoção que esse gênero nos transmite a alma. Nicolás é simplesmente demais, gaitista de renome internacional, esse Argentino que foi inclusive aluno de Howard Levy dá aulas particulares de harmônica também na Escuela de Blues del Collegium Musicum de Buenos Aires, primeira Escola de Blues do país. Sua técnica é realmente impressionante, e muito criativo com o instrumento. Sem dúvida alguma um show para se rever algum dia, não somente eu, mas a julgar pelo barulho da platéia... creio que essa é a opinião de todos que estavam lá.
E chegou um dos momentos que esperava muito. Ver ao vivo o show do Blues Etílicos! Creio que foi a primeira banda nacional de Blues que escutei na vida. Ainda bem moleque “ranhentinho” descobrindo novos sons, me deparei com uma fita cassete do Blues Etílicos de um amigo meu, já conhecia o gênero, claro, mas ao ouvir a gaita de Flávio Guimarães, cara, parece que ela falava uma língua que eu não compreendia, mas entendia tudo ao mesmo tempo, eu entendia o sentimento dela! Descobri isso muito tempo depois! O único comentário que meu amigo fez foi: - Cara, essa é a banda que trouxe o Blues pro Brasil.
Apartir daí então virei fã, não somente pelo excelência musical de todos os componentes, mas pela trajetória e batalhas que que devem ter encarado a fim de não desistir de destilar e levar o Blues adiante nesse país.
O show estava pra começar. Eu claro, no lugar estratégico de sempre, na lateral, bem na frente, esperava as luzes do palco se acenderem para ver de perto os caras que décadas atrás fizeram tornar possível que esse Festival acontecesse. Ao mesmo tempo pensava: -será que esses caras se dão conta disso?
Enfim, o Show começou, e Flávio rasgando sua harmônica acompanhado pelo resto da banda levou a mim, esse mero aprendiz de harmônica e sonhador a ficar com os braços arrepiados, e o público, no paraíso.
É incrível o respeito que essa banda tem por parte de todos, e principalmente da sua importância para a música brasileira. A cada riff da guitarra perfeita de Otávio Rocha a cada performance corporal, (no sentido de incorporar mesmo!) a cada começo, meio e fim de uma música, nós, meros seres mortais, convidados a espiar aquele maravilhoso universo de deuses e semideuses, presenciamos momentos de tirar o fôlego com a técnica apurada, a destreza, mas principalmente o feeling, o sentimento de estar fazendo Blues, participando daquele momento e eternizando na mente de todos os presentes, momentos que ficarão incrustados na alma de cada bluseiro que se deslocou até o Moinho da Estação. Otávio Rocha se algum dia precisasse provar algo a alguém de seu talento, aquela teria sido a situação perfeita! Não deixaria pedra sobre pedra.
Ao leitor deve estar parecendo excesso de adjetivos, parecendo aquelas tietes dos vídeos dos Beatles arrancando os cabelos os rasgando a roupa em frente ao palco... não, nada disso, ninguém que eu tenha visto cometeu algo parecido, muito menos eu hein! Mas me perdoem alguns outros gêneros de música popular, mas essa profundidade e mistura de técnica, estudo, sentimento (sem ser melosa), cercada de lenda, feitos e principalmente, contexto cultural e históricos, eu desconheço e é por isso que nosso respeito as vezes parece exagerado, porque no Blues você tem que ter uma qualidade cada vez mais rara hoje em dia na música, Talento, você tem que ter talento pro negócio, se não serão apenas um apanhado de riffs e fraseados decorados, essa é a diferença.
Voltando ao show, foi du caralho assistir a cada um dos integrantes solando com uma afinidade de realmente 20 anos de estrada, mas divertindo-se entre eles como garotos que estão adorando o que estão fazendo. Simplesmente demais! Demais! Flávio Guimarães é dono de talento reconhecido em mais de vinte anos de estrada, falar dessa lenda viva do Blues não somente nacional, mas mundial, seria dedicar páginas e mais páginas falando sobre um cara que me parece que simplesmente não erra! Sendo que ao leitor que se por ventura ainda não conhece um dos pilares do Blues Nacional, informe-se AGORA! O momento alto do show, pelo menos pra mim, foi quando o espetacular Greg Wilson convidou a todos a cantar junto a mágica “Misty Mountain” com a voz rouca e calma, característica pessoal impressa em tantos cds, seja com o próprio Blues Etílicos ou engrandecendo com participações em álbuns de outros artistas, Greg Wilson mostra que realmente isso vem de berço, já que nasceu no próprio Mississipi, trazendo na voz, a bagagem necessária a uma suave viagem conduzida através de melodias certeiras em tons de azul noite adentro.
Sobre Claudio Bedran e Pedro Strasser não me estenderei muito aqui, dois pilares que qualquer um gostaria de ter em sua banda. O Show ficou gravado pra sempre na memória! Principalmente com Flávio agradecendo a todos, elogiando tudo, a qualidade do som, a equipe técnica, a iniciativa da realização do festival, ao atendimento das meninas do Mississipi Bar (alguém discorda?), ao convite para participar desse que, segundo palavras do próprio, na sua segunda edição já se tornou o maior Festival de Blues da América Latina inteira! Encerrou dando os parabéns ao Rio Grande do Sul e a Caxias do Sul e disse que estaria no stand da Itapema para autografar cds.
Olhei pro Douglas e falei:
-Vamo lá que agora é a hora!
Porém, como ainda fomos pegar mais um Chopp e passar no stand da Toca do Disco do Rogério para adquirir mais um cd dos caras, acabamos demorando um pouco e quando fomos para stand da Itapema falar com o Flavio, o cara já tinha saído de lá. Que mancada! Perder de falar com ninguém menos que Flávio Guimarães! Voltamos para a Toca do Disco e comentamos com o cara que trabalhava lá, mas aí ele nos perguntou: -Tá, mas o Flávio tá sempre vindo aqui, deem um tempinho aí pela frente que daqui um pouco ele aparece! Enquanto isso porque vocês não pegam o autógrafo do Otávio?
Quando olho para o meu lado e vejo que Otávio Rocha em pessoa estava ao meu lado olhando alguns cd´s, olhei pro Douglas com um sorrisão largo e disse: -Cara, a sorte tá com a gente hoje!
Chegamos no Otávio que nos recebeu super atencioso, gente boa mesmo! Com uma humildade ímpar. Dá gosto encontrar gente assim! Conversei com ele sobre a MarkaDiabo e tal... falei tudo. Ele achou a idéia genial, disse que gostaria muito de conhecer, pois curtia muito camisetas personalizadas... então procurei na sacola uma do tamanho dele e o presenteei. Ele ficou não acreditando muito que o presente era pra ele, mas o sorrisão de orelha a orelha que abriu entregou o jogo, hehehe... Perguntei se ele tinha gostado da estampa, já que dei uma do Muddy Waters a ele, e porque também o novo cd dos caras é uma homenagem a Muddy. Perfeito! Otávio olhava a estampa, a qualidade da camiseta tecendo mil elogios, quando lhe perguntei se podia tirar uma foto dele segurando a camiseta para colocar no site, ele simplesmente disse:
-Segurar? Cara, eu vou vestir a camiseta de vocês!
Cara, ouvir isso de uma cara desses não tem preço! Logo depois que tiramos a foto, ele berrou para alguém todo feliz:
-Flaviooo, Flaviooo... (adivinhem que Flavio era? SIM, o próprio Flavio Guimarães!) Dá uma olhada na camiseta que ganhei!!!
-Caramba Otavio, legal hein?
O Otávio gostou da camiseta que usou-a pelo resto do Festival, dando umas canjas aqui e ali. Era apontar perto de um dos palcos que já era chamado para abrilhantar o show.
Para encerrar o nosso papo, lembrei que no repertório que eles tinham tocado havia uma do Charlie Musselwhite, que também sou fã, peguei uma na sacola e presentei o Flavio, que elogiou pra caramba o presente, enfatizando que estava muito criativo e bem feito! Falei que sempre fui fã da banda e mais ainda dele, ele agradeceu os elogios e perguntou se eu tocava e tal... e a conversa fluiu com Flavio me dando alguns toques (surreal). Agradecemos e perguntamos se poderíamos tirar uma foto dele com agente segurando a camiseta na frente, ele olhou e disse:
-Claro! Claro! Vamo lá!
Quase não acreditei enquanto saía dali nos despedindo deles, depois dos dois ainda terem autografado o meu cd. Não dava pra acreditar! Essa ia demorar pra “cair a ficha”...
Logo após o show, encaramos a tradicional fila pra encher o copão de chopp (mas claro, sempre vale a pena!) e paramos novamente no Stand da Bends Harmonicas. O Melk já se encontrava lá, sempre recepcionando super bem o pessoal, quando deu um tempinho, cheguei junto para mostrar as camisetas da Marka Diabo, mostrei alguns modelos de estampas de Blues que tinha e de cara ele bateu os olhos no Son House e disse: Cara, essa é minha! Minha! Hehehe...
