sexta-feira, 9 de outubro de 2009

PoisonGod - Violencia extrema de Ideologia social positiva, Welcome to the new government...





Espírito santo , conhecida como a terra de Roberto Carlos ,terra que concebeu o rei ,mas que abriga muito mais que lendas que deixaram o lugar para sempre .
Nas andanças virtuais que tenho percorrido feito louco na fissura de mostrar o que vem sendo feito de mais interessante dentro do panorama rock brasileiro nos últimos anos me deparei com uma banda que literalmente explodiu os meus miolos, um quinteto metallico explosivo ,uma verdadeira granada de pino solto chamada PoisonGod .
A partir daí foram varias e varias audições com o fone no maximo executando as musicas do disco Daemoncracy ,sacando a ideologia dos caras,a qualidade musical ,o equilibrio de idéias ,o poder sonoro impactante,o projeto gráfico sensacional e me perguntando como esses caras ainda não estão mundo a fora levantando multidões nos grandes festivais e palcos direcionados ao infinito publico admirador da musica pesada?
Confesso que passei horas pensando no que perguntar a esses caras ,afinal ,trata-se de uma banda “cerebral” ,que tem um conceito calçado em temas polêmicos e de importância mundial para um questionamento importantíssimo de cunho ideológico para a humanidade moldada pelas regras do poder ,aconselho que leiam com atenção por que dificilmente encontrarei uma outra chance de poder me aprofundar com tanto fascínio dentro da mente de uma banda como a PoisonGod .
Absorvam ,baixem o disco gratuito disponível no site da banda ,ouçam os sons no my space dos caras e façam parte dessa revolução ,ufa,vamos lá que o papo aqui é sério ,urgente e esse pessoal realmente não brinca em serviço.
O papo rolou com o vocalista Ricardo e o guitarrista Marlon,gente finíssimas,por sinal.


A Poisongod ,parece ter saído de uma fornalha que conecta o passado de encontro ao futuro ,quais bandas entre esses dois elos mais influenciaram voces?

Marlon: Nosso foco é justamente concretizar essa conexão dos elos. Nossa formação “acadêmica” está fincada na invasão metálica mundial dos anos 80, mas independente disso sempre estivemos ansiosos a descobrir novos sons e direcionamentos. Essa mentalidade “aberta” nos ajudou a assimilar as mudanças de lá pra cá e provou que o metal “old school” pode sim sofrer “upgrades” sem perder sua essência e beleza. Exemplos? Slayer, Lamb of God, Destruction, Nevermore, Forbidden, Hatesphere...

Ricardo: Sua observação é bastante pertinente. Nosso propósito sempre foi produzir um material que apontasse para uma nova direção. Nós entendemos que o Metal, a música, as artes precisam evoluir constantemente e se libertar do ciclo das repetições.
Todos os clássicos do passado já foram – obviamente – concebidos. Pra que eu iria querer gravar um “outro” “Master Of Puppets” se o “original” já é impecável? Preferimos criar algo novo e elevar o nível do debate a sermos cópias dos nossos ídolos.
Quanto às influências, eu sempre fui um grande admirador das vozes de Vladimir Korg (Chakal), John Tardy (Obituary), Jeff Walker (Carcass), Mille Petrozza (Kreator) e Schimier (Destruction). Mas gosto também de artistas de outras esferas como Dave Gahan (Depeche Mode) que é um puta frontman, talvez o melhor.


O conteúdo das letras retratam o lado negro do poder e da opressão de regimes totalitarios que oprimem e espalham a cultura do medo e da violencia desmedida na população ,na real é um tema que se estende a todos os cantos desde a corrupção brasileira até a hipocrisia religiosa ,fale um pouco mais sobre esse tema tão importante e de necessidade urgente de compreensão .

Ricardo: Primeiro é importante compreender que só existe poder porque nós o legitimamos. Nós entregamos nossas vidas e o desenrolar dos nossos dias nas mãos de terceiros. Você fala em “lado negro do poder”, mas minha mente insana não enxerga outro lado, o que seria o “lado branco”. Pra mim só existe este lado negro, porque no momento em que aceitamos, que nos subordinamos à vontade de terceiros nós decretamos de certa forma a morte do nosso “eu”.
Estes regimes opressores que escravizaram e escravizam a humanidade, alienam o debate, roubam nossa energia, nossas ambições. Eles se alimentam do vazio que o passar dos dias, semanas, meses e anos nos impõem. As pessoas gastam 30% de suas fudidas vidas na frente de uma porra de aparelho de TV. Gostaria de saber qual método de alienação em massa mundial fora mais eficaz em toda história.
O Brasil é um país sem esperança. O mundo o é também. Você talvez enxergue ainda alguma luz em algum lugar remoto. Eu não. Os valores caíram. O mundo está em colapso. Não há esperança alguma.



