quinta-feira, 26 de novembro de 2009

EDUARDO CABELO O MAESTRO ROCK'N'ROLL DO FANTASTICO BAR DO MORRO











Hoje o Bar do Morro é referencia quando o assunto é bar de rock no Rio Grande do Sul, o espaço parece um auto retrato dos áureos anos 70, de perfil rústico, simples ,sem ostentação e em meio a um dos lugares mais belos em que se poderia montar um bar, na descida do morro ferrabrás ,tradicional pico de saltos para vôo livre no Rio Grande do Sul.
Eduardo Cabelo, 32 anos é um roqueiro nato, um guerreiro que jamais desiste de apostar no rock’n’roll e vive na pele o dia a dia dos altos e baixos de comprar essa briga visivelmente por amor a causa e não por ambição.
O bar mantém um vinculo forte com a natureza,você pode optar por jogar uma sinuca num domingo a tarde dentro do ambiente da casa sempre com um seleto bom clássico de rock no talo ou ficar na imensa parte externa do local assistindo ao por do sol em meio ao gramado, arvores, bancos e mesas de madeira enquanto no campo á frente do local pousam paragliders e asa deltas ,tudo numa vibe de liberdade e paz .
Nas noites dos fins de semana o pico se transforma na grande opção para quem procura por rock no vale do Paranhanha ( região próximo a subida da serra gaúcha), vale dos Sinos e grande Porto Alegre e também da capital gaucha dependendo das atrações da noite.
Pelo local já passaram centenas de bandas, locais e nacionais que vão de novas apostas como a Rock Rocket, Superguidis, Pata de elefante ,a velhos medalhões como Velhas Virgens, Dead Fish, Inocentes, Raimundos e até bandas internacionais como o Rattus da Finlândia e agora prepara-se para receber mais uma delas, os ingleses da Black Mekon numa dobradinha com os psycho vamps da Damn Laser Vampires e também a primeira aparição no bar dos cariocas do Matanza ,ambos agendados para o inicio de dezembro.
Outra das grandes iniciativas do bar foi a de criar o Morrostock, festival que esse ano chegou a sua terceira edição com mais de 40 bandas em três dias de apresentações,sempre procurando apoiar o cenário que busca incessantemente por espaços como o que o bar promove.
Bati um papo com essa figura tranqüila e serena que é o Eduardo Cabelo para que ele nos contasse um pouco sobre sua vida e sua historia com o bar.Confira abaixo um pouco dessa grande figura.

Nino- Cabelo, você me passa a sensação de ser um cara que já nasceu dentro do rock’n’roll ,desde quando o rock faz parte da tua vida?

Cabelo- Desde os meus 12 anos, quando por causa das greves tive que me mudar de colégio, conheci pessoas diferentes, e comecei a ouvir metal tipo Sabbath e metallica, que agora viraram queridinhos da mídia. O primeiro disco que comprei foi o Rush 2112, daí Deep Purple e Led, Sabbath, mas vivia trocando discos e gravando fitas K7, quando o cd vingou eu já tinha mais de 200 discos e fitas, todo mundo achava que eu era colecionador, até hoje sempre tem alguém me mostra do algum som, hoje em dia ouço de tudo, desde que seja bom...

Nino- Qual o primeiro disco que realmente te tocou a ponto de desencadear toda uma vida dedicada ao rock?

Cabelo - Humm... Led 4 – Foi amor a primeira ouvida, peguei emprestado de um amigo, pois até hoje não deixo a mídia esculhambar o que gosto de verdade, não ouço rádio nem olho tv, somente em casos de visita ou necessidade, me mantenho informado lendo.

Nino - A ideia de montar o bardomorro nasceu quando e como?

Cabelo - Passei minha vida toda de bar em bar, e conheço o morro Ferrabrás desde guri, vi muita gente na gerencia do local, e sempre faltavam as mesmas coisas, incrível ninguém ainda ter feito movimento no lugar, e sempre tinha o intuito de abrir o meu, e quando abri já tava com a cabeça fervendo de idéias, a maioria já consegui por em prática, algumas ainda vou precisar de mais cancha.