Perguntou se poderíamos fazer algumas estampas mais voltadas para gaitistas (Little Walter, Sonny Boy Williamsom, etc.) já que disse que tínhamos apenas a do Charlie Musselwhite e do Canned Heat, que por sinal estava usando; confirmei que sim, claro, ficando encarregado de avisá-lo quando colocar no ar as novas estampas, pois curtiu muito a qualidade da impressão e da malha bem como a postura da Marka e a criatividade. Sendo assim, me presenteou coma Bends Prima! Falei que não precisa, mas ele foi enfático: -Cara, se eu ganhei um presente, porque vc não pode aceitar? Toma aí!
Putz velho, demais o presente! Valeu Melk!
Enquanto conversávamos, ríamos, tocávamos (mais ele do que nós, claro!), o Douglas que havia virado fotógrafo de celebridades no evento, me avisou: -Cara, olha quem tá vindo pra cá! Essa é a foto! Não menos que Billy Branch, caminhando a passos lentos pelo meio de todos, com um amigo (creio que o tradutor) a lhe acompanhar. Douglas mais que depressa, assoviou tão alto que o pessoal lá do palco ouviu mesmo com todo o barulho! Obviamente que Billy e o amigo também olharam, então mais que depressa fizemos sinal para que viesse até nós, porque aquela era a oportunidade perfeita para conhecer o homem e lhe entregar uma camiseta da Marka Diabo, porém, ele levou as mãos ao meio das pernas e fez uma cara de dor, indicando que estava se mijando e que iria ao banheiro. Ok, pensamos, já era, foi quase... vai ser difícil achar oportunidade como aquela! E continuamos a conversa com o Melk, tocando, rindo e fazendo muito barulho no stand, quando de repente o Douglas me olha com a cara mais espantada do mundo, quando perguntei o que houve? Ele só disse: -Cara, o homem tá vindo! Eu mais que depressa virei pro Melk e perguntei: -Cara, tu fala bem inglês? Ele só riu e fez uma careta sinal de mais ou menos, virei para o Douglas encarei ele com esperança no olhar, ele captou esse meu apelo soltou uma gargalhada que fui obrigado a rir junto! Não, acho que não... E agora? Chamamos o cara, e ele tá vindo! O que vamos dizer? Ou melhor, COMO vamos dizer alguma coisa que seja?
Até que Billy chegou até nós com um sorriso meio desconfiado de canto de boca:
-Hey Man!... Vindo diretamente a mim me estendendo a mão. Sabe aquele momento que se transforma em câmera lenta? Pois é... eu estava a dois segundos de apertar a mão de Billy Branch cara!!!!
-Hey Billy! How are you? (Olá Billy, como vai?) Falei apertando a sua mão nos encarando com expressões de simpatia mútua...
-I´m fine... (Estou bem...)
-Mr. Branch, I want to give this gift, ok? For you... (Sr. Branch, eu gostaria de lhe dar um presente, ok? Para você...)
-A gift? Me? (Um presente? Pra mim?)
-Yeah man...
(sempre quis dizer isso para um autêntico Bluesman de Chicago, hehehe...)
Então lhe entreguei a camiseta da Marka Diabo com a estampa de Robert Johnson (era a única GG que tinha comigo, hehe...), ele abriu o pacote, desdobrou a camiseta, olhou a estampa e arregalou os olhos e um sorriso:
-Oh Man... Robert Johnson!!! Yeah...
(Putz, o cara gostou muito!)
-Do you like Mr. Branch? (O senhor gostou Sr. Branch?)
-Very... Thank you Man! Thank you! (Muito... Obrigado cara, obrigado!) Falou me agradecendo olhando nos olhos com um sorrisão.
-Thank for you man! (Obrigado a vc cara!)
Então solicitei para o amigo que o acompanhava que explicasse sobre a Marka Diabo e tal...
O cara fala enquanto Billy me olhava com cara de quem estava entendendo tudo, até ELE MESMO PEDIU para que tirássemos uma foto, e piscou o olho, entendemos que seria para ajudar na divulgação do site, Bah, o cara era simpatia em pessoa! Mas como o momento era único solicitei mais uma foto sem a camiseta, para arquivo pessoal, e ele topou na hora. O Douglas também aproveitou o momento, e logo ele já foi se encaminhando para a saída se despedindo de todos, pois iria dentro de instantes fazer uma participação especial no show de Carlos Johnson, também de Chicago.
E saiu andando seguindo seu caminho entre os mortais que ali estavam. Ao me virar olhei o Melk e o Douglas com cara de espanto e rindo, tipo: -Pô tava todo preocupado em não conseguir falar com a cara e acabou mandando muito bem no inglês!
Realmente até hoje não sei como saiu sem gaguejar... Sem hesitar nem nada... saiu, só isso. Não sei de onde veio, mas consegui entender numa boa e me fazer ser entendido. Acho que a necessidade era maior! Hehe... Tá, tudo bem que não foi o”O diálogo”, coisa simples mesmo, mas já vi gente que “travou” não conseguiu emitir sequer um oi direito. Parecia petrificado pela medusa! Pensando assim acho até que me saí bem...
Quando o super show de Carlos Johnson começou entendi porque guardaram o melhor para o final. Carlos, que também é de Chicago, subiu ao palco com seu amigo Billy Branch, onde novamente nos agraciou com sua técnica e sentimento, mas ao lado de Mr. Johnson, parece que recebeu alma nova. Carlos por sua vez, nos embriagou com refinamento, em doses pequenas, porém amargas de seu Blues, como um bom Bourbom sempre deve ser, amargo e difícil de ser ingerido no começo, mas depois que passa pela garganta e alcança a corrente sanguínea, aí leva apenas alguns doces segundos para alcançar o centro do seu cérebro e anestesiá-lo ao poucos. Carlos veio a Caxias do Sul e assim como Billy Branch, mostrou e ensinou a todos porque Chicago é a Meca para todo e qualquer bluseiro, é beber direto da fonte, apreciar a história do Blues mundial “in loco” .
Com canções que ao invés de expressar as tristezas da vida, a mim me pareceu que este sentimento tão característico do Blues fora deixado de lado, tamanha a euforia e felicidade com a qual demonstrava de estar presente aqui, principalmente após, sem parar para respirar um segundo sequer, virar um copo inteiro de caipirinha que lhe foi ofertado pelo Toyo, para espanto e gritaria geral de todo o público presente, o cara era uma figura... Sempre sorrindo, fazendo piadas, arrancando aplausos e assovios de todos, depois de algumas canções alcançadas com extrema perfeição, Carlos Johnson resolveu presentear a platéia, descendo com sua guitarra até o meio do público, fazendo com que um apanhado de seguranças o cercassem e dando aos mesmos muito trabalho. Não parou de tocar e cantar um minuto, mesmo com alguma dificuldade de descer as escadas do palco, devido a estar um pouquinho acima do peso digamos, e aliado a isso, sua idade que deve também fazer alguma diferença nessa hora. Mas o importante era que naquele momento, com todos os “armários” fazendo a segurança de Mr. Johnson, flashes de câmeras, braços tentando tocar em algum pedaço de seu corpo, empurra empurra, demonstrava estar muito a vontade entre nós mortais. Na mesma hora em que essa loucura acontecia, eu que estava mais afastado, pois estava na lateral, olho para o palco e vejo Billy Branch com um celular filmando tudo lá de cima, até que virou o aparato em nossa direção, não tive dúvidas apenas ergui o braço lá de baixo e dei apenas um tímido aceno de: Valeu cara!
Na mesma hora, Mr. Branch, tirou o olho do aparelho e focou onde eu estava para ver quem havia acenado, então foi que mesmo lá de cima ele me reconheceu, sorriu, e acenou de volta com a cabeça, como quem dissesse: -Oh, is you Man... (Oh, é você cara...)
Apenas sorri e acenei com a cabeça, como quem respondesse: -Yeah Man, it´s me... (Sim, sou eu)
Carlos voltou ao palco e terminou o resto de seu show com Billy Branch, arrepiando os cabelos de todo o público ali presente extravasando sentimentos e técnicas simplesmente incríveis e inesquecíveis, não só para mim, mas para todos que presenciaram um espetáculo como aquele. Por fim, esbanjou ainda mais simpatia, mostrando-se muito satisfeito pela recepção que teve aqui no Brasil e pela organização e estrutura do Moinho da Estação Blues Festival em sua 2° edição.
O zoeira seguiu noite adentro no Bar Mississipi até as 6 da matina, com inúmeras jam´s, como já era de se esperar, com a participação de inúmeras estrelas, bom demais e pra ficar pra sempre gravado na memória.
Bom, espero ter conseguido passar um pouco do que foi a emoção de ter presenciado ao Moinho da Estação Blues Festival em sua 2° edição.
Deixo meus parabéns a todos da equipe de organização, não somente pela iniciativa, mas pela excelente qualidade de tudo, mas também pela preocupação com os mínimos detalhes. Que venha o 3°! Pois se você ainda não conhece, vale a pena fazer uma “caixinha” e já ir juntando grana para a edição do ano que vem, pois evento assim torna-se um patrimônio de todo o público que de alguma forma seja ligado e enraizado ao Blues, seja como músico; pois o aprendizado acontece a todo momento por lá; seja como consumidor; pois o roll de estrelas a ser visto por lá é sempre de primeira qualidade e escolhida a dedo.

