segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

A AVENTURA DE SE VER UM SHOW DOS THE HIVES







THE HIVES-TEATRO BOURBON COUNTRY-PORTO ALEGRE 8/9 –UMA HISTORIA PRA CONTAR

Toda historia começou duas semanas antes do dia 8 de setembro ,quando sem querer acabei descobrindo que os Hives viriam tocar em Porto Alegre e os ingressos estavam sendo colocados a venda naquele mesmo dia, ficamos em em polvorosa (eu e a patroa) e como sempre,a aflição me bateu ,afinal a banda é uma de nossas prediletas há muito tempo e a chance de vê-los cara a cara era algo impossível de não acontecer,precisava agilizar a compra dos ingressos com algum conhecido de Porto que fizesse a mão de ir até a bilheteria,mas esse era o menor dos problemas naquele momento .
O maior problema era morar distante da capital e não ter carro , a saída era descolar uma parceria motorizada encima do laço enquanto meu irmão lá na capital fazia o trajeto em direção ao teatro bourbon pra adquirir nossos passaportes para o rock’nroll , eu tinha uns 15 minutos para convencer alguém a topar a parada.
O Rômulo era minha única saída ,o brother é louco e vive topando tudo ,um legitimo Ferris de Curtindo a vida adoidado perdido em Taquara city ,mas como eu disse, o cara é doido mas também é dentista ,único fator que o difere de qualquer bom personagem das historias de Jack Kerouac.
A ligação foi rápida , convence-lo a topar um show dos Hives não foi lá muito difícil, afinal o figura é fanático dos tipos contraditórios e porra loucas do rock’n roll ,entre eles Iggy Pop ,influencia direta do vocalista Howlin' Pelle Almqvist ,a hiperativa figura central do The Hives, beleza pura ,ingressos na mão e carona pra rolar tudo em sincronia perfeita.
As duas semanas em questão passaram rápido , afinal tudo tem passado tão rápido , duas semanas em que por sinal comecei a freqüentar academia pra perder o peso do sedentarismo que andava me esmagando,depois de toda auto destruição feita em quase quarenta anos de vida regada a tudo que é bom e faz mal...foram esteiras e bikes movidas a Hives direto, trilha perfeita para que eu finalmente me acostumasse com mudanças tão bruscas, agora , quanto a me endireitar..não sei não...pode ser que leve mais uns 40 anos ,tem coisas que nem a Philco faz por mim .
No Sábado anterior da esperada apresentação dos caras, resolvo ligar pro Rômulo pra marcar a saída e pra minha surpresa o cara (que havia pago 100 reais por um ingressinho platéia alta) me pergunta atordoado se o show seria nessa próxima segunda ,no que respondo que sim , deixo o cara perplexo com a mancada que ele mesmo havia feito ao esquecer totalmente da data ,marcando uma cirugia para o mesmo horário do show ,colocando fora aquela grana preta ,um ingressinho que valia ouro,um showzaço gringo pra marcar na historia ,e além de tudo... nossa carona amiga.
Nos dois dias seguintes a debandada do Rômulo e que antecediam o show ,começamos nossa batalha por uma saída pra chegar a tempo em Porto , com serviço acumulado pra botar em dia na fantástica fabrica das Marka diabo as coisas ficavam realmente complicadas , não havia horário de bus que encaixasse e nem um carro pra alugar que nos salvasse até que o velho cheves surgiu como a grande e salvadora opção, o cheves, pra quem não sabe é o carro guerreiro do meu sogro ,um chevetão lata velha 87, vermelho que ,entre suas caracteristicas possui a de quase não ter mais a sua cor , após ter sido literalmente esbranquiçado por um inverno cruel vivendo ao relento nas noites gélidas , o cheves quebra todos os galhos, mas faz com que a gente viva sempre na duvida de um vai e volta tranquilis.
Segunda feira, oitão de setembro , monidos do chevetão , partimos pra capital ,eu ,a Ana e nosso oompa lumpas, o Alison , como não dirijo (por motivos de “eu sou nervoso”) a Ana faz a mão de motora ,mesmo nos perdendo um pouco chegamos na boa na casa da mãe lotada de caixas de cd’s e aparatos do projeto ataque colorado , cafezinho da mãe no estomago pegamos nossos ingressos com meu irmão e partimos na hora do pique pro shoping bourbon.