Nino - Como vocês conseguem suportar a pressão de manter a casa durante todos esses anos ,levando em consideração o fato do bar ser totalmente aberto a ideologia de apoiar bandas de qualidade ,mas que muitas vezes não estão propriamente na mídia e na maioria das vezes no underground?
Az vezes da vontade de explodir tudo, mas como não tenho em quem por a culpa vou aguentando... brincadeirinha. É boa vontade mesmo, como quase tudo na vida.

Nino - Hoje o bar pode ser visto como uma espécie de CBGB rústico , possui uma estética simples mas atraente no sentido de não buscar ostentação e além de tudo juntar a natureza em meio a todo lance rock ,o pessoal hoje já reconhece o bar fora das fronteiras do estado? ,você recebe material de bandas de outros estados para virem tocar no bar pelo renome que ele conseguiu?

Cabelo - Sim, e desde o último anos estou também produzindo shows para outros ambientes, como exemplo da festa das Rosas, que irão tocar entre outras Cachorro Grande e Tequila Baby, e já tivemos shows no bardomorro dos Raimundos, Velhas Virgens, Made in Brazil, isso sem falar do morrostock.

Nino - A idéia do morrostock (festival anual que reúne mais de 40 bandas em 3 dias de shows) surgiu como?

Cabelo - O Morrostock surgiu de algumas várias conversas entre o Zé Paulo de POA e eu, sempre quis fazer um festival, mas me mordia de medo de fazer sozinho, então a parceria foi montada e já estamos a caminho da 4° edição.

Nino - Nessas edições do Morrostock quais bandas te marcaram mais ,que voce consiga lembrar?

Cabelo - Vou te falar, mas não é em ordem de importância: - Nei Van Sória, Bebeco Garcia, Frank jorge, Wander Wildner, Bandinha Di Da Dó, Pata de Elefante, Cartolas, Inocentes, Dead Fish, Hibria, entre tantas outras, só pra não deixar ningúem de fora, todo mundo foi sensacional, o pessoal coopera pra caramba.

Nino- E dos shows individuais quais ao teu ver foram mais legais?

Cabelo - Já foram mais de 300 bandas em menos de 4 anos, muita banda boa, daqui mesmo, não vou deixar ninguém com ciúmes...

Nino- Como você vê a cena atual do rock gaúcho ,o que mais tem te chamado atenção,mesmo que não tenham tocado ae ainda?

Cabelo - Tô achando que o Rock tá bem com cara de rock gaúcho mesmo, tem inúmeras bandas fazendo rock gaúcho, tem uma onda no ar, de tal maneira que nunca teve tantas bandas tocando ao mesmo tempo, tem rock, tem hardcore, tem metal, tem punk e também tem novidade. Não consigo definir o que tá mesmo rolando. Uma banda que está estourando mesmo é a Cachorro Grande, que ainda tem rock na veia, e energia para novidades.

Nino- Como tu escolhe quem toca no bar ,porque a procura deve ser grande né ?

Cabelo - Não posso contar, é segredo... ha ha ha

Nino - Hoje em dia ,no nosso estado ,as coisas já não são mais como nas décadas de 80 e 90 onde o rock tinha todo apoio da mídia ,o sul sempre se caracterizou nessas épocas como auto suficiente para sobreviver com contratantes apostando em todo estado ,eu fui uma prova disso porque fiz parte de uma das bandas dessa geração forte ,hoje em dia com a mídia fechada para o rock, bem diferente de como era antes como tu analisa a situação, tu acha que o rock tem como voltar a ser como outrora, com publico fiel de cada banda, lotando lugares atrás de suas bandas prediletas ou o caminho hoje é mais árduo para se trabalhar?