Deixo um forte abraço ao Nino Lee e a Ana sua esposa, pela idéia e visão em tentar mostrar não somente aos bluseiros desse país que moram em regiões distantes, mas também tentar relatar e passar essa vivência a públicos de outros gêneros musicais que por ventura desconheçam o Blues. Agradeço também ao meu grande amigo Douglas Caberlon que sem o apoio relatado acima, tudo ficaria muito mais difícil, a Dani Bunitona pelo apoio e a Liliane (minha chefe)pela compreensão do amor que tenho pelo Blues . Valeu a todos e fico aqui na torcida para que na edição do ano que vem a grande Cracker Blues, possa figurar e brilhar como eles brilham entre as atrações do evento .

Michel Krause

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

SAMMLIZ E A MADAME SAATAN EXORCIZANDO MESMICES





A Madame Saatan é outras destas gratas surpresas dentro do novo cenario nacional de rock, uma banda que já tem bons anos de estrada e utiliza-se de um senso auto critico feroz como o som que fazem,um rock de peso altamente energetico dotado de conteudo e atitude de tirar o chapéu .
Conversei com a vocalista ,a super carismatica Sammliz ,que pelo que deu para perceber possui uma bagagem e tanto no que toca a gostos pessoais e ideologias ,uma longa historia que vai da admiração e vivencia direta desde os tempos do Olho seco e Cólera até a admiraçao por estrelas como Elis Regina .
Ela e sua banda sabem muito bem onde pisam e onde não devem pisar para que conquistem respeito a admiração necessarias para serem o que são autenticamente ,suas palavras possuem força e fogem do conteúdo vazio que reina entre grande parte das bandas do rock nacional , aproveitem cada palavra por que é de pessoas assim que o rock necessita .

Nino – Sammliz, você já tinha um envolvimento musical antes de fazer parte do Madame Saatan com experiências de punk e hardcore... como foi esse começo ?

Comecei em uma banda que nem chegou a sair do esquema ensaio e logo depois entrei em uma banda de punk-hardcore chamada Morganas, com 16 anos mais ou menos. Era para ser a baixista, mas acabaram me empurrando pro vocal. O começo foi aquela coisa divertida e despretensiosa mesmo, eu só vivia para ensaiar, estudar e frequentar shows no Teatro Waldemar Henrique, templo do rock paraense na época. Achávamos o máximo ser a única banda de garotas da cidade e ainda havia gente que gostava da tosqueira do som que fazíamos, então, tava bom demais. Escutava coisas como Vírus 27, Olho Seco, Cólera e Mercenárias que conseguia de amigos que tinham gravações de cassetes toscos e já escrevia umas coisas, mas era tímida demais pra mostrar. Um amigo que era de uma outra banda punk fazia as letras. Uma ou duas coisas minhas entraram, eu acho.

Nino - A música pesada já fazia parte da tua vida muito antes de montar uma banda seja no metal como no punk rock.
Com que idade o rock mais pesado passou a ter tua admiração e quais foram as primeiras bandas que fizeram tua cabeça nesse sentido?

O primeiro disco de rock que ouvi na infância foi o The Dark Side of the Moon do Pink Floyd. Meu pai acho que nem tinha idéia do que estava fazendo quando comprou a fita cassete(hehe) e colocou no carro inúmeras vezes enquanto nos levava à alguma praia. Minha mãe gostava de Queen e haja Queen na estrada também. E assim eles iam construindo sem saber meu gosto pela coisa. O som mais pesado foi pouco tempo depois, na entrada da adolescência, quando uma boa alma emprestou um vinil do Ozzy Osbourne, e ai entrou o Black Sabbath em minha vida, que puxou Metallica, Slayer, DRI, Pantera, AC/ DC, Anthrax...

Nino - Fale um pouco sobre essa experiência como serem convidados a fazer a trilha sonora para a peça teatral de um espetáculo baseado no Ubu Rei, de Alfred Jarry.

Eu estagiava no setor de artes cênicas de uma universidade e o diretor, Paulo Santana, me chamou para fazer a trilha quando soube que tinha uma banda. Já era o Madame Saatan, mas não tinha esse nome ainda. Jogamo-nos e passamos a fazer as músicas para o universo “Ubulesco” que ele queria. Foi intensa a experiência e a partir dela a gente virou banda mesmo.

Nino - Ouvindo o ecletismo calçado no rock de peso da Madame Saatan nota-se que Cada músico, pelo que se percebe, tem um diferencial de gostos musicais, que geraram a sonoridade que acabou criando uma personalidade forte na banda. Qual o papel de cada um nessa fusão que explode em uma sonoridade visceral e e ao mesmo tempo consegue dosar toques do melhor feito na musica popular brasileira e ritmos regionais e focloricos ?

Eu estava vindo de duas bandas seguidas que faziam esquema gig e não aguentava mais aquela vida. Eu e Icaro, velhos parceiros musicais, queríamos encontrar gente disposta a fazer som autoral, pesado , em português e que tivesse um plus a mais que não sabíamos bem o que seria. Encontramos o sangue novo de que precisávamos meio que por acaso. Ivan tocando em um bar obscuro e Ed em um karaokê.

Nino - O grande diferencial de vocês está nas pitadas regionais embutidas no som, uma experiência que ajudou a tornar o Sepultura mundialmente conhecido, e levar até o resto do mundo um pouco do que existe de fantástico nessa parte cultural regional de cada estado. Como vocês mantêm contato com isso (já que pode tanto ser por pesquisas como por um contato direto que nos revela outros universos paralelos vivenciados na experiência direta)? Como é essa parte no caso de vocês?

Nascemos e vivemos boa parte da vida em Belém imersos de alguma forma dentro do caldeirão cultural que abastece o Estado. Vindo de uma região tão bem servida a gente só precisa deixar as tais pitadas aflorarem quando elas quiserem. Não temos compromisso em fazer algo que soe assim, mas se soar a gente deixa e pronto.

Nino - Quais cantoras você considera exemplos de atitude, voz e autenticidade que já nasceram no Brasil e no mundo ?

Bessie Smith, Aretha Franklin, Ella Fitzgerald, Tina Turner, Nina Simone, Angela Gossow, Elis Regina, Bjork, Cassia Eller.

Nino - Como foi o início da história de vocês, aí na capital paraense? A gente aqui não tem uma noção exata da cena no Pará hoje ,exceto alguns festivais recentas que acabam revelando novas bandas do local, mas sete anos atrás, quando vocês surgiram... como foram esses primeiros passos até lançarem a demo “O Tao do Caos” ?

A cena do Pará sempre teve algo de bom acontecendo, em maior ou menor grau. Atualmente, há bastante movimentação com várias bandas, coletivos e festivais. Recentemente aconteceu o Festival Se Rasgum, bastante elogiado. O Circuito Fora do Eixo passou a trabalhar mais efetivamente em Belém através do Coletivo Megafônica e tem o portal BelRock.com.br, que é referência para quem quiser saber mais sobre as bandas e o que acontece no Pará.


Nino - O Tao do título vem do conceito fundamental do Taoísmo de Lao zin? Significa o “caminho do caos”?

Andava relendo um livro do Fritjov Capra que nem era o famoso Tao da Física e novamente estava lá o paralelismo entre o taoismo e a física quântica. As coisas que envolviam naquele momento nossas vidas e aquele primeiro registro eram intensas, coloridas e caóticas, como qualquer nascimento. Um tal de caos, pensei. Tal... Tao... Gostei dessa brincadeira e ficou.