Vocês citam o genial V de vingança, algo que também me faz muito a cabeça , o que essa fantástica série de Alan moore desperta em vocês?

Marlon: Acho que o termo fantástico ainda é pouco sobre o que relata essa história de Alan Moore. O inconformismo com o regime imposto, o ideal como carapaça intransponível, e as idéias que se constituem como armas contra tudo que oprime o povo são os pontos que mais me chamam a atenção. Realmente imperdível!!

Ricardo: Eu gosto tanto desta história que toda vez que a cito os pêlos do meu braço se arrepiam! Alan Moore é um visionário. Ele tentou avisar ao mundo através de sua graphic novel que algo errado estava acontecendo. Que nós estávamos entregando o controle das nossas vidas nas mãos de políticos desonestos e pregadores sujos. Ele anteviu o colapso que citei anteriormente.
Um aspecto importante nesta obra é que ela aborda também o desprezo que a sociedade e os governos têm pelas minorias. Artistas, pensadores, liberais de toda sorte. É preciso respeitar as minorias e o direito que cada um tem de escolher. O mundo é feito de escolhas. Há boas e ruins. Mas ainda é melhor que nós mesmos façamos as nossas, ao invés de escolherem por nós.
O Filme também ficou fantástico, apesar de Alan Moore não gostar. Mas ele considera a melhor adaptação de um de seus trabalhos para o cinema, o que não é pouco em se tratando do humor do homem.
Engraçado que pouca gente sabe que o filme foi cortado de várias salas de cinema em todo o mundo na época do lançamento. Mas os controladores de mentes falharam, pois a mensagem chegou.

O regime fascista retratado em V for vendetta que expoe controle absoluto do poder sobre a mídia transformando a humanidade num legitimo campo de concentração pode muito bem ser aplicado ao mundo de hoje onde somos regidos por grandes corporações que atingem inclusive a cultura musical que nos é ditada por base no que eles querem que seja consumido ,fale um pouco sobre isso.

Marlon: Os alicerces culturais do nosso país são muito frágeis. Não temos uma cultura forte o bastante pra combater esse bombardeio diário arremessado pela mídia através de nossos olhos, ouvidos e boca. Uma cultura forte precisa de educação forte, alimentação, oportunidades e lazer idem para fortalecer o crescimento de uma população ativamente pensativa. A realidade de hoje é justamente o contraponto disso. Um povo que consome tudo que vem empacotado da mídia indiferente ao seu conteúdo. Já dizia o Metallica... “Sad but true”.

Ricardo: A arte livre só subsiste nos guetos, nas resistências, naqueles que se opoem em se entregar à mesmice. E, por outro lado, é difícil julgar a inclinação cultural de um povo privado de comida, educação,segurança, saneamento básico, saúde e respeito aos idosos. Quem vai se preocupar com arte numa realidade destas? O povo está preocupado em botar comida na mesa para seus filhos e orando para que eles retornem vivos para seus lares no final do dia.
O Estado gosta desta situação. Um povo alienado é muito mais fácil de controlar. A ignorância prevê limites estreitos e expectativas curtas.

Como é viver a banda com tanta expectativa sabendo que há um imenso poder na mensagem e sonoridade de vocês em um país que vende bundas a granel e celebridades fabricadas da noite para o dia que nem sequer possuem um pingo de cérebro ?

Marlon: Infelizmente ás vezes acabamos entrando no mesmo “pacote”. Cabe a cada um dos “bombardeados” selecionar o que há de valia e descartar o restante. Pena que não são todos que fazem. A internet hoje é um ícone da independência pessoal, pois lhe dá a liberdade pra escolher o que consumir. Nós estamos ali, é só clicar. Com essa ferramenta na mão, todos têm um poder ilimitado. É só saber usar.

Ricardo: Quando escrevo as letras do PoisonGod não me preocupo com a multidão de alienados, mas com os desobedientes, os desordeiros, a resistência. Se um destes gostar do nosso trabalho, já serei um cara mais feliz.

Que regime seria o ideal para nossa humanidade?

