sábado, 23 de janeiro de 2010

REDOMA LEVANTANDO A POEIRA ,UM BATE PAPO COM O GUITARRISTA NUCLEAR





Tarde quente , começo de 2010 ,um ano novo para todos em um planeta terra em transito rumo ao caos explodindo por ajuda, salvação ou redenção dentro de nós, mas seguem-se nossos rumos em novos desafios, novos quadros a serem pintados pela frente sempre em busca de novidades quando meu caminho cruza com o de Nuclear, guitarrista da “boa nova” e surpreendente banda Redoma e com ele divido a tarde entre papos que realçam uma afinidade de luta por estradas que procuram pela revelação de nossa arte e atitude .
A Redoma formou-se em 2004, na capital gaucha, com um trabalho proprio e independente já registrado em um 1° disco produzido por Ray-Z. O equilíbrio de diferentes elementos e criativas soluções musicais livra a Redoma de rótulos. Formada por Cássia (vocal), Nuclear (guitarra/vocal), Duduuh (baixo) e Junks (bateria).
Fruto da geração que emergiu com a chegada do avassalador “Blood sugar sex magic” do Red hot chili peppers e do impacto causado pela cena new metal norte americana a banda vem cada vez mais evoluindo e lapidando seu som e sua personalidade.
Das novas bandas do cenário gaúcho é uma das que mais (e sem que a grande maioria ainda perceba) vem se infiltrando em âmbito nacional de maneira independente e guerreira com direito a clip girando na Mtv e shows fora do estado com o publico em feed-back constante com as letras já na ponta da língua, um reconhecimento que tem atraído convites que já atingiram até a distante Manaus.
O inicio de ano já trouxe uma bela surpresa a eles ao serem escalados para o palco rock dentro da programação dos festivais de verão de Salvador, mas que porém, pelo que nos adiantou o carismático guitarrista não será a primeira das “boas novas” legais que aguardam a banda em 2010 enquanto trabalham encima do segundo disco, é esperar para ver, salta o verbo Nuclear!.

Como surgir a ideia de montar o Redoma?

Nuclear- A idéia de montar a Redoma partiu de mim. É a minha segunda banda.
O Junks (Baterista) e o Klebão (primeiro baixista) vieram da primeira banda que toquei que tinha uma proposta diferente.
Pedi aos meus pais que me colocassem em um colégio X aí por que era intensivo pro vestibular sendo que o real motivo era o festival de bandas. Lá conheci a Cássia (Vocal) o que me fez mudar os planos de vocal masculino e daí surgiu a Hostage, atual Redoma. O atual baixista é o Duduh que ingressou no trabalho no início do 2009.

Isso em que ano?

Nuclear - Deixa eu pensar um pouco...To calculando.
hahahahuahsiuahiuhaiua
março de 2005
ou melhor..
março de 2004
hahauhsusauhauh

O que mais motivou a banda na epoca,sonoramente falando?

Nuclear - Na época, quando ensaiávamos eu e o Junks apenas, tocávamos uns sons do Papa Roach, que tinha acabado de lançar o LoveHateTragedy, e é um álbum que influenciou muito a formação da cara do nosso som. Éramos basicamente influenciados pelo Nu Metal.
Com a entrada da Cássia e do Klebão as influencias se estenderam a Elis Regina, Alanis Morrisete, Alice in Chains....E não posso esquecer daquele que me fez querer tocar guitarra: John Frusciante.

Qual a diferença entre esse Redoma do inicio e o Redoma atual seis anos depois?

Nuclear - A palavra chave que faz qualquer banda ser merecedora de um espaço ou não. A evolução naquilo que sabe fazer.
Saber atualizar o seu som conforme a época sem perder sua raiz e sua identidade. Somos músicos mais maduros, com mais coisas interessantes a dizer e passar pras pessoas. O tempo passa, as coisas passam, mas precisamos mesclar nossas origens com os tempos atuais.
Se não nós passamos, assim como muita banda se vai ,por se tornar algo cansativo e rotineiro.

Qual a tua opinião sobre a escalada que o NU metal teve , quando deixou de ser um estilo de grandes bandas com grandes discos e tornou-se popular ao ponto de ficar um tanto cansativo?
ofuscando o trabalho de ótimas bandas?