Nino - Isso me leva a crer que há muito mais coisas além da música envolvidas na filosofia da banda. Há uma ligação forte com o conceito de sabedoria ancestral e conhecimento de causa com grandes mestres que plantaram sementes fortes na terra. Quem são as pessoas que você mais admira e que deixaram uma mensagem forte marcada no mundo?

Somos bem diferentes em relação as nossas crenças e espiritualidade e a banda não segue essa ou aquela. Abraçamos todas e nenhuma. As pessoas que mais admiro são as anônimas que fazem alguma coisa de relevante para si e o próximo sejam elas seguidoras de Jesus, Maomé, Mestre Irineu, Osho, Iemanjá ou Allan Kardec.

Nino - O EP lançado em 2004 projetou a banda de forma bastante positiva. Foi apontado pela revista Dynamite como um dos melhores lançamentos de 2005 e obteve um forte reconhecimento na mídia especializada. O que começou a mudar a partir desse momento?

Foi ótimo receber reconhecimento por conta de um trabalho que estava nascendo e isso serviu como mais motivação. De qualquer forma, mesmo se tivessem odiado continuaríamos na estrada.

Nino - A Internet foi usada de maneira muito bem pensada no caso de vocês. O lance de lançar singles simultâneos em mais de 30 sites brasileiros e outras ideias sensacionais... como foi planejar tudo isso ?

O projeto foi idealizado pelo nosso produtor, o Bernie, e ganhou vida com a parceria do Circuito Fora do Eixo auxiliando nessa articulação, tanto que logo surgiu o projeto Compacto.REC para lançar singles virtuais nessa plataforma. A ideia principal era fazer com que a música pudesse chegar aos mais diferentes nichos, mercados e estados. A grande dificuldade foi organizar e fazer com que todos fizessem um trabalho simultâneo e coordenado, mas no final saiu tudo como planejado, foi uma boa experiência e que está sendo muito bem aproveitada pelo circuito.


Nino - Como você acha que a internet pode realmente ser usada a favor de uma banda hoje em dia? Há maneiras que podem deixar uma banda sem sair do lugar, mas ao mesmo tempo existem possibilidades que podem projetar alguém de maneira eficiente. Que dicas você daria para os que hoje buscam serem reconhecidas mas não sabem por onde começar ou começam por caminhos tortuosos que podem não levar a lugar algum?

Buscar reconhecimento é o foco errado para quem está começando. Se vai usar a Internet para divulgar o trabalho, ele tem que estar bom e por isso o foco primário é o som está pronto para estar ali, exposto. Cometemos erros no afã de tentar esse tal “reconhecimento” sem estarmos preparados, e muita coisa sem qualidade foi jogada no cyberespaço. No começo da banda essa coisa de youtube ainda não era o frenesi que era hoje, e não sabíamos como usar essa grande vitrine que é a Internet. Quer ter banda? Ser músico? Ensaie, estude, toque bem, faça muitos shows, crie seus sites, participe de festivais, troque informações, trabalhe muito para investir na banda, se vire; e aí, pense em reconhecimento. Se ele virá, ninguém sabe.

Nino - Me fale sobre um pouco do significado da canção “ Vela”...

Ela fala do sagrado e profano que habita todos nós. Foi inspirada em uma das maiores procissões católicas do mundo que acontece em Belém do Pará, que é o Círio de Nazaré.

Nino - Depois do reconhecimento inevitável conquistado por vocês, chegando a ganhar prêmio de melhor álbum de heavy metal em 2008, a estrada se abriu em definitivo para a banda. O que rolou de mais bacana depois da façanha de sair do Pará em direção a vários outros estados do país, inclusive como atração arasadora em grandes festivais?
O que você considera que de mais bacana rolou nessa jornada, nesse portal que vocês abriram com essa força latente em vocês?

Ficamos felizes com as críticas e manifestações favoráveis do público nas cidades e em festivais por onde passamos. Fomos obrigados a deixar Belém por causa da dificuldade de deslocamento para tocar em outros Estados e participar dos festivais independentes. Era muito caro. Viemos para São Paulo para uma experiência de 3 meses e logo na chegada conseguimos um contrato de endorsement com uma importadora de grandes marcas de equipamentos. Com esse aceno da sorte emendamos uma tour pelo nordeste que era tudo que precisávamos para divulgar o primeiro cd e que foi super positiva. Participamos de programas de TV de circulação nacional, tivemos boas resenhas em mídias especializadas e não tivemos que reclamar até agora. A única coisa que sabemos é que é um recomeço e que temos uma estrada longa para conseguir de fato nosso lugar ao sol.


Nino - Gostaria que você comentasse sobre os clipes da banda que tiveram apoio de gente bem bacana e que conquistaram espaços bem legais na mídia...

Conhecemos muita gente talentosa e essas pessoas nos deram a imensa felicidade de trabalhar com elas. Um delas é Priscilla Brasil, uma jovem cineasta paraense adoradora de sons e emoções fortes. Ela fez nossos dois clipes que circularam em algumas TVs e que tiveram boa exposição (“Vela” e “Devorados”). Os dois foram feitos a custo zero e apenas com a força do trabalho de outras pessoas, que igualmente nossa querida diretora. São profissionais de mão cheia.

Nino - Qual a sensação de ver o trabalho da banda saindo bem na foto nos meios de comunicação mais importantes do Brasil, ao mesmo tempo em que o Brasil anda um tanto fechado para ceder espaço em âmbito geral ao rock, como nas décadas de 80 e 90?

Sensação boa, mas lidamos com a realidade e com ela não dá pra ficar parado. Já estou pensando na frente e lá eu quero estar com um novo cd e tocando muito. Não fico pensando em como o mercado esta assim ou assado para sons como o nosso senão paraliso. Sei que há público para ele e que estou feliz construindo o que eu espero ser uma carreira digna.

Nino - Como é hoje o dia a dia de vocês? A banda ainda reside no Pará ou fixou-se no centro das coisas, que é São Paulo? Dá para sobreviver somente do que a banda consegue na batalha que vocês levam em nome da música?

Este ano participamos de projetos muito legais, como o Conexão Vivo, onde ficamos em primeiro lugar entre bandas do Brasil todo, e isso rendeu um novo vídeo clip que sai, eu espero, no primeiro semestre do ano que vem. Circulamos pouco em relação ao ano passado e esse foi dedicado a projetos para o segundo disco e ensaios de material novo. Cada um da banda conta com outras fontes de renda que equilibra as contas quando os cachês rareiam.

Nino - Quais os discos você acha mais importantes para a historia do rock e que essa nova geração deveria ouvir ?

O básico do básico:

AC/DC – Back in Black
Novos Baianos – Acabou Chorare
Led Zeppellin – Led Zeppelin IV
Slayer – Season in The Abyss
Pantera – Vulgar Display of Power
Beatles – Abbey Road
Black Sabbath – Paranoid
Iron Maiden – Killers
The Stooges – Raw Power
Metallica – Kill'em All
Titãs – Cabeça Dinossauro
Mutantes – Os Mutantes
Sepultura – Roots

Nino - Das bandas nacionais, o que vocês têm considerado mais relevantes atualmente?

Macaco Bong, Torture Squad, Los Porongas, Johny Rockstar, Delinquentes, Eminence, Renegado, Dead Fish, Pio Lobato, Curumim, Nação Zumbi.


Nino - E para finalizar, uma pergunta que sempre faço: se vocês pudessem voltar no tempo ou avançar, ou mesmo redirecionar o presente, a qualquer lugar do mundo iriam? E se pudessem escolher 5 bandas pra dividir o palco com vocês, quais seriam elas?