Marlon: Regime do “Pau e Pedra”. Só começando do zero de novo poderíamos ter a chance de um futuro melhor. Sendo sincero pra vc, após o condicionamento escravo do ser humano sob a sombra do dinheiro e a ganância de cada vez consegui-lo mais e mais, não vejo nada de otimismo daqui pra frente. Inclusive este será o foco do próximo álbum do PoisonGod. A falência da concepção do “ser humano” através de suas fraquezas, ambições, etc... É um assunto tão amplo que poderíamos fazer uma seqüência de álbuns duplos!!!

Ricardo: Respeito e Honestidade seria um bom começo. Mas atingimos um nível em que não há mais volta. Somos vigilantes passivos do nosso próprio destino. O importante é cada um de nós tentar promover o bem e as coisas positivas, protegendo ao menos os que estão à nossa volta.


Qual a opinião de vocês sobre a vitória de Barack obama?

Marlon: A história de um negro chegando ao maior posto político dos EUA na Casa Branca mostra que o americano enfim está mudando a sua mentalidade sobre sua soberania comercial e tecnológica mundial, sobre sua segurança instransponível e sua economia infalível. Eles precisaram rever seus conceitos de superioridade e elegeram Obama como a figura capaz de reverter o jogo. Se vai dar certo? Aí o buraco é mais embaixo.

Ricardo: Muitíssimo importante por apontar uma quebra de paradigmas ímpar na história política recente. Um negro no comando da maior nação global é uma vitória espetacular das minorias e um chute na cara da elite branca tradicional daquele país.
Não acredito em mudanças políticas profundas que interfiram numa esfera mundial, mas a eleição de Obama, por si só, já é algo espetacular.


O fenômeno flight 666 que varreu o Brasil ,e culminou no show de maior publico da banda em todos os tempos,em São Paulo, demonstra que o metal é um estilo popular além do normal ,sem contar shows de bandas que não possuem tanta fama mas que lotam locais de shows nas capitais nacionais ,na visão de vocês o que falta para o metal de qualidade ser reconhecido no Brasil,ser levado mais a sério?

Ricardo: Eu vejo pessoas muito bem intencionadas. Mas de boas intenções o inferno está cheio! O que falta é o que falta a todos nós: Dinheiro. A vida está muito difícil para todos. Graças a nossos líderes estamos enfrentando dias reconhecidamente como os piores de todos os tempos no aspecto financeiro global.
Também citam muito o mesmo nacional, coisa e tal, mas, desculpem se soar grosseiro, mas a verdade é que vejo muito poucas bandas com potencial para explodirem de fato.
Ter habilidade e bom equipamento é um bom começo. Mas é importante ter comprometimento, empenho e estar disposto a “jogar o jogo” olhar a banda como porta voz de uma idéia, definir prioridades e propostas.
O que vejo muitas vezes é uma legião de camisas pretas fazendo barulho e não chegando a lugar algum.



Como tratar essa alienação mental no país ?

Marlon: É exatamente o que disse anteriormente sobre a questão cultural. A falta dos quesitos básicos para uma cultura e opinião própria fortes.

Ricardo: Educação é o alicerce de toda nação desenvolvida.


No filme rede de intrigas de 1976 ,o personagem Howard Beale após ser afastado de seu programa de noticias resolve ameaçar suicídio ao vivo ,levantando o ibope da emissora e insano torna-se uma espécie de profeta cada vez mais popular e ao mesmo tempo desencadeia um temor ameaçador as mentiras das telecomunicações,o filme é um exemplo brilhante na historia do cinema sobre o universo falso por tras do mundo das noticias ,uma verdade absoluta de algo que pode tanto construir a fama de alguém,eleger um presidente ,derruba-lo ou denegrir a imagem de uma uma pessoa para sempre,na opinião do poisongod a tv é um meio que pode já estar sendo ameaçado pela internet?

Marlon: Claro que sim! A internet é uma tecnologia inteligente alheia a TV. Uma arma em potencial para desvencilharmos dos “equívocos” lançados diariamente pela mesma. Mas continuamos a esbarrar na barreira cultural... o Brasil é um dos maiores navegadores da rede mundial, mas a maioria das pessoas procuram por auto-promoção, coisas banais e afins, excluindo a fonte inesgotável de informações que a rede oferece.