Nuclear - Quando a escalada é rápida demais, todos percebem a simples fórmula e essa fórmula nunca se renova, a coisa tende ter validade.
E infelizmente essa validade acaba se refletindo nas grandes bandas.
Poucas bandas, originalmente rotuladas como Nu Metal, souberam se adaptar ou conseguiram se desprender desse rótulo indo pra outros como por exemplo o Ill Niño que hoje em dia está mais puxado pro Metalcore.
Mas é uma tarefa quase que impossível se desprender de um rótulo sem modificar suas raízes e por consequência perder fiéis seguidores.
Papa Roach por exemplo seguiu o caminho inverso se tornando praticamente Emo.
Lá fora eles podem até estarem grandões, mas no Brasil nunca mais teve a mesma repercussão, mesmo eles tendo modificado o trabalho pra o estilo que tá vendendo hoje em dia.
Isso prova que nem sempre a resposta é se vender.

Isso é algo complicado de se lidar quando a banda passa para um status de popularidade ,ela tem dois caminhos,ou mantem-se fiel e arrisca perder um contrato ou tenta enquadrar-se ao momento ,o que pode ser devastador , acho que nesse ponto o fato de ser independente ,como no caso de voces dá essa tranquilidade para uma evolução sem pressões não?

Nuclear - Exatamente.
Seguimos o seguinte conceito: "Somos assim e fim de papo",já sofremos certos tipos de propostas e recusamos por ferir os princípios daquilo que significa a Redoma.
Até calça de couro já nos sugeriram usar.
Mas tem um detalhe...
É diferente uma banda se vender pra chegar ao estrelato e se vender pra se manter no estrelato , se vender pra chegar, é por que a banda não confia no trabalho que gosta ou então não tem mercado que sustente eles da música.
...e nem merecimento pra continuar....

Nuclear - exatamente...o som fica descartável...e se vender pra se manter é pior ainda porque a banda acaba tendo inúmeras facetas e isso tira o crédito de uma banda ao falar de música.
Uma coisa é querer viver de música...outra coisa é gostar de música e querer viver dela.
Gostar de música te faz querer buscar um meio de por pra fora aquilo que existe dentro de si de forma que seja possível as pessoas admirarem e comprarem o teu trabalho.
sem que se precise fazer algo que já tenha sido feito apenas porque é mais certo que aconteça.

Concordo contigo Nuclear, fazer da musica arte é o que define melhor a palavra artista, só os artistas que fazem de seu trabalho tal qual uma pintura seja surreal ou concreta acabam permanecendo...

Nuclear - Sem duvida alguma.

E as diferenças entre as dificuldades de se começar e passar a ser reconhecido?
Como é no caso do Redoma?

Nuclear - O começo é sempre difícil pras bandas de "carne e osso", para as bandas reais.
No nosso caso uma das dificuldades no início foi enfrentar o preconceito em relação ao vocal feminino e as comparações com a Pitty. As pessoas mal informadas acham que pelo fato de ser a mesma formação de banda nos faz ser parecidos.
Eu não dou opinião a respeito, só nos bastidores.
hahahauahsuahauhau
O reconhecimento veio da forma mais pura que uma banda pode ter: tocando
em cima do palco é como se nos transformássemos e virássemos um elo impenetrável.
E a energia que transmitimos fala por si só, nossa proposta, nossa temática, nosso peso no instrumental contrastado ao vocal suave...


No Brasil é normal esse sensacionalismo, o que não é de agora porque muitas bandas realmente vão na onda e nesse jogo outras correm o risco da comparação, mesmo que não faça sentido.

Nuclear – Exatamente, essa mania do Brasil de querer sempre mais do mesmo.
É cada detalhe que faz uma banda...falta o povão acordar e perceber isso.

Tem exemplos de bandas com vocais femininos como o Madame sataan , que mesmo que se tente comparar ,acabam provando seu diferencial no palco, onde a verdade se revela, acho que se encaixa no caso do redoma....