Haha... resposta difícil. Impossível dizer apenas 5 já que gostamos bastante de uma “promiscuidade musical”. Diria toda a lista das bandas dos discos essenciais, as cantoras que acho o máximo e mais as bandas nacionais citadas acima. Pode? Beijo!!
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Créditos : fotografia de rosto por Alan Lemos
Fotografia da banda por Renato Reis
Revisão de texto por Eric Marat
link : http://www.myspace.com/madamesaatan

domingo, 6 de dezembro de 2009

MATANZA NA SEDE DA MARKADIABO E TUDO SOBRE O EXPLOSIVO SHOW NO BAR DO MORRO




Tem momentos que marcam e ficarão para sempre na nossa memória e o dia 5 de dezembro de 2009 será um desses ,o dia em que recebemos o Matanza aqui em nossa casa, a casa do tal rock'n'roll em Taquara,onde fica a sede da Markadiabo.
O corre corre que antecedeu a chegada dos cariocas foi de lascar ,afinal a intenção era apresentar um típico churrasco de primeirissima para os caras e reforçar ainda mais a parceria deles com a gente .
Monidos de dois churrasqueiros de categoria, o Ramonico Aluizio , o Blues brother Michel e sua auxiliar inseparavel Dani trataram de preparar o banquete enquanto a Ana,nossa band leader dava os retoques finais.
Na sala, depois de tudo no aguardo já somadas as presenças do Renam e o Ramiro dos "Pipocas" e o seu "bar do morro" Eduardo Cabelo , o clima rock pegava solto nos vinis comigo,o Jack e o Michel da Damn Laser Vampires e dá-lhe trago e lps de 180 gramas.
Os Matanzas desembarcaram na batcaverna rock quase tres da tarde e esbanjaram simpatia e atenção conosco ,Mauricio, Jonas ,China e o inacreditavel gigante Jimmy London (que parece ter saido direto da forma de um guerreiro viking),apesar do jeitão carrancudo é gente pra lá de finissima .
Tive a oportunidade de trocar muita ideia com o cara e um toque que ele me deu em especial pode vir a ser um start em um ponto que preciso rever no meu caminho (ae Jimmy vou te agradecer para o resto da vida ,mas essa é uma história que eu vou preferir deixar guardada naquele papo).
Passamos uma tarde agradavel com sonzeira escolhida a dedo e a churrascada aprovada em unanimidade pela banda , toda sua equipe e o pessoal aqui da marka que está sempre conosco.
A noite seguiu na festa do bar do morro ,comigo quase não chegando a tempo pelo estadinho etilico em que eu acabei ficando graças ao caminhão de ceva disponivel e que descia redondo na soleira do sabado.
Mas no fim tudo nos eixos e tive a honra de apresenta-los ao publico doideira na noite estrelada sem perder a chance de dizer a todos que uma nova Markadiabo pintou no pedaço cada vez mais ligada ao rock e a uma iniciativa ainda mais furiosa de apoiar a autentica cultura musical jovem no Brasil, não somente com o intuito de ser uma loja de t-shirts de motivos cult ,mas também agora um portal de caminhos para que voce possa sacar nosso cenario de maneira mais completa .
Não posso deixar de agradecer ao Cabelo e a Bm produtora ,que foi o responsavel por essa vinda ,ao Pisca por toda compreensão que teve para nos ajudar a realizar o evento e claro, valeu Matanzas!!!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

BLUE VAN, A PRIMEIRA ENTREVISTA CONCEDIDA AO BRASIL






É com um prazer imenso que expresso a emoção de ser o primeiro cara no Brasil a entrevistar os Dinamarqueses da banda “The Blue Van”, uma banda bem legal de Copenhagen mas que por essas injustiças do mundo ainda não teve o devido reconhecimento mesmo já estando em seu terceiro álbum.
Desde que os conheci há uns dois, ou três anos anos atrás passei a ser um intenso admirador e divulgador de boca a boca do trabalho desses caras, que começaram a carreira sendo apontados como os novos The Who( na fase do album “My Generation”) e aqueles mágicos criativos momentos que reinaram nos anos 60 e seguiam contra a corrente do yeah,yeah,yeah ,acrescentando aos poucos pitadas de “The Kinks”, “Stones” e “Marc Bolan”, ganhando cada vez mais personalidade na medida em que a banda foi caindo na estrada, obtendo reconhecimento mundial e mais requinte de produção, como se pode presenciar no recente álbum “Man Up”.
Cruzamos o oceano para levar um papo com o vocalista e guitarrista Steffen Westmark ,que aliás não vê a hora de vir ao Brasil mostrar o que de melhor eles sabem fazer, só o que falta mesmo é alguém para convida-los ,ta na hora pessoal .

COMO VOCES TIVERAM A IDEIA DE MONTAR A BANDA AINDA TÃO JOVENS,O QUE INSPIROU VOCES?

STEFFEN- É UMA HISTÓRIA INTERESSANTE,HAVIA UMA PROPAGANDA DE CAFÉ NA DINAMARCA ,NOS ANOS 90 QUE USAVA A TRILHA DE “HEY JOE” DO HENDRIX ,A GENTE FICOU LIGADAÇO NAQUELE SOM E NAQUELA ÉPOCA AINDA NÃO ERAMOS MUITO LIGADOS NOS SONS DOS ANOS 60,A PARTIR DAQUELE PONTO COMEÇAMOS A APRENDER A TOCAR E COM A INTENÇÃO DE TER UMA BANDA INFLUENCIADOS POR AQUELA GERAÇÃO.

THE ART OF ROLLING ,O PRIMEIRO DISCO ,TINHA UMA PEGADA MAIS KINKS,THE WHO,ANOS 60 ,GARAGE BAND ,COMO FOI A REPERCUSSÃO DA BANDA DEPOIS DO LANÇAMENTO DO DISCO?

STEFFEN- A GENTE FOI APERFEIÇOANDO NOSSO SOM ,QUE AINDA ERA BEM CRU E CONQUISTANDO FANS QUE AUMENTAVAM CADA VEZ MAIS ,DEPOIS DE ART OF ROLLING A SONORIDADE FOI GANHANDO MAIS SOUL E UM LADO ACUSTICO COMEÇAVA A APARECER TAMBÉM EM NOSSO MODO DE COMPOR, ISSO ACABOU AMADURECENDO MUITO O QUE ESTAVA POR VIR.

COM DEAR INDEPENDENCE VOCES FORAM MAIS LONGE ,O SOM MANTEVE A MESMA LINHA ,AQUI NO BRASIL VOCES ERAM CONHECIDOS COMO UM NOVO THE WHO ,O QUE ACONTECEU DE BOM PARA VOCES DURANTE A TOUR DESTE ALBUM?

STEFFEN – PARA COMEÇAR NOSSA TOUR DE LANÇAMENTO FOI IMENSA E NOSSA MUSICA CHEGOU AO CONHECIMENTO DE MUITO PUBLICO NOVO ,VIAJAMOS PELOS ESTADOS UNIDOS DE NOVA IORQUE A LOS ANGELES E PERCORREMOS TODA A EUROPA,CHEGANDO ATÉ O JAPÃO.

COMO FOI A TURNÊ COM O JET?

STEFFEN – FOI MUITO LEGAL ,OS CARAS SÃO GENTE FINISSIMAS E A TOUR FOI MARAVILHOSA PARA NÓS.

SOBRE A REPERCUSSÃO DA BANDA NOS ESTADOS UNIDOS ,FALEM UM POUCO SOBRE ISSO?

STEFFEN – BEM...A GENTE CONHECEU MUITOS LUGARES, VIAJAMOS MUITO E APERFEIÇOAMOS NOSSO MODO DE TOCAR , TODA ESSA EXPERIENCIA AMADURECEU MUITO A BANDA.

EM 2007 VOCES ANUNCIARAM UMA PARADA ,PARA GRAVAR O NOVO DISCO EM UMA FAZENDA,COMO FOI ESSA EXPERIENCIA,HAVIA PLANOS DE UM TEMPO PARA REAVALIAR A SONORIDADE DA BANDA?

STEFFEN – SIM, NÓS QUERIAMOS UM TEMPO LONGE DE TUDO PARA ESCREVER ,COMPOR O MAXIMO DE CANÇÕES POSSIVEIS,, NEM TANTO PENSANDO EM DESENVOLVER UMA NOVA SONORIDADE ,QUE VEIO NATURALMENTE ,A IDEIA ERA FAZER UM MONTE DE CANÇÕES PARA PODER ESCOLHER UM REPERTORIO LEGAL.

MAN UP ,O NOVO ALBUM DA BANDA JÁ POSSUE UMA SONORIDADE UM POUCO DIFERENTE DOS DOIS PRIMEIROS ALBUNS ,COMO VOCES VEEM AS DIFERENÇAS ENTRE OS TRES ALBUNS?

STEFFEN – O ART OF ROLLING FOI O ROCK AND ROLL DE INICIANTES. ENQUANTO O DEAR INDEPENDENCE É UM ALBUM MAIS DESCOMPROMISSADO, COM O ESTILO MAIS ARTÍSTICO DA COSTA OESTE AMERICANA DO TIPO PUXANDO PARA O SIXTIE E O ACID FOLK ROCK DE SÃO FRANCISCO , UM TRABALHO QUE FIZEMOS DE MANEIRA MAIS RELAX. MAN UP É O RESULTADO DE TERMOS FEITO O DEAR INDEPENDENCE

COMO ESTÁ SENDO A REPERCUSSÃO DESSE NOVO TRABALHO?