Ricardo: A TV é um lixo. A internet pode ser um lixo também. Ou não. Ao menos ela nos dá esta opção e o mundo precisa de opções.
Nós optamos por usá-la como ferramenta do nosso trabalho. Ela tem o poder ímpar de potencializar qualquer tipo de mídia. É a prova viva do “Efeito Borboleta”.
A internet nos ajudou bastante a construir a reputação que o PoisonGod tem hoje. Num mundo de portas fechadas, ela foi uma janela voltada para o sol.


Resolvi tocar em assuntos diferentes do comum por reconhecer na banda um interesse em passar uma verdade que hoje domina o mundo,a de sermos manipulados ,nos anos 90 ,o cenário musical foi muito mais aberto e reconhecido,justamente porque meios de comunicação voltavam seus focos a rastrear movimentos musicais e culturais em cada canto do país ,a gente via matérias até em revistas como a veja passando um pente fino em todos os segmentos musicais de cada estado brasileiro que possuía uma cena estruturada e isso facilitou a infiltração do rock de maneira nacional ,porém de um momento para o outro as coisas mudaram radicalmente ,qual a opinião de vocês sobre esse decreto de morte do rock nos meios de comunicação levando em conta existirem tantas bandas boas ainda por ae?

Marlon: Quem tem o Rock’n’Roll como amigo ou filosofia de vida sabe que ele nunca morrerá. Seu status de imortalidade provém não somente de acordes graves, distorções insanas e performances alucinadas, provém de atitudes e idéias. E isso está cravado dentro de você. Independente das merdas expostas pela mídia, as pessoas que tem esse diferencial e discernimento de escolha continuarão sua vida numa boa. Agora é indiscutível que as modas atrapalham a cena underground e suas milhares de bandas excelentes... mas infelizmente essas Bandas não geram grana necessária pra girar a máquina fonográfica da ganância.

Ricardo: É importante entender que o porta-voz desta geração cometeu suicídio no auge da carreira. Seu sangue drogado respingou em todos os aparelhos de TV e folhas de jornais e magazines de todo o globo.
Não questiono o caráter de sua música, e, diga-se de passagem, gosto do seu material, mas este tipo de exemplo se prolifera no inconsciente coletivo dos jovens já desestimulados por suas famílias e governos e a mídia não quer compactuar com isso, não quer correr este risco, entende? Eles querem apenas as Beyoncés da vida (e eu também quero!). Mas eles adoram um rockstar suicida porque é o tipo de material que vende muito. Só que depois eles descartam este lixo tóxico para voltarem com suas poses de bonzinhos.

Nunca passou pela cabeça do PoisonGod que a única saída talvez fosse a de seguir o caminho que o Sepultura percorreu ,já que ,infelizmente parece ser uma grande verdade de que as coisas só são valorizadas aqui se primeiro reconhecidas fora do país ,a banda já tentou algo a esse respeito?

Marlon: Quando sentamos pra discutir sobre o lançamento virtual e gratuito do nosso disco de estréia “Daemoncracy” (que pode ser baixado no site www.poisongod.com) a certeza de que o mesmo seria digerido lá fora antes daqui era indiscutível. A net encurtou distâncias e facilitou a propagação das Bandas mais novas através de todos continentes. Como disse, é saber aproveitar as ferramentas...

Sabemos que o trabalho de vocês foi muito elogiado fora de nosso território ,comentem um pouco sobre essa receptividade mundial :

Marlon: Procuramos os pontos certos pra começar a distribuir virtualmente o álbum como sites especializados, zines virtuais e blogs. O trabalho em cima dessa divulgação começou a retornar de tudo que é canto, da Rússia até Austrália, não esquecendo das Américas e até oriente também.

Ricardo: Eu só quero agradecer a todas as boas pessoas de todo o planeta que fizeram o download do nosso álbum “Daemoncracy” e do nosso promo “Bullets” e dizer que vocês são muito especiais e que eu gostaria muito de tomar várias cervejas com cada um de vocês e agradecer pessoalmente.
Vocês são a força motriz e o propósito do PoisonGod continuar existindo. Nosso foco nunca foi o dinheiro porque este tipo de gratidão não tem preço.

Vocês citam três obras como referencia no álbum Daemoncracy , o já citado “V de vingança’, “1984” e “Admirável mundo novo” são três pontos de vista com algo em comum ,porém diferentes um do outro ,qual dos três mais tocam vocês?

