domingo, 2 de novembro de 2008

CONTOS DO NINO LEE

Antes de voce começar a ler esse acontecimento,é bom lembrar que ele se passou em meados de 2002 ,quando eume encontrava em "stand by" havia abandonado a banda de que fiz parte por mais de 15 anos de loucuradas na estrada e havia partido pra uma mudança de ar longe demais das capitais ,na esperança de uma desintoxicação mental e uma vida menos ordinaria,claro q isso não durou muito ,não consegui me adaptar por mais de dois anos,mas voltei ao rock com a cabeça renovada e mais forte,com isso vamos pro conto ,um desses deslizes que me apelidaram de dj psicopata ,entre outros carinhosos apelidos.

A NOITE EM QUE EU QUIS MATAR O ROCKNROLL


Ontem cheguei em casa cansado, havia sido um dia
cheio, estressante e quando rola essa canseira eu quero mais
eh relaxar , tomar um banho , ir pra cama cedo, fazia parte de um
Tratamento que me levara a um espécie de isolamento da loucura,
nessas horas eu ignoro meus discos e passo longe deles, não quero nada com o
rock.
Tinha passado no super e comprado umas coisinhas pra
tomar um café esperto na báia ,passei na banca ,comprei
umas figurinhas pra minha filha se divertir,enfim ficar na
boa comigo mesmo e com a vida ,quem sabe ate ver a
novelinha ,confesso que meu estado lá era o de me transformar de novo em uma pessoa normal ....mas a calmaria era só aparência.
Foi só chegar em casa e o meu celular tocou, nunca toca e quando toca eh na
hora errada. Era o Nelson(o dilara)na linha , já meio torto as
sete da noite e me ordenando que eu fosse ao ensaio da bandinha
dos amigos dele (eh exatamente assim que ele se referia aos
seus amigos quarentões)
-“ô Nelson ,desencana disso meu, eu não to afim de começar tudo de novo,
não vou, não posso, tenho coisa pra fazer (dormir eh claro)
-“Como não vai? vai sim!vai agora!, responde o sujeito com autoridade.
“-sinto muito meu camarada mas não dá! e desliguei o
telefone.
Aquela ligação tava mesmo chata pra caralho!
E fui tomar o meu banho, tudo novamente na paz, sem nenhuma
ameaça de algo pior.,quando batem na porta.
Era o Markus com um garrafão de vinho na mão e querendo papo, puta que o
pariu,o que eu ia fazer? mandar o cara embora?.
Na hora me veio o pensamento de que piradaços do rock me perseguem que nem mosca na merda, se não bastasse o dilara, ainda tinha o Maurilio querendo que eu fizesse uns ensaios com uma banda de baile, imaginem eu
cantando numa banda de baile? nao dá!
Mas deixei o Markus entrar,ele já tinha me quebrado varios galhos tinha de ser cordeal com o cara ,embora algo me dissesse que aquilo não ia dar certo...
Foi pro espaço o meu café em família e a garrafa se abriu,copo vem copo vai e
começou o delírio, um cd atrás do outro a todo volume e eu
mostrando tudo que eu achava que era de bom , meus hits
prediletos, bandas desconhecidas ,curiosidades malucas e coisa e tal...
quando eu resolvo mostrar pra ele uma versão que eu havia feito de brincadeira encima de uma musica do OASIS,uma baladona do ultimo disco naquela época e o cara resolve pirar nisso.
Começou a delirar que tinha como fazer aquilo estourar no radio, que ia
largar na mão de fulano de tal e um bla,bla,bla do caralho.
Os problemas começaram quando ele começou a dizer que eu tinha
que mudar o refrão, que o refrão não tava perfeito e eu falei-
bicho, não delira por que ta pronto ,é uma brincadeira,não vou mudar nada, eh
assim que ela vai ficar!
Comecei a ficar meio puto da cara com aquilo.
Aí ele começou a dizer que era bom em fazer versões e
me sugeriu que procurássemos alguma musica, fui atrás e peguei
alguns sons que eu achava sensacional, e que não eram do
conhecimento do grande publico, só que nenhuma musica tava boa
pro cara era como se meu gosto musical fosse uma bosta.
O cara falava como se fosse empresariar a minha nova fictícia carreira
musical, que ele achou que estivesse renascendo ali naquele
exato instante.
De repente uma musica do álbum verde do WEEZER
chamou a atenção dele, sugeri uma frase pra inicio e ele
discordou dando outra sugestão que eu achei ridícula e assim
foi noite adentro, nem preciso dizer que a versão não deu em
nada, fiquei enjoado com a situação e com aquele vinho na
cabeça e com aquela pinta se achando o Nelson Motta,um Paulo Coelho,ou um gênio da lâmpada qualquer....a noite foi-se adentro,o Markus
foi-se embora e eu fui-me pra cama, travadaço ,sem o café familiar,sem as
figurinhas da minha filhinha,sem paz...quando o celular
despertou eu levantei com a cabeça explodindo , na sala uma
bagunça deprimente, milhões de cinzas de cigarro no cinzeiro,e
no chão, copos sujos, vomito no canto da sala e por todo banheiro, cds soltos pra tudo que eh lado,copo quebrado, na boca
um gosto imundo de podridão me fazia ter a certeza naquele
instante de que tudo o que eu mais queria era matar o
rocknroll com um belo dum tiro bem no meio da sua testa.

0 comentários:

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More