STEFFEN- BEM...ELE ESTÁ SENDO MUITO BEM RECEBIDO PELAS RÁDIOS E POR NOSSOS FANS.

NINO- COMO VOCÊS VÊEM ESSE NOVO TRABALHO ?

STEFFEN –EU VEJO AS MUDANÇAS COMO UM TRABALHO DE PRODUÇÃO MELHOR ,GUITARRAS MAIS SECAS ,TIMBRES DE BATERA PRODUZIDOS DE OUTRA FORMA, NO SOM TALVEZ UM POUCO DE MARC BOLAN EM ALGUMAS FAIXAS...

QUAIS BANDAS MAIS LEGAIS VOCES CONHECERAM NESSE TEMPO NA ESTRADA?

STEFFEN - MUITAS. LITTLE BARRIE, DAN AUERBACH, BLAKROC, NICOLE ATKINS, THE FIGURINES (DK), BILL CALLAHAN, GRIZZLY BEAR, NICK CAVE, TOM WAITS, A LISTA É GRANDE ...

SE VOCES PUDESSEM VOLTAR NO TEMPO E PUDESSEM ESCOLHER 5 BANDAS PARA TOCAR COM VOCES QUE BANDAS SERIAM?

STEFFEN- THE FACES, THE KINKS, THIN LIZZY, CREAM, PETER GREEN’S FLEETWOOD MAC.


QUAIS OS CINCO DISCOS MAIS IMPORTANTES DA HISTORIA PARA VOCES EM GERAL?

STEFFEN - FLEETWOOD MAC: THE PIOUS BIRD OF GOOD OMEN
JIMI HENDRIX: AXIS BOLD AS LOVE
THE STROKES: IS THIS IT
LED ZEPPERLIN: VI
THE BEATLES: REVOLVER


ALGUM PLANO PARA O BRASIL?

STEFFEN – BOM...AINDA NÃO FOMOS CONVIDADOS A TOCAR NO BRASIL,MAS CERTAMENTE SE ALGUM LOCAL OU FESTIVAL NOS CONVIDAR FICARIAMOS MUITO FELIZES EM IR AO BRASIL.
NINO- QUAL A ORIGEM DO NOME DA BANDA ,É UMA HISTORIA DA DINAMARCA NÃO?

STEFFEN – NÓS PEGAMOS A EXPRESSÃO DE UMA CANÇÃO DINAMARQUEZA QUE CONTA A HISTORIA DE UMA VAN AZUL (THE BLUE VAN) QUE RECOLHIA PESSOAS COM PROBLEMAS MENTAIS PARA LEVA-LAS A HOSPICIOS.



NINO-COMO É A CENA MUSICAL HOJE NA DINAMARCA?

STEFFEN –MUITO VIVA ,DO ROCK AO POP E O ELETRO ROCK E TUDO MAIS.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

THEDY CORREA-PASSADO,PRESENTE E FUTURO NAS COISAS AO NOSSO REDOR



Thedy Rodrigues Corrêa Filho,hoje não consegue mais se desfazer da alcunha de Thedy Correa ,o carismatico vocalista do Nenhum de Nós ,banda fundada em 1986 e que ganhou fama no Brasil graças a sucessos como Camila, Camila, Astronauta de mármore,Amanhã ou depois,Ao Meu Redor,Canção da Meia-Noite(almondegas),Da janela,Paz e Amor ,julho de 83,Você Vai Lembrar De Mim,Vou Deixar Que Você Se Vá,Extraño...entre tantas outras que hoje habitam o inconsciente popular gaucho e nacional.
O Nenhum de Nós é hoje uma das poucas bandas que ainda mantem o conceito de pop rock legitimo como nos velhos tempos sem perder o foco no presente ,sem resbalar em atitudes ou mudanças que colocariam em risco o brilho que eles ainda possuem e é por isso que ainda lotam ginásios,clubes,casas de shows e teatros por onde quer que passem ,assisitir a um show deles é uma experiencia unica e emocionante digna de um grande espetaculo de rock feito para agradar a multidões que sabem que irão presenciar boa musica e o bom gosto que eles imprimem na sua sonoridade até hoje.
Tenho a sorte de te-lo como um amigo que muitas vezes me serviu de conselheiro e que muito me ajudou quando estive na estrada do rock e tenho o prazer de saber que tembém tenho a admiração dele pelo trabalho que estamos realizando desde que criamos a Markadiabo tornando-a não só um site de camisetas mais também por sermos um meio de divulgação cultural ,Thedy não poderia faltar neste espaço que concedemos a todos aqueles que possuem atitude para ser exposta a uma geração que precisa ver com olhos de aguia o passado,o presente e o futuro ao nosso redor,com voces um pouco da vida e da mente deste grande ser humano.

Nino-Tu lembra como foi teu primeiro contato com a musica de verdade? Qual teu primeiro disco na vida e o primeiro que realmente te marcou pra valer?
Thedy: Meu primeiro contato foi com os discos que a minha irmã mais velha (que tem 8 anos a mais do que eu) ouvia com suas amigas, que eram os Beatles e a Jovem Guarda. Meus primeiros discos marcantes foram 2 compactos: Hermes Aquino, com Nuvem Passageira e Sweet, com Ballroom Blitz...

Nino – Que lembranças tu tens da época do quarteto jererê? (para quem não sabe, pelo que consta teu primeiro trabalho musical)
T: Lembro dos “ensaios” na casa do Carlão, da dificuldade de compor e das nossas tentativas de ingressar na música profissional via MPG. Procuramos o Nelson Coelho de Castro, o Raul Ellwanger e tal, mas apesar da boa vontade deles o trabalho era muito verde para valer “um show” ou coisa que o valha.
Nino- Existe uma lenda sobre a origem do nome do Nenhum de nós não é?
T: Lenda? Que eu saiba, não? Nosso começo é igual a toda e qualquer banda de garagem dos anos 80...
Nino-Que bandas influenciavam o Nenhum naquela época?
No início a questão estética era fundamental pra nós, então o Bauhaus era uma baita referência. Nos primeiros ensaios tocávamos (ou tentávamos tocar) The Clash, Stray Cats e Talking Heads. Uma salada!

Nino – Como foi a fase “ainda ilustres desconhecidos” do Nenhum ,como a maioria da garotada aqui do nosso estado vocês vieram dessa geração que curtia o movimento que culminou no lançamento da coletânea “rock grande do sul” ,q ao meu ver foi o marco zero do começo da chegada sulista ao centro do país?
T: Não éramos de nenhuma turma da cena musical daquela época e isso deixou muita gente de nariz torcido pra nós. Alguns “colegas” de outras bandas nos apontavam como “banda armação” de gravadora pq ninguém tinha ouvido falar da gente na cidade. Diziam: “Com tanta gente boa pra contratar foram contratar logo estes caras!!!” Uma simpatia! Nos primeiros tempos o coleguismo foi mínimo. Gosto de valorizar as únicas bandas que nos receberam bem: DeFalla e Replicantes. As demais foram um pé no saco!

Nino – Como vocês perceberam que a banda estava crescendo ao agrado publico e como encararam a transição para uma multinacional ?
T: Não teve transição. Caímos direto na BMG. Só percebemos que estávamos fazendo sucesso quando fizemos os primeiros programas no centro do país por causa da CAMILA. Até então era só ralação!

Nino – Fala um pouco sobre a mudança que ocorreu na vida pessoal de cada um , afinal dali em diante tudo passou a ser Nenhum de nós e talvez todos tiveram de abandonar tudo que faziam em Porto Alegre para entrar de cabeça nessa fantástica aventura.
T: Não deu tempo pra pensar muito. Depois que meu pai morreu (de câncer em 87) tive uma conversa com minha mãe sobre os rumos da família. Nunca fomos “folgados” de grana. Não tínhamos casa própria, carro... Então ela falou que eu ia ter que encontrar um emprego de turno integral (eu fazia engenharia civil) e ajudar nas despesas da casa. Eu pedi a ela 6 meses para ver se “este lance de banda” dava certo. Isso foi em fevereiro, em junho a gente entrava em estúdio pra gravar o primeiro álbum por uma grande gravadora. Daí em diante minha dedicação foi TOTAL ao Nenhum. Passei a viver de música e ajudar a família – como eu queria.

Nino – Com a exposição da banda em rádios e programas de tv no país , nos primeiros grandes sucessos da banda ,como foi viver a recepção desse fato no publico em estados que vocês talvez jamais imaginassem que um dia tocariam?
T: Foi muito bom, mas a gente era muito verde e não aproveitou da maneira que poderíamos. Demorou até cair a ficha de como a gente deveria conduzir as coisas. Perdemos algumas oportunidades e mesmo assim fizemos grandes amizades.