Marlon: Em algum ponto as obras se conectam, e nossa abordagem nasce dessa conexão. 1984 e Admirável... abordam o estado opressor suprimindo direitos civis, dilacerando a individualidade em nome do poder. O V de Vingança é justamente a resposta para os ataques sofridos pela comunidade e pelo indivíduo, é a hora em que acordamos que podemos sim, acreditar no potencial de luta de cada um.

Ricardo: É importante compreender que as três obras pertencem a momentos diferentes. Eu considero “!984” uma obra mais humana, que trata do homem sob um caráter mais intimista e inaugura o conceito de escravidão mental e controle governamental. “Admirável Mundo Novo” também é espetacular. Esta é uma obra que tira de nós toda a esperança porque mostra claramente que nascemos controlados para servir um propósito. Que somos todos escravos de uma grande engrenagem que envolve a vida, os dias, a família, a religião, o Estado, o trabalho, a morte.
“V de Vingança” tem o mérito de trazer este debate para as novas gerações e ousa por utilizar-se do formato graphic novel. Seu pai poderia perfeitamente passar por você na sala sem saber que aquela “revistinha” iria mudar a forma de pensar do seu filho pelo resto da vida.
Impossível elegar uma apenas. Comprem, leiam e presenteiam as pessoas com estes livros para que no mundo nunca faltem pessoas livres.

Qual festival mundial vocês sonham em um dia participar?

Marlon: Aquele que zele pelo seu lado verdadeiro, que prove que você é musicalmente capaz de participar e por isso chegou lá. Chega de concessões, shows “pay-to-play” e com produtores maliciosos que só visam o bolso. Ah... com som bacana e muita Banda boa tmb...

Ricardo: Não tenho grandes ambições quanto à isso, o importante é estar junto aos nossos fans e amigos, seja num botequim fudido ou no Royal Albert Hall.

Se Vocês tocassem em um festival que incluísse 5 bandas no palco além da Poison god ,bandas de todos os tempos ,sem restrição de estilo ou época , quais seriam essas bandas?

Marlon: The Beatles – Slayer – Iron Maiden – Black Sabbath – Napalm Death e o PoisonGod humildemente abrindo.

Ricardo: The Rolling Stones, Iron Maiden, Carcass, Megadeth, PoisonGod


Como vocês vêem o cenário metal no país ,há integração?

Ricardo: Não vejo um cenário. Um cenário é constituído de fatores que viabilizem a execução de um projeto, com pessoal capacitado, estrutura para shows, empresários decentes e bandas profissionais.
Obviamente existe disto tudo no país, mas não de uma forma organizada. Como eu sempre repito o que eu vejo são focos de resistência aqui e acolá e gente como vocês lutando contra tudo e todos.
Um cara vomitando vinho barato na porta de um show sem respeito e estrutura alguma não pode definitivamente ser chamado de cena.
Mas há sim integração e muita amizade entre as bandas. E muito, mas muito mesmo do que conseguimos conquistar, do respeito e do prestígio que temos, devemos às amizades que fizemos pelo caminho.



Existem festivais de porte,como o Abril pro rock ,voltados ao publico metalhead?

Marlon: Ainda engatinhando, mas existem. As vezes não acontecem a coexistência de fatores, do tipo, sobra boa vontade e falta estrutura, em outros sobra estrutura e falta profissionalismo, aí vem alguns com picaretices. Mas acreditamos que muitos desses que fazem por amor, aquele lance de ideal mesmo, um dia sairão vitoriosos.

Como é o dia a dia no trabalho de propagação da banda?

Marlon: É um trabalho árduo. Porque dividimos nosso tempo entre trabalho, música e lazer. Como arrumamos tempo pra tudo é uma incógnita. Mas até agora tem tudo dado certo. As horas perdidas a noite compondo, tocando, divulgando, ensaiando valem cada centavo quando alguém reconhece o seu trabalho. É uma bateria de carga extra pra continuarmos cada vez mais.

Como é medir o passado quando o rock extremo era representado por bandas como metallica, slayer, exodus, kreator, celtic frost, hellhammer ..e o metal feito atualmente ?

Ricardo: É importante olhar para o passado com muito respeito, mas nunca com subserviência. Todas estas bandas que você mencionou mais inúmeras outras são o sustentáculo da nossa base sonora mas não nosso horizonte final.
Eles escreveram seus capítulos. Queremos escrever o nosso.
A diferença dos tempos é que naquela época tudo era mais emotivo e passional, feito com o coração mesmo. Não existiam computadores domésticos, cds e mega-magazines. Portanto tudo era muito mais difícil e nós seres humanos temos uma inclinação a valorizar mais as coisas árduas.
Há também o caráter artístico que deixou de existir. A paixão cedeu lugar ao jogo corporativista. Este tema inclusive permeará nosso novo álbum, sob vários aspectos.

