25 de junho de 2009-06-2009
Em um domingo de 1983 ,o Fantástico exibia o clip de “Thriller” de Michael Jackson ,o ex Jackson 5 caçula,já totalmente enclausurado na fantasia e solidão da própria fama,o clipe mais caro da historia até então ,dirigido por John Landis (Um lobisomen americano em Londres) e que mudaria o rumo da cultura pop.
Na época eu tinha 13 anos e a musica não tinha ainda um papel soberano em minha vida,entre os milhares de telespectadores sentados diante da tv naquela noite,um deles era eu e a partir daqueles mágicos minutos que se passaram na tela posso dizer com a maior sinceridade e verdade do mundo que modificariam a minha vida e a de milhares e milhares de pessoas em todo o planeta e principalmente a vida do próprio Michael.
Não tinhamos MTV no Brasil ,não conhecíamos o formato vídeo clipe portanto aquilo era inovador demais para os parâmetros da minha época e minha cabeça e sendo um vídeo de temática de terror ,lobisomens e zumbis o impacto na minha cabeça foi ainda maior porque passaria a despertar meu interesse tanto no fator musical quanto no fator sobrenatural e estetico do tema (encontrado pouco depois nas bandas e capas de discos de rock pesado) ,ou seja ,a partir dali eu seria o nino que sou hoje.
Motivado pela musica eu passaria a me interessar por discos de vinil ,em primeiro lugar por que o álbum que continha aquela musica foi o primeiro disco que ganhei de meu pai e uma vez com aquele souvenir em mãos deu-se inicio ao chavão característico dos grandes e grudentos álbuns clássicos(vide "Nevermind"),ou seja: “ouvir um disco até fura-lo”.
Em segundo por que a canção “Beat it” me chamaria atenção para outro lado logo na seqüência , o do rock’n roll , porque em Beat it já havia esse elemento contido, principalmente em função da presença de uma guitarra fantástica de Eddie van halen.
O rock, que então estava fora do meu alcance tornou-se parte eterna em mim.
O álbum tornou-se o mais vendido de toda a historia da musica ,como eu não havia vivido a Beatlemania na pele ,foi minha primeira exposição a um fenômeno só comparado ao efeito devastador de uma bomba nuclear , não havia chances de não se contaminar com aquilo.
Michael Jackson foi um rito de passagem , foi minha primeira encruzilhada ,foi meu sim a musica ,minha porta de entrada a tudo o que viria depois em meu caminho ,foi um ídolo ,o primeiro de todos para mim ,foi o toque de varinha de condão que permitiu que o pop caminha-se junto (de cabeça aberta) em todas as fases que se seguiriam em meu destino ,fosse ele o estilo que fosse que eu estivesse curtindo ou por mais distante que pudesse estar do significado da palavra pop , representada naquele disco por “Billie Jean” ,uma das canções pop mais bem feitas do mundo,isso me ajudou a ser mais eclético para qualquer nova experiência musical algo que para mim é muito importante no meu jeito de ser até hoje.
Michael fez parte de uma época que revelaria muitas sensações ,um prisma magico, um caleidoscópio de descobertas vibrantes que viriam com o decorrer dos anos 80 ,fez parte desse modo de absorver as informações de maneira ainda pueril ,não contaminada pelas camadas e camadas que o tempo joga sobre nossa memória ,essa mente em estado de diamante bruto ,faz parte de um momento,um movimento da vida que não voltará jamais e será para sempre guardado em um baú que em mim esconde alguns de meus maiores tesouros.
Nunca acreditei que Michael fosse alguém capaz de fazer as coisas das foi julgado ,sempre tive em mente que ele foi uma alma tortura pela ausência de uma infância normal ,ou a total ausência da infância e de sua solidão inevitável.
Por traz de toda ostentação,esbanjamento,excentricidade e esquisitices que seus atos demonstraram ao longo de seus 50 anos escondiam seqüelas de um passado distante da qual foi incapaz de controlar com suas próprias mãos ,Michael foi um gênio triste e ao mesmo tempo uma marionete em maõs alheias .
Não acompanhei seu trabalho após o que vivi com o impacto de “Thriller” ,minha vida rapidamente tomou outras tendências musicais ,apenas acompanhava de longe sua ascensão e sua queda ,mas preciso deixar esse tributo em homenagem ao que ele desencadeou para mim ,uma vida de amor e dedicação á musica .
Que ele possa,onde estiver,ter a chance de voltar a ser a criança da qual nunca teve a chance de ser ,por que não há na vida momento mais mágico e importante na vida e que represente tanto para o futuro de qualquer ser humano .
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