Nino- Como tu vê o papel da geração anos 80 (bandas remanescentes) no cenário atual do rock gaúcho e principalmente,q diferenças você observa hoje em dia?
T: O cenário está muito difícil. As bandas sucumbiram às dificuldades e hoje cada um se vira como pode. Sucumbiram também aos problemas internos/pessoais e à dificuldade de lidar com o ego enorme de dos seus integrantes. Aquelas que tinham um ideal “musical” se sustentaram por mais tempo, as que estavam ali só pela grana e pela diversão não seguraram o tranco.


Nino- Você já esteve sob o comando de uma gravadora ,como tu vê o fato da queda absoluta do formato digital ,em que ponto isso afetou ou não a vida do Nenhum de Nós,levando em conta o tanto que afetou a vida de tantas outras?

Nino – Como tb já fiz parte de uma banda que correu o Brasil e teve discos lançados por multinacionais ,vim de uma época em que as coisas eram mais abertas ,havia esquemas “internos” que ajudavam,mas tb ainda havia rádios tocando alguma banda por apostar no som ,porém hoje isso não existe mais ,existe como explicar o que aconteceu?

Nino- Porque as rádios não tocam mais as bandas novas ,somente as consagradas?
T: Algumas tocam as bandas novas (são poucas as rádios) e outras não tocam nem as bandas consagradas (só algumas poucas – 2 ou 3). Isso varia com o mercado e a cena de cada região do país. No caso do RS, tem muita banda nova excelente surgindo. Em algum lugar existe espaço pra elas.

Nino –Como você vê a cena atual ,hoje em dia é possível recriar um fenômeno rock novamente no páis ou a coisa vai tender mesmo pelo lado de ter como único apoio os festivais independentes?
T: Não sei ao certo o quanto os festivais independentes podem sustentar uma cena. Acho que o futuro é de bandas e artistas semi-profissionais que farão música por prazer mas terão outra atividade para se $u$tentar.

Nino- Todos torcemos para q o rock possa voltar a ter espaço ,que os bares voltem a apostar em festas com o rock, existe algum meio de isso se tornar novamente uma realidade?
T: Acho que as bandas precisam se “conectar” com o público novamente. Enquanto existir uma cena de artistas mais interessados em mostrar sua erudição do que se conectar com as pessoas, é difícil que os bares e outros espaços se interessem pela “volta do rock”.

Nino- Quais bandas novas você tem achado interessante no Brasil ?
T: Aqui no RS, gosto de Pública, Identidade, Dinartes, Cartolas e Severo em Marcha. De fora conheço pouco, mas tem uma banda indie da Bahia que é uma das melhores do Brasil: Cascadura!

Nino- Qual tua opinião sobre todo esse debate sobre os downloads gratuitos?
T: As coisas já estão “decididas” e só podemos lamentar... O download gratuito só é legal com a permissão do autor, caso contrário é roubo. Não existe outra interpretação: quando se toma algo sem a autorização do proprietário isso é ROUBO. O que eu acho mais bizzarro é que estas pessoas que são comunistas no sentido do download gratuito e dos direitos autorais na internet, não são NADA comunistas no que se refere aos seus próprios bens. Duvido que um dos donos do PirateBay me deixasse entrar em sua casa e levar seu carro da garagem! Mas é justamente isso que eles fazem ao tirar a possibilidade de ganho autoral dos artistas. Esta cultura do sacrifício que vem da Europa é uma idiotice sem tamanho. As pessoas levaram anos para construir a lei dos direitos autorais, agora vem um bando de desiludidos do primeiro mundo dizer que isso é legal, e os colonizados do terceiro mundo concordam.

Nino- A internet ajuda uma banda de verdade ,qual o papel positivo dela e qual papel negativo ?
T: O negativo já falei. O positivo é que ela é uma poderosa ferramenta de marketing. Com ela o acesso ao trabalho de qualquer um, em qualquer lugar do planeta, se tornou REAL.

Nino- Variando sobre o mesmo tema, hoje em dia ,qual a diferença entre o cd e o download ,o download a teu ver faz com que as pessoas escutem o nenhum da mesma maneira em que escutavam na época em que tinham de comprar o disco ,ou hoje mais pessoas atingem acesso aos sons e nessas acaba se ganhando mais um fan?, afinal atinge aqueles que numa época ,não sendo familiarizados ao som da banda não gastariam mais de 30 reais num disco.
T: Não sou nostálgico do vinil. Tivemos um ganho absurdo de qualidade com o CD, e uma perda maior do que com o vinil com o MP3. A qualidade de áudio do MP3 em geral é ruim (a média das pessoas é 160 kbps). Ou seja, a qualidade de gravação evoluiu muito e as pessoas resolveram ouvir música em fones ruins com resolução de baixa qualidade. Andamos para trás!

Nino- Hoje em dia quais são as bandas que você mais admira no cenário mundial?
T: Radiohead, Café Tacuba, REM, Morrissey e Coldplay.

Nino –Fora do nenhum você tem desenvolvido varias atividades paralelas ,disco tributo ao Lupicinio ,também lançou-se como escritor ,comenta um pouco sobre esses trabalhos.
T: Estou preparando um novo livro de poesias ilustrado e pretendo escrever um romance infanto-juvenil em breve. O projeto do Loopcínio é de agenda beeeeemmm light.

Nino- Qual a tua discoteca básica,5 albuns que foram essenciais pra você:
1.revolver – Beatles
2.Joshua Tree – U2
3.The Queen is dead – the Smiths
4.The Rise and Fall of Ziggy Stardust and The Spiders from Mars – David Bowie
5.Almôndegas – Circo de Marionetes

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

EDUARDO CABELO O MAESTRO ROCK'N'ROLL DO FANTASTICO BAR DO MORRO











Hoje o Bar do Morro é referencia quando o assunto é bar de rock no Rio Grande do Sul, o espaço parece um auto retrato dos áureos anos 70, de perfil rústico, simples ,sem ostentação e em meio a um dos lugares mais belos em que se poderia montar um bar, na descida do morro ferrabrás ,tradicional pico de saltos para vôo livre no Rio Grande do Sul.
Eduardo Cabelo, 32 anos é um roqueiro nato, um guerreiro que jamais desiste de apostar no rock’n’roll e vive na pele o dia a dia dos altos e baixos de comprar essa briga visivelmente por amor a causa e não por ambição.
O bar mantém um vinculo forte com a natureza,você pode optar por jogar uma sinuca num domingo a tarde dentro do ambiente da casa sempre com um seleto bom clássico de rock no talo ou ficar na imensa parte externa do local assistindo ao por do sol em meio ao gramado, arvores, bancos e mesas de madeira enquanto no campo á frente do local pousam paragliders e asa deltas ,tudo numa vibe de liberdade e paz .
Nas noites dos fins de semana o pico se transforma na grande opção para quem procura por rock no vale do Paranhanha ( região próximo a subida da serra gaúcha), vale dos Sinos e grande Porto Alegre e também da capital gaucha dependendo das atrações da noite.
Pelo local já passaram centenas de bandas, locais e nacionais que vão de novas apostas como a Rock Rocket, Superguidis, Pata de elefante ,a velhos medalhões como Velhas Virgens, Dead Fish, Inocentes, Raimundos e até bandas internacionais como o Rattus da Finlândia e agora prepara-se para receber mais uma delas, os ingleses da Black Mekon numa dobradinha com os psycho vamps da Damn Laser Vampires e também a primeira aparição no bar dos cariocas do Matanza ,ambos agendados para o inicio de dezembro.
Outra das grandes iniciativas do bar foi a de criar o Morrostock, festival que esse ano chegou a sua terceira edição com mais de 40 bandas em três dias de apresentações,sempre procurando apoiar o cenário que busca incessantemente por espaços como o que o bar promove.
Bati um papo com essa figura tranqüila e serena que é o Eduardo Cabelo para que ele nos contasse um pouco sobre sua vida e sua historia com o bar.Confira abaixo um pouco dessa grande figura.

Nino- Cabelo, você me passa a sensação de ser um cara que já nasceu dentro do rock’n’roll ,desde quando o rock faz parte da tua vida?

Cabelo- Desde os meus 12 anos, quando por causa das greves tive que me mudar de colégio, conheci pessoas diferentes, e comecei a ouvir metal tipo Sabbath e metallica, que agora viraram queridinhos da mídia. O primeiro disco que comprei foi o Rush 2112, daí Deep Purple e Led, Sabbath, mas vivia trocando discos e gravando fitas K7, quando o cd vingou eu já tinha mais de 200 discos e fitas, todo mundo achava que eu era colecionador, até hoje sempre tem alguém me mostra do algum som, hoje em dia ouço de tudo, desde que seja bom...