Quais bandas são mais representativas para vocês hoje em dia?

Marlon: Dentro da nova safra metal eu destacaria Bandas como Lamb of God, Hatesphere, Arch enemy, Nevermore, Protest the Hero, Necrophagist... Em outras paragens citaria o Muse (apesar de não ter gostado tanto assim do último álbum) e lances instrumentais como Guthrie Govan, Paul Gilbert.

Ricardo: Muse é disparada a melhor banda atual.

Qual o parecer de vocês sobre o black metal norueguês e a filosofia de bandas como o Mayhen ,como uma visão anti cristã vou virar o jogo e queria que vocês completassem a resposta com a visão da banda sobre sobre as religiões em geral que também representam uma grande fatia de poder:

Ricardo: Acho que a música e a arte em geral é livre para fazer escolhas. Mas somos responsáveis por nossas escolhas e pelo resultado por elas gerado. No meu ponto de vista, no início o movimento Black Metal norueguês era muito visual e vandalismo e pouca música. Gosto de algumas bandas de lá como o Darkthrone, que é espetacular e o Dimmu Borgir que dispensa comentários, musicalmente falando.

Religiões são um grande câncer social. Toda a miséria espalhada sobre a terra e toda subserviência da raça humana advém dos governos e das religiões.

Historicamente, as maiores guerras e consequentemente os maiores genocídios que o planeta assistiu deram-se em nome de Deus. Muitos homens importantes, idéias e ideais sucumbiram perante a intolerância religiosa e consequentemente o mundo deixou de ser um lugar melhor.

Enquanto as pessoas não tomarem as rédeas de suas vidas, de suas escolhas e não jogarem sobre seus ombros as responsabilidades cotidianas, preferindo repassar os dissabores de suas escolhas e o desenrolar de sua sorte para as mãos de um deus invisível o mundo continuará sendo o habitat de uma raça fraca, sem sentimentos, sem sentidos e direção, que não assume o leme das suas vidas.

Que anuncio vocês fariam logo em seguida após explodir o congresso ,quais seriam as primeiras 5 formas de mudanças propostas ao povo brasileiro?

Ricardo: Apenas um anúncio: “O Povo Não Deve Temer O Seu Governo. O Governo deve Temer O Seu Povo” - Alan Moore, V For Vendetta.

Marlon: Com certeza daí pra frente tudo mudaria.

“A Revolução dos Bichos” também se aplicaria bem em alguma letra do Poison god, não?

Ricardo: Ehehehe, essa eu vou até rir, porque, não sei de onde você tirou toda essa sintonia conosco, essa amizade que parece ter décadas de existência, mas sabia que “A Revolução Dos Bichos” foi o primeiro livro que li? Bom, basicamente eu estava como todo adolescente fuçando no guarda roupas do meu pai atrás da última edição de “Playboy” e achei esta obra visonária de George Orwell, que mais uma vez nos brinda com temas de libertação e resistência. O foda é a figura de linguagem usada para descrever as interrelações homens-animais. Orwell é um gênio. Este livro deveria ser distribuído nas escolas. Vou comprar um exemplar agora para minha filhota.
Temos que ao menos tentar salvar os que estão perto de nós.

Pra finalizar, o que podemos esperar do PoisonGod no futuro próximo?

Marlon: Esperem um PoisonGod ainda mais agressivo, técnico e “perigoso”. Nosso aprimoramento composicional cresce a olhos vistos e agora as idéias fervilham entre os principais compositores da Banda. Temos tantas ótimas idéias que a escolha do repertório para o próximo disco deverá ser um dos maiores problemas já enfrentados pela Banda! Quanto às letras, você pôde perceber que Ricardo não está afim de passar a mão na cabeça de ninguém e nem deixar barato as atrocidades vistas a olho nu que nos rondam diariamente. É esperar pra ver...

http://www.poisongod.com/
http://www.myspace.com/poisongod666

2 comentários:

entrevista muito foda, minha sorte que sou aqui do Esp. Santo e tenho a oportunidade de conferir o som agressivo dos caras.

Banda Foda! Mostra q o Metal tmb tem Neurônios e não só adrenalina e ódio gratuito.

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More