O caos da cidade grande nos deixa em aflição ,em hora de pique então...seguimos as cordenadas dadas por outro de nossos amigos meio fora da casinha,desta vez o Marcelo fisher,o que fez com que nos perdêssemos aqui e ali ,mas acabássemos meio zonzos na av João Wallig , até que numa manobra pra lá de maluca e ousada , ao avistarmos o estacionamento do shopping num grito agoniado de “entra ali”, saimos de um lado da avenida até sua outra extremidade bruscamente, no mero impulso entre os carros espremidos e tensos e numa fração de segundo e sorte chegamos ao nosso destino meio que suando frio...estavamos salvos.
Os Hives entraram pouco depois das 21 horas, depois de uma apresentação desencanada , econômica e explodindo em iluminação da Bidê ou Balde (destaque pra versão avacalhada de seu maior hit “Melissa” que mudou o refrão pra “Se tu quiser ir para a praia,vai pra rodoviária sua china velha!!.) e sem nenhuma pirotecnia visual , apenas luz clara ,quase nenhuma fumaça e seus elegantes terninhos , instrumentos e amplificadores black and white mandaram ver quase duas horas de rock em alta voltagem total ,deixando a platéia que quase lotou o teatro (só pra constar ali de cima dava pra avistar nas cabeças a presença da nata do rock gaúcho de todas as suas épocas ) perplexa , suada e pedindo mais o tempo todo e cada som , conhecido ou não, acabava transformando-se em um grande hit nas mãos do carisma e da energia da banda e principalmente do tal “vocalista sueco” (como o próprio Pelle Almqvist se apresentou pra galera) nas centenas de vezes em que arriscou e se deu bem em um português de quem parecia já estar bastante familiarizado ao Brasil (embora eles nunca tivessem pisado aqui antes ), palavras que ele não sabia o proprio fez com que o publico o ensinasse ali mesmo ,ao vivo e a cores ,como quando quis descobrir o que significava o termo “very” em nossa língua ,e arrancou a resposta da platéia para que pudesse exclamar que Porto Alegre era “muito rock’n”roll ,muito Hives!!.
O estilo frenético de Pelle( o nomezinho hein????) se assemelhava a alguma espécie de apresentador de auditório maluco, me lembrou uma mistura eletrizante entre o corre corre de um Iggy pop com a sensualidade e gesticulações de um Mick Jagger , por dezenas de vezes ele escalou caixas e subiu na grade de proteção que o separava do publico e dava a impressão de que a qualquer momento iria se estatelar ou ser engolido pela galera.
Toda banda saltava aos olhos encima do palco , o gordinho guitarrista Vigilante Carlstroem e o baixista Dr. Matt Destruction seguravam a onda com elegância e suor do lado esquerdo enquanto no meio de tudo o batera Chris Dangerous mandava ver sem piedade no seu kit personalizado fumando um e outro cigarro e jorrando baquetas pra multidão com seu estilão marinheiro bad boy.
Mas foi inegável a presença do guitarrista Nicholaus Arson quase que roubando o show junto a seu crooner , Nicholaus foi inacreditável de se ver, parecia um personagem saído direto de alguma clássica comédia anos 80 misturado a algum clássico personagem da historia do rock dos anos 50 ,estiloso total ,só vendo pra crer , o cara agora é meu herói .
O Hives desfilou seus grandes sucessos , trafegou entre o punk 77, new wave , surf music australiana, hard core e a modernidade , deixou todos nós em alto astral (o momento em que viraram estatuas então,foi algo impagável...)souberam lidar com a assombrosa energia que explodia dos alto falantes, extrairam empolgação da platéia , pediram atenção a todo instante, queriam um feed back tão arrasador quanto a energia de suas canções e tiveram todo o vigor dos gaúchos em troca.
A noite ,encerrada com os mega hits “ Hate To Say I Told You So” e “Tick tick Boom” e recheada por verdadeiras dinamites sonoras como “Main Offender” , “Walk Idiot Walk” , “Two-Timing Touch and Broken Bones” , “ won’t be long” , “you got it all...” , “ Try it Again” e “ Return the favour”(com o Ô,ô,ô cantado na finaleira e na volta do bis) ficou marcada na memória ,cravando o Hives como uma das únicas, senão a única e real salvação do rock em seu formato mais bruto e explosivo nos dias atuais,o que nós vimos faz sentido com o que eternizou Bon Scott no ACDC: Que Haja Rock e Houve Rock!!
E lá fomos nós, felizes e faceiros com nosso velho Chevas ,de volta pro interior ,numa noite de luar maravilhoso com nossos ouvidos zunindo como se tivéssemos saído de dentro de uma colméia de abelhas destilando seu mel mas sobretudo sãos e salvos de uma verdadeira explosão de rock’n roll.

0 comentários:

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More