Nuclear - Com certeza.
Por sinal, Madame sataan é uma banda incrível.
Se tu parar pra analisar as bandas com mais de 10 anos de estrada que estão na mídia ainda, elas um dia já foram interessantes...e geralmente no máximo até o segundo ou terceiro cd. Não passam disso...depois, as letras se repetem e o mais grotesco: os acordes também.
Mas...isso é Brasil.
Acho primeiro cd do jota quest genial...
Boas influencias de Jamiroquai,com uma pegada brasileira... o que para o Brasil foi uma grata surpresa.

Nuclear - Cheio de pegadas funk e tudo mais...músicos excelentes que o mercado obriga a fazerem músicas mamão com açúcar depois de um certo tempo.

Mas acaba atrapalhando o fato dos caras entrarem no sistema ....

Nuclear - Exatamente...
Eu confesso que tenho receio de entrar no sistema e um dia ouvir isso pra poder continuar.
Mas só estando na situação, com o momento de cada um pra saber a atitude a ser tomada...
O caminho é cheio da armadilhas que o cara nem sempre se dá conta...

Nuclear É...e quando vê não tem escapatória...é aquilo ou a morte.

Mas voltando ao Redoma , que tem rolado de legal na banda que voce possa nos contar Nuclear?

Nuclear - Muitos planos...
Alguns estamos colocando em prática por baixo dos panos e então ainda não podem ser revelados..
Outros dá pra dar um gostinho como por exemplo termos sido selecionados como atração de fora do estado no Palco do Rock em pleno carnaval de Salvador.
Estamos trabalhando no segundo disco em paralelo e em nosso quarto vídeo clipe.
Estamos nos organizando melhor, afinal, uma banda precisa de organização.
Bandas excelentes acabam por falta de organização e planejamento enquanto outras nem tão boas acabam conseguindo coisas boas apenas com esses 2 intens.
itens*

Como e quando começaram a rolar os convites para ultrapassar as fronteiras do nosso estado?
E como tem sido a recepção disso?

Nuclear - Convites sempre existiram..o que faltava era a parceria.
As pessoas convidavam como se fossemos banda da cidade esquecendo da distância envolvida.
A recepção acaba sendo muito melhor do que imaginamos...
Não temos a mínima idéia de como as pessoas nos conhecem....acabamos nos surpreendendo. O povo canta as letras junto conosco.
É uma sensação incrível e impagável.

Até onde voces já foram ?

Nuclear - Por enquanto até o Rio de Janeiro...

Qual o lugar onde voces mais acharam inacreditavel ter uma repercussão?

Nuclear - Eu uso o próprio Rio de Janeiro como exemplo porque o pessoal se tornou muito fiel....e outra...é uma cidade que tu acaba imaginando que o Rock não existe...e existe sim.
Agora as expectativas estão concentradas em Salvador....tocaremos pra um público estimado de pelo menos 6 mil pessoas...queremos expandir cada vez mais...
há pessoas querendo nosso show em vários cantos...Minas, Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná...São Paulo...Até Manaus...
Mas é difícil conciliar vontade com realidade..
As pessoas tem receio de investir...e é até compreensível.
Mas 2010 será diferente com toda a certeza do mundo.

A gente vive um momento muito fechado para o rock ... os cenarios estão trancados em seus estados e agarrados apenas em grandes festivais independentes ,as casas que antes apostavam em rock , hoje possuem publico para dj's , funk, pagode, sertanejo universitario , casas que outrora foram templos para shows de rock, hoje não são mais , como voce ve nosso cenario hoje em dia?

Nuclear - O cenário, ao menos em Porto Alegre, funciona da seguinte maneira: "Tal banda é legal, mas eu tenho vergonha de admitir que gosto daquela banda porque eu não gosto do guitarriista, então eu vou fazer de conta que não gosto, vou falar mal e não irei aos shows"
Rola muita separação e richas em uma cena que não está tão forte e isso piora uma situação já difícil.
O brabo do cenário no RS é que ele sempre passou a imagem de um estado roqueiro em um nível de diversidade sonora mais ampla...porém o que se vê hoje em dia na cena acaba sempre comparado e limitado ao Rock Britânico e é assim que muita gente nos enxerga hoje em dia quando vistos fora daqui.
É um bairrismo insuportável.
Mas eu acho que o fato de sermos algo inesperado vindo do RS acaba nos ajudando muito mais do que atrapalhando...