Nino- Qual o primeiro disco que realmente te tocou a ponto de desencadear toda uma vida dedicada ao rock?

Cabelo - Humm... Led 4 – Foi amor a primeira ouvida, peguei emprestado de um amigo, pois até hoje não deixo a mídia esculhambar o que gosto de verdade, não ouço rádio nem olho tv, somente em casos de visita ou necessidade, me mantenho informado lendo.

Nino - A ideia de montar o bardomorro nasceu quando e como?

Cabelo - Passei minha vida toda de bar em bar, e conheço o morro Ferrabrás desde guri, vi muita gente na gerencia do local, e sempre faltavam as mesmas coisas, incrível ninguém ainda ter feito movimento no lugar, e sempre tinha o intuito de abrir o meu, e quando abri já tava com a cabeça fervendo de idéias, a maioria já consegui por em prática, algumas ainda vou precisar de mais cancha.

Nino - Como vocês conseguem suportar a pressão de manter a casa durante todos esses anos ,levando em consideração o fato do bar ser totalmente aberto a ideologia de apoiar bandas de qualidade ,mas que muitas vezes não estão propriamente na mídia e na maioria das vezes no underground?
Az vezes da vontade de explodir tudo, mas como não tenho em quem por a culpa vou aguentando... brincadeirinha. É boa vontade mesmo, como quase tudo na vida.

Nino - Hoje o bar pode ser visto como uma espécie de CBGB rústico , possui uma estética simples mas atraente no sentido de não buscar ostentação e além de tudo juntar a natureza em meio a todo lance rock ,o pessoal hoje já reconhece o bar fora das fronteiras do estado? ,você recebe material de bandas de outros estados para virem tocar no bar pelo renome que ele conseguiu?

Cabelo - Sim, e desde o último anos estou também produzindo shows para outros ambientes, como exemplo da festa das Rosas, que irão tocar entre outras Cachorro Grande e Tequila Baby, e já tivemos shows no bardomorro dos Raimundos, Velhas Virgens, Made in Brazil, isso sem falar do morrostock.

Nino - A idéia do morrostock (festival anual que reúne mais de 40 bandas em 3 dias de shows) surgiu como?

Cabelo - O Morrostock surgiu de algumas várias conversas entre o Zé Paulo de POA e eu, sempre quis fazer um festival, mas me mordia de medo de fazer sozinho, então a parceria foi montada e já estamos a caminho da 4° edição.

Nino - Nessas edições do Morrostock quais bandas te marcaram mais ,que voce consiga lembrar?

Cabelo - Vou te falar, mas não é em ordem de importância: - Nei Van Sória, Bebeco Garcia, Frank jorge, Wander Wildner, Bandinha Di Da Dó, Pata de Elefante, Cartolas, Inocentes, Dead Fish, Hibria, entre tantas outras, só pra não deixar ningúem de fora, todo mundo foi sensacional, o pessoal coopera pra caramba.

Nino- E dos shows individuais quais ao teu ver foram mais legais?

Cabelo - Já foram mais de 300 bandas em menos de 4 anos, muita banda boa, daqui mesmo, não vou deixar ninguém com ciúmes...

Nino- Como você vê a cena atual do rock gaúcho ,o que mais tem te chamado atenção,mesmo que não tenham tocado ae ainda?

Cabelo - Tô achando que o Rock tá bem com cara de rock gaúcho mesmo, tem inúmeras bandas fazendo rock gaúcho, tem uma onda no ar, de tal maneira que nunca teve tantas bandas tocando ao mesmo tempo, tem rock, tem hardcore, tem metal, tem punk e também tem novidade. Não consigo definir o que tá mesmo rolando. Uma banda que está estourando mesmo é a Cachorro Grande, que ainda tem rock na veia, e energia para novidades.

Nino- Como tu escolhe quem toca no bar ,porque a procura deve ser grande né ?

Cabelo - Não posso contar, é segredo... ha ha ha

Nino - Hoje em dia ,no nosso estado ,as coisas já não são mais como nas décadas de 80 e 90 onde o rock tinha todo apoio da mídia ,o sul sempre se caracterizou nessas épocas como auto suficiente para sobreviver com contratantes apostando em todo estado ,eu fui uma prova disso porque fiz parte de uma das bandas dessa geração forte ,hoje em dia com a mídia fechada para o rock, bem diferente de como era antes como tu analisa a situação, tu acha que o rock tem como voltar a ser como outrora, com publico fiel de cada banda, lotando lugares atrás de suas bandas prediletas ou o caminho hoje é mais árduo para se trabalhar?

Cabelo - As pessoas ainda vão ver os shows que gostam, eu sempre brinco que o problema do rock são os fãs, as pessoas são fãs do que agrada a maioria, sempre tem alguém pra perguntar: - Aonde tu foi no final de semana? Daí o cara diz que foi na rave não sei aonde, ou vai dizer que foi ver uma banda de rock no bar do seiláquem?
As grandes massa continuam a fazer sempre a mesma merda, e quando ninguém mais falar do bardomorro? Dái fecha as portas e tudo vira saudade...

Nino - Hoje se nota que bandas que fazem um trabalho voltado ao cover tem se aprimorado bastante na qualidade, essas bandas tem levado mais publico ao bar ,o segmento atrai mais interesse do que nas bandas autorais?
Cabelo - Sim, realmente atrai mais público, com exceções de bandas de renome nacional, pois o pessoal tem o ouvido tapado para novidades, esperam sempre um monte de gente gostar antes, meio como um filtro, que não funciona. Existe uma infinidade de bandas hoje em dia, e também falta de tempo pro pessoal assimilar tudo. Acho...


Nino - Quais bandas com som próprio hoje em dia vale a pena apostar pelo bom retorno que dão em shows no bar ?

Cabelo - Daqui do sul as clássicas sempre dão um bom show, e das novas, a que se destacou no bar do morro, principalmente foi Cartolas, que fizeram um show com casa lotada, tocando somente suas músicas.

Nino - Qual banda mais lotou na historia do bar do morro?

Cabelo - Na ordem histórica, com casa lotada: - Júpiter Maçã em 2006, Wander Wildner em 2007, Velhas Virgens em 2008, Raimundos em 2009, sem considerar os festivais.

Nino - Quais bandas você mais gostaria de ver tocando no bar e ainda não conseguiu
trazer?

Cabelo - Pensando rápido: Fernando Noronha, Cachorro Grande, Ultraje a Rigor, Lobão e mais um monte...

Nino - Falando um pouco da tua vida como admirador do rock, quais teus discos favoritos?

Cabelo - Rolling Stones – sticky fingers, vários do Led Zeppelin, Ac/dc – Highway to hell, Deep Purple – in rock, Metallica – kill em all, Doors – todos, o primeirão da Velhas Virgens e mais uma lista gigante...

Nino - Se você pudesse voltar em três momentos da historia do rock que shows ou festivais você gostaria de ter visto?

Cabelo - Woodstock, Rock in Rio, e algum show do Led Zeppelin.

Nino - Fala um pouco para o publico nacional de como é o clima do bar do morro, essa proximidade com a natureza, o fato do bar ser localizado abaixo de um morro de vôo livre que nos fins de semana pousam na frente do bar, proporcionando um espetáculo único, passa um pouco para nós de como é esse clima totalmente woodstock , porém com muito mais atrativos visuais e sonoros....

Cabelo - O bardomorro é uma viagem no tempo de outrora, de festivais de rock e bandas ao vivo, com amplo espaço ao ar livre e muita liberdade, um pequena Amsterdã no Brasil, parece aqueles filmes de rock dos anos 70, com galera se divertindo e dando bandas de caranga, e ainda tem o campo de pouso em frente, tornado o dia também muito especial. Sapiranga é a capital nacional de voo livre, conhecida mundialmente, pinta muito gruingo no bar, a galera já pediu cerveja em espanhol, ingles, alemão, russo e até suéco, ainda bem que nesse ponto todo mundo é poliglota.

Nino - Nunca houve um projeto ou tentativa de criar algo de proporções ainda maiores como os grandes festivais tipo Abril pro rock,o Goiânia noise,o Bananada ,eventos que trazem bandas de todo país e fixaram-se na agenda cultural do país ?

Cabelo - Claro, dê um tempo ao tempo.

Nino- Uma musica que para você representa o maior clássico do rock, difícil essa hein?

Cabelo - Talvez eu apostaria na “ROCK AND ROLL” do LED ZEPPELIN...

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