Cabelo - As pessoas ainda vão ver os shows que gostam, eu sempre brinco que o problema do rock são os fãs, as pessoas são fãs do que agrada a maioria, sempre tem alguém pra perguntar: - Aonde tu foi no final de semana? Daí o cara diz que foi na rave não sei aonde, ou vai dizer que foi ver uma banda de rock no bar do seiláquem?
As grandes massa continuam a fazer sempre a mesma merda, e quando ninguém mais falar do bardomorro? Dái fecha as portas e tudo vira saudade...

Nino - Hoje se nota que bandas que fazem um trabalho voltado ao cover tem se aprimorado bastante na qualidade, essas bandas tem levado mais publico ao bar ,o segmento atrai mais interesse do que nas bandas autorais?
Cabelo - Sim, realmente atrai mais público, com exceções de bandas de renome nacional, pois o pessoal tem o ouvido tapado para novidades, esperam sempre um monte de gente gostar antes, meio como um filtro, que não funciona. Existe uma infinidade de bandas hoje em dia, e também falta de tempo pro pessoal assimilar tudo. Acho...


Nino - Quais bandas com som próprio hoje em dia vale a pena apostar pelo bom retorno que dão em shows no bar ?

Cabelo - Daqui do sul as clássicas sempre dão um bom show, e das novas, a que se destacou no bar do morro, principalmente foi Cartolas, que fizeram um show com casa lotada, tocando somente suas músicas.

Nino - Qual banda mais lotou na historia do bar do morro?

Cabelo - Na ordem histórica, com casa lotada: - Júpiter Maçã em 2006, Wander Wildner em 2007, Velhas Virgens em 2008, Raimundos em 2009, sem considerar os festivais.

Nino - Quais bandas você mais gostaria de ver tocando no bar e ainda não conseguiu
trazer?

Cabelo - Pensando rápido: Fernando Noronha, Cachorro Grande, Ultraje a Rigor, Lobão e mais um monte...

Nino - Falando um pouco da tua vida como admirador do rock, quais teus discos favoritos?

Cabelo - Rolling Stones – sticky fingers, vários do Led Zeppelin, Ac/dc – Highway to hell, Deep Purple – in rock, Metallica – kill em all, Doors – todos, o primeirão da Velhas Virgens e mais uma lista gigante...

Nino - Se você pudesse voltar em três momentos da historia do rock que shows ou festivais você gostaria de ter visto?

Cabelo - Woodstock, Rock in Rio, e algum show do Led Zeppelin.

Nino - Fala um pouco para o publico nacional de como é o clima do bar do morro, essa proximidade com a natureza, o fato do bar ser localizado abaixo de um morro de vôo livre que nos fins de semana pousam na frente do bar, proporcionando um espetáculo único, passa um pouco para nós de como é esse clima totalmente woodstock , porém com muito mais atrativos visuais e sonoros....

Cabelo - O bardomorro é uma viagem no tempo de outrora, de festivais de rock e bandas ao vivo, com amplo espaço ao ar livre e muita liberdade, um pequena Amsterdã no Brasil, parece aqueles filmes de rock dos anos 70, com galera se divertindo e dando bandas de caranga, e ainda tem o campo de pouso em frente, tornado o dia também muito especial. Sapiranga é a capital nacional de voo livre, conhecida mundialmente, pinta muito gruingo no bar, a galera já pediu cerveja em espanhol, ingles, alemão, russo e até suéco, ainda bem que nesse ponto todo mundo é poliglota.

Nino - Nunca houve um projeto ou tentativa de criar algo de proporções ainda maiores como os grandes festivais tipo Abril pro rock,o Goiânia noise,o Bananada ,eventos que trazem bandas de todo país e fixaram-se na agenda cultural do país ?

Cabelo - Claro, dê um tempo ao tempo.

Nino- Uma musica que para você representa o maior clássico do rock, difícil essa hein?

Cabelo - Talvez eu apostaria na “ROCK AND ROLL” do LED ZEPPELIN...

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