Exatamente o eu estava pensando enquanto voce falava, nos anos 90 houve um cenario forte no RS , justamente por ser diferencial,a Graforreia xilarmonica se diferenciava dos Acústicos e valvulados que eram diferentes da Tequila Baby, que eram diferentes da Ultramen, que eram diferentes da Maria Do Relento ,do Wander Wildner, que era diferente da Bandalheira, que se diferenciavam do pop de personalidade feito pelo Papas da Língua, pelo Nenhum de Nós ,pelo Cidadão Quem que por sua vez não tinham nada em comum com o Power pop da Bidê ou balde ou entre o psicodelismo do Júpiter maça.

Nuclear - Exatamente...essa década foi muito foda...diversidade....
e eu costumo dizer o seguinte...enquanto a moda é o emo, no RS a moda é achar que mora em Londres e agir como tal...
Virou uma forma de se encaixar em um grupo...saca?
As pessoas são livres pra fazer o que quiserem, sem dúvida alguma...mas é aquela coisa, seja natural.
O que te chama atenção hoje em dia no rock gaucho e em ambito nacional?

Nuclear - Em ambito nacional o que mais me chama a atenção no momento é outra banda Underground que é nossa irmã...Ponto Nulo no Céu.
Tocamos junto no RJ...puta banda competente e de muitíssima qualidade.
No Rock Gaúcho eu citaria um power trio de meninas chamado Stella Can. As mina mandam muito bem.

Hoje se voce pudesse escolher cinco bandas a nivel mundial , contando todas as epocas para dividir o palco com elas quais seriam ?
Pergunta q gosto de fazer,hehehe...

Nuclear- e vou ter um enorme prazer em responder!
P.O.D., Red Hot Chilli Peppers, e as outras 3 tá difícil!
Uma banda que o Junks me apresentou Tower of Power...
to quebrando a cabeça nas outras 2...Limp Bizkit...
E para fechar acho que Led Zeppelin seria uma boa pedida.

Cara, uma pergunta mais descontraida, sempre teve toda uma especulação sobre que banda de fato inventou o heavy metal, uns falam em Blue cheer, outros dizem que o primeiro riff de rock pesado estava na canção "You really got me" dos kinks ,que gravou a musica com o ampli estourado,outros tem o Sabbath como os pais do gênero ou citam o Cream, o Deep Purple, o Hendrix, o Led... na tua opinião quem inventou o heavy metal?

Nuclear - Bah cara...é uma responsa tão grande opinar sobre isso e eu acredito que não tenho o aval pra afirmar algo.
Eu penso que assim como o Blues num todo deu origem ao Rock, todas estas bandas somadas contribuiram...

Muito boa sacada...

Nuclear - Não adianta fazer o primeiro riff pesado e ficar por ai...quanto mais seguidores e mais pessoas tu influencia, mais consolidada fica a idéia...
Mas não graças ao primeiro passo e sim graças a todos os passos que foram dados em conjunto com outras bandas...eu penso dessa forma.

Qual foi a primeira banda de rock que marcou na tua vida?

Boa pergunta.
Vejamos...
eu comecei a gostar de Rock Com Red Hot...
Na época do Blood Sugar Sex Magic ,foi muito clássico para mim.

Digamos que ae esteja a base do redoma com as devidas somas que o tempo coloca...

Nuclear - Exatamente.
John Frusciante pra mim é Rei...e sabe por que?
Ele não é o cara mais rápido na guitarra nem o cara mais afinado nos backings, muito pelo contrário...o "charme" dele, digamos assim, está exatamente nessas desafinadinhas nos backings e os solos simples e as vezes tb desafinados....porque eles estão carregados de feelings...e é isso que eu admiro em uma música...o que há de sentimento naquilo...e o cara é o meu espelho e ninguém toma esse lugar por nada.
Admiro inúmeros guitarristas, mas ele é “o cara” pra mim porque eu realmente me identifico com a história, composições e riffs.



link